Grandes Brasileiros: Chevrolet Amazona, a Suburban brasileira
Com porte avantajado e resistência para encarar maus caminhos, a perua GM trabalhava na cidade e no campo
![Chevrolet Amazona](https://preprod.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/11/qr-603-gb-amazonas-01.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Com 82 anos de história, a Chevrolet Suburban americana é o carro há mais tempo em produção no mundo. Embora pouco conhecida no Brasil, ela chegou a ter uma versão nacional, que seria a antecessora da Veraneio.
Lançada no fim de 1959, a Amazona (sem “s”, o feminino de cavaleiro) derivava da 3100, conhecida como Chevrolet Brasil, a picape que marcou a nacionalização dos produtos da General Motors, com diferenças em relação ao modelo americano.
Um dos diretores do Chevrolet Clube do Brasil de Carros Antigos, o colecionador Jerônimo Ardito afirma que a Brasil era derivada da terceira geração americana, que durou até 1954, mas com a cabine e os para-lamas parecidos com os da 3100 “Martha Rocha” de 1955.
É dessa receita nacional que deriva a Amazona, feita para as demandas do campo, como a Brasil, mas da cidade também. Pelo vocabulário da época, era uma camioneta ou camionete.
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Com três filas de bancos revestidos de plástico, levava oito pessoas ou, sem os bancos de trás, até 650 kg de carga. Só o lado do passageiro dava acesso aos assentos traseiros, por uma terceira porta. A tampa do porta-malas abria da linha da cintura para baixo, como na maioria das picapes.
Na primeira QUATRO RODAS, em agosto de 1960, a Amazona foi o primeiro anúncio da GM na revista, como veículo escolar.
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Na linha 1963, os faróis simples foram trocados por duplos e os elementos em V que pareciam formar duas asas sobre a grade deram lugar a uma barra que incluía os piscas nas pontas.
A mecânica era velha conhecida entre os Chevrolet, um motor de seis cilindros em linha com 142 cv com câmbio manual de três velocidades. A Amazona ainda foi o primeiro modelo da GM testado pela revista, em maio de 1963, e o primeiro derivado de picape avaliado por ela – antes de um teste com picape.
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Na reportagem foram registradas queixas como a trepidação do volante, grande oscilação em estradas de terra, freio de mão acionado mesmo com a alavanca abaixada, pintura dos para-lamas traseiros que não resistia tão bem às pedrinhas lançadas pelas rodas da frente, borracha da tampa traseira deslocada, qualidade das fechaduras, dureza da abertura das janelas e infiltrações de água e pó.
O espaço e o acabamento dos assentos, com ajustes de seis posições longitudinais, agradavam. A partida era feita por um botão junto ao acelerador. Mesmo sem assistência hidráulica, era fácil manobrar a perua.
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“Não obstante as proporções da Amazona, a direção é leve: tem-se a impressão de que se conduz um veículo de passeio”, elogiava a revista, que ainda considerava seu consumo muito razoável e a aceleração boa, “graças à excelência do motor e da transmissão”.
No estojo de ferramentas vinha até uma prática bomba para enchimento dos pneus. Opcional atraente era a tração positiva, sistema de diferencial autoblocante.
A perua das fotos abaixo foi comprada em Sorocaba (SP). Foi de um único dono. “Apesar de rusticidade, ela deu bastante trabalho na funilaria e pintura por causa do tamanho”, diz o dono atual. As bordas do teto estavam podres. Pelo menos, a mecânica é bem conhecida.
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Até 1963, foram produzidas 2.626 Amazona. Em 1964, a C-1416, mais tarde chamada de Veraneio, tirou o modelo de linha, mas manteve aqui por mais 30 anos uma linhagem que hoje prossegue com a recordista Suburban.
Ficha técnica – Chevrolet Amazona
- Motor: dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em linha, 4278 cm³, carburação simples, comando de válvulas no bloco, a gasolina
- Diâmetro x curso: 95,25 x 100 mm
- Taxa de compressão: 7,3:1
- Potência: 142 cv a 4.000 rpm
- Torque: 31,7 mkgf a 2.000 rpm
- Câmbio: manual de 3 marchas, tração traseira
- Dimensões: comprimento, 513 cm; largura, 210 cm; altura, 196 cm; entre-eixos, 305 cm
- Peso: 1.850 kg
- Suspensão: eixo rígido e molas semielípticas nas 4 rodas
- Freios: a tambor
- Pneus: Goodyear 7,10 x15
Teste QUATRO RODAS – maio de 1963
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 21,1 s (com 200 kg) e 24,2 s (com 650 kg)
- Velocidade máxima: 138 km/h
- Frenagem de 80 km/h a 0: 27,7 metros
- Consumo: 5,1 km/l (urbano) e 6,4 km/l (estrada)
- Preço (abril de 1963): Cr$ 2.979.000
- Preço (atualizado IGP-DI/FGV): R$ 177.8727