Falar que o novo Gran Turismo 7 tem belos gráficos e uma ambientação incrível, principalmente se você estiver jogando em um Playstation 5, é chover no molhado. Basta ver algumas imagens e já percebemos que, pelo menos na parte estética, o game se mostra muito fiel à realidade.
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Vamos, então, focar nos detalhes que convencerão um verdadeiro fã de carros a, pelo menos, dar uma chance ao jogo: sua jogabilidade e resgate da história da cultura do carro.
O culto ao carro
Ao iniciar o jogo, a Polyphony Digital entrega tudo com um vídeo que retrata a evolução da indústria automotiva e seu papel na humanidade. Isso nos ajuda a entender sobre o que Gran Turismo 7 se trata: não é só um jogo de carro, é um jogo sobre carros.
A campanha principal está de volta, repetindo a mesma fórmula que deu certo no início da franquia e que tornou o primeiro Gran Turismo o jogo mais vendido do Playstation One. Porém, há uma adição interessante.
No Café, o jogador pode completar missões que baseiam-se, por exemplo, em disputar corridas para ganhar carros para sua coleção. Porém, a cada desafio concluído, uma parte da história da indústria automotiva e dos modelos adquiridos é contada. Para o criador da franquia, Kazunori Yamauchi, resgatar a cultura automobilística foi tão importante quanto a jogabilidade.
“Há 25 anos, quando apresentamos o primeiro Gran Turismo, a cultura dos carros era ainda muito popular, havia muita gente falando sobre carros. Mas os tempos mudaram e o cenário do mundo mudou, por isso projetamos o Gran Turismo 7 de maneira que, mesmo que você não esteja tão familiarizado com carros ou corridas, ainda assim conseguiremos transmitir o fascínio dos carros por meio do design”, disse o desenvolvedor em entrevista coletiva para o lançamento do game.
Cada uma das montadoras presentes também tem seu próprio museu. Por lá, vídeos e textos contam a história de cada uma desde sua fundação, passando pelos seus principais modelos e chegando aos dias atuais. Cada carro presente no jogo também tem a história de seu desenvolvimento contada em textos.
Mas, além de conhecer sobre a história dos carros, colecioná-los também é muito divertido. Logo nas primeiras missões é possível ganhar alguns clássicos europeus, como o Volkswagen Fusca. Ou seja, se na vida real nem sempre a situação financeira nos permite sustentar as vontades de uma “criança grande”, pelo menos no jogo nós podemos.
O jogo ainda trouxe de volta a customização. É possível mudar cor da carroceria, rodas, adicionar spoilers, adesivos, entre outros recursos estéticos. Mas isso é apenas a ponta do iceberg. O Gran Turismo 7 tem um grau altíssimo de possíveis alterações mecânicas. As mudanças não apenas aumentam pontos nos atributos do seu carro, como em um Need For Speed qualquer, mas surtem efeito de fato ao desempenho.
Quem não está familiarizado com a parte mecânica poderá ficar completamente perdido, em contrapartida, qualquer um que goste de modificar seus carros na vida real se sentirá realizado com as possibilidades e como as mudanças refletem nas corridas.
O site especializado em games IGN Brasil definiu a customização como “complexa a nível excludente”. Mas um verdadeiro entusiasta se sentirá em um playground.
Como é jogar o Gran Turismo 7
Simuladores e a realidade dificilmente serão idênticos algum dia. Mas a Polyphony beirou a perfeição para tentar reproduzir tudo que um motorista sente ao estar atrás do volante, desde a iluminação até a maneira com que o vento interfere na aerodinâmica do veículo.
Yamaguchi destaca os pneus como as características mais difíceis de se reproduzir. “Sobre a dinâmica deles (dos pneus), até mesmo as fabricantes de automóveis não sabem dizer com exatidão, os pneus possuem um elemento misterioso”, disse.
“Com a nossa parceria técnica, nós recebemos dados reais de diversos pneus do mercado e os inserimos no simulador para entender de fato as diferenças entre o que os números dizem e o que estamos experimentando na pista. Isso é algo que precisa ser avaliado por técnicos e, daí sim, poderemos aplicar em futuros desenvolvimentos”, completou o desenvolvedor do game.
Infelizmente, para sentir essas diferenças ficamos reféns da tecnologia. Quem joga no Playstation 4 sente falta de uma resposta física. Por mais que seja nítida a diferença de peso, frenagem e aceleração dos carros ou fazer uma curva em pista seca ou molhada, você não sente isso em suas mãos.
Já no PS5, graças ao joystick mais moderno, é possível sentir o gatilho de freio e acelerador mais firmes ou leves de acordo com o carro, ou ajuste feito na central de customização. Até mesmo a vibração do controle acompanha o que acontece no jogo. Se você passar pela zebra do lado direito, sentirá a vibração em sua mão direita, por exemplo.
E claro, jogar em um simulador torna tudo mais real e até um pouco mais fácil. Mesmo jogando há alguns dias, ainda me perco em algumas curvas jogando no controle, principalmente com carros mais antigos e pesados ou em pistas desconhecidas – são mais de 90 layouts disponíveis para jogar, entre eles o nosso Autódromo de Interlagos.
Porém, no cockpit próprio do simulador, foi só questão de me adaptar ao peso do volante e dos pedais que tudo fluiu bem mais fácil. Claro que, mesmo em um controle mais limitado como o do PS4, ainda é possível se divertir. Mas se você puder comprar um conjunto de pedais e volante para seu console, a experiência será muito mais completa.
E se o jogo consegue reproduzir bem as particularidades de cada carro, fique sabendo que são mais de 400 modelos para jogar. Entre clássicos como o já citado Fusca, até modelos bem recentes como o Tesla Model S, cabe ao jogador colecionar e modificar os seus favoritos.
Quanto à dificuldade, nada é extraordinário. Com o tempo o grau de dificuldade das corridas aumenta, mas nada que te faça desistir do jogo, principalmente se você preferir algo mais casual.
Para quem quiser ter a experiência, o Gran Turismo 7 estreou hoje (04 de março) e está disponível para Playstation 4 e Playstation 5. Os preços podem variar entre R$ 299 e R$ 449,50 em mídia digital.