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Fake news do hodômetro: como escapar de carro com quilometragem adulterada

Estimativas apontam que 30% dos seminovos negociados têm a quilometragem adulterada. Descubra quando você deve desconfiar dos números que estão no painel

Por Fernando Miragaya
Atualizado em 29 jan 2020, 15h39 - Publicado em 29 jan 2020, 07h00
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  • Quilometragem_interna.jpg
    (Mauro Souza/Quatro Rodas)

    A desconfiança é comum no mercado de usados. E costuma recair naqueles seis dígitos no quadro de instrumentos. Então vem a dúvida: a quilometragem exibida no hodômetro é real ou fake news?

    Para ter certeza do crime (está previsto no Artigo 171 do Código Penal), precisaríamos de um equipamento que se conectasse à central eletrônica, como as concessionárias têm.

    Mas você pode ter uma ideia só com a inspeção visual. Afinal, com os hodômetros digitais ficou mais fácil burlar esses números – no analógico, era preciso desmontar a peça.

    Estima-se que três em cada dez usados à venda tenham quilometragem falsa. Veja, então, como fugir desses seminovos “pouco rodados”.

    Faça as contas

    O brasileiro roda em média 15.000 km por ano. Na nota fiscal, confira a data da compra do carro quando zero-km e faça a conta. Se estiver muito abaixo dessa média, investigue. 

    Mas lembre que motoristas de aplicativos rodam cerca de 10.000 km por mês.

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    “É uma média nacional e, claro, há casos em que se roda mais ou menos. Mas tudo que foge muito disso já é passível de desconfiança”, explica Bruno Daibert, dono da Peritos Automotivos, que faz avaliação e vistoria de compra e venda de carros em diferentes estados.

    Revisões

    É quase praxe os fabricantes indicarem as revisões obrigatórias a cada 10.000 km ou um ano. Então, confira o registro das manutenções que vêm com o Manual do Proprietário.

    Se ele já fez três revisões e o hodômetro aponta 15.000 km, há algo errado.

    Na concessionária

    Se o vendedor alegar que perdeu o registro das revisões, faça amizade com alguém da concessionária da mesma marca.

    Isso porque a rede autorizada é interligada e, pelo número do chassi, é possível checar o histórico de manutenção: data, qual loja, o que foi trocado etc.

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    “O concessionário acessa quantas revisões foram feitas, pois os dados são integrados. Pelo chassi, ele checa as revisões e faz uma média de quanto o modelo rodou”, diz o engenheiro Erwin Franieck, da SAE Brasil.

    Balanceamento 1
    (Silvio Goia/Quatro Rodas)

    Pneus

    É um termômetro do usado. Bateu o olho no pneu, é fácil avaliar o tempo de rodagem do automóvel. Pneus originais duram em média até 30.000 km. Importante descobrir quais eram os pneus que equipavam o modelo quando zero-km.

    “Olhe a data dos pneus e cheque se são os originais ou  se foram trocados. Se um carro registrar 20.000 km, mas já trocou pneu, é motivo de questionamento”, diz Daibert.

    Na cabine

    Dê aquela conferida em partes muito gastas no interior. Carros com 20.000 ou 30.000 km rodados não podem apresentar desgaste em certas peças.

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    Volante e alavanca descascados, bancos com tecido puído e soleiras e pedais surrados podem ser indícios de que o veículo é muito rodado.

    Olho no carona

    Pergunte sobre o cotidiano do dono do carro. Se for solteiro ou casado com um só filho e falar que roda sozinho, fique atento ao estado dos apoiadores de braço e assentos do carona e ao banco traseiro.

    Se estiverem desgastados como o do motorista, podem indicar carro utilizado para o trabalho ou que roda por aplicativo, que costuma ter um entra e sai constante.

    Sob o capô

    No motor, verifique as mangueiras e borrachas aparentes. Caso estejam esbranquiçadas, com fissuras e muito desgastadas, abra o olho: são sinais de que o automóvel já rodou bastante.

    Toyota Corolla 2.0 2
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    Mecânico amigo

    Se tiver um mecânico de confiança, peça para pôr o carro no elevador. O bom profissional vai lhe dar os alertas, mas até você pode fazer a inspeção visual.

    Bucha da suspensão, correia, pastilha de freios e parte do escapamento devem ter desgaste compatível com o que o carro rodou.

    “O escapamento como um todo não apresenta uma mudança muito grande. Mas as conexões da peça, com o tempo, acumulam muito mais detrito e sujeira. E ninguém consegue lavar bem essas partes do veículo”, sugere Franieck.

    Portas

    O simples abrir e fechar das portas indica desgaste acentuado. Veja se há folga de portas e maçanetas, e se é preciso força para fechar bem a porta.

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    “Na dobradiça, com a porta aberta, veja o ferro onde o dente da trava encaixa. A cada abertura e fechamento, a peça vai ficando marcada. Dá para ver se o metal está desgastado demais, o que pode indicar veículo muito usado”, observa Franieck.

    Itens elétricos

    Verifique você mesmo os principais comandos elétricos: travas das portas, vidros e retrovisores. São itens que começam a apresentar falhas de funcionamento após os 60.000 km.

    Test-drive

    Ao volante, veja se a direção e o câmbio apresentam folgas. Passe por trechos de paralelepípedos e lombadas para ver se a suspensão faz barulhos ou dá fim de curso. Verifique também se os pedais estão baixos demais. São sintomas de veículos com quilometragem alta e falta de manutenção.

    Histórico e vistoria

    Há vários sites que levantam a procedência do usado. Com a nota fiscal de compra do veículo, dá para saber o histórico do modelo. Inclusive se já sofreu sinistro ou pertenceu a locadora ou frota.

    Existem também empresas especializadas em vistoria cautelar. É um serviço feito por peritos treinados que custam de R$ 200 a R$ 500. Eles fazem uma pesquisa detalhada e emitem um laudo.

    Verificam não só o estado de conservação e se a quilometragem confere como informam procedência, histórico, registro de sinistros, se é carro de leilão e até se foi adulterado ou clonado.

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