Guia de usados: Mercedes-Benz SLK/SLC não é problemático, nem barato
Ele ainda é um dos conversíveis mais atraentes do segmento, mas é preciso cautela para que o sonho não se transforme em pesadelo
Sportlich, Leicht und Kurz. Esse é o significado da sigla SLK, que em alemão significa “esportivo leve e curto”. Mas basta uma volta para perceber que não há nada de leve no conversível da Mercedes: o prestígio da estrela de três pontas tem peso considerável no segmento de luxo.
A terceira geração chegou ao Brasil em outubro de 2011 (como modelo 2012) nas versões 200 (quatro-cilindros turbo de 184 cv) e 350 (V6 de 306 cv).
Ambas foram substituídas no primeiro semestre de 2012 pela versão 250 (quatro-cilindros turbo de 204 cv), que vai de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos graças ao câmbio 7G-Tronic Plus de sete velocidades.
Grosso modo, a SLK 250 reúne a eficiência da 200 com o nível de equipamentos da 350: acabamento primoroso de couro e alumínio, bancos elétricos, seis airbags, ESP, ar-condicionado bizona, central multimídia, faróis de xenônio e rodas de liga leve.
Há ainda o Attention Assist (que detecta sinais de sonolência no motorista), o Neck-Pro (protetor de pescoço nas colisões traseiras) e a capota retrátil, sua principal atração.
A maior novidade do modelo 2013 foi a versão 55 AMG: seu motor V8 de 5,5 litros entrega nada menos que 421 cv, mais que o dobro do pacato 250. Vai de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos e destaca-se pelas rodas AMG de 18 polegadas e pelo ronco emanado pela saída dupla de escapamento.
Apresentado no final de 2015, o SLK 300 durou poucos meses: o motor quatro-cilindros turbo teve potência aumentada para 245 cv e com o câmbio automático sequencial 9G-Tronic de nove marchas acelerava de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos com máxima de 250 km/h.
No modelo 2017, o SLK foi rebatizado como SLC (Sport Leicht Coupé), lendária nomenclatura utilizada pela marca nos anos 70 e 80. O SLC 300 manteve a especificação do SLK 300 do ano anterior, mas o SLC 43 AMG trocou o V8 de 5,5 litros por um V6 de 3 litros com dois turbos e 367 cv.
Ambos receberam leves retoques nos faróis e no para-choque dianteiro, além de uma nova grade em formato de colmeia e lanternas com leds.
Os SLK/SLC não costumam ter problemas crônicos, mas é preciso cautela: não são carros de uso diário e por isso raramente percorrem mais de 5.000 km a cada ano.
Chave reserva, manual e livreto de revisões em dia colaboram para a valorização do veículo.
Resista à tentação de recuperar um SLK/SLC com muitos itens a serem reparados: suas peças são caras, quase nunca encontradas em pronta entrega e exigem mão de obra especializada: o scanner Star é restrito à rede autorizada e a poucos reparadores dedicados à Mercedes.
Onde o bicho pega
Faróis
Verifique se o painel indica erro no ILS (Sistema Inteligente de Iluminação). Desgaste acentuado nos componentes dos módulos bixenônio requerem a substituição completa dos faróis, que são blindados e não podem ser reparados. Cada unidade custa em torno de R$ 14.000,00.
Capota
Acione o sistema em um local plano no mínimo três vezes, observando se apresenta ruídos anormais. Certifique-se também de que não há infiltrações comuns nos modelos 2012 com capota de aço.
Cabeçote
O desgaste natural dos variadores de fase dos comandos provoca rajada intensa durante as partidas a frio e pode abreviar a vida de outros componentes como corrente e engrenagens. A revisão no cabeçote não sai por menos de R$ 9.000 em oficinas independentes.
Câmbio automático
A caixa 7G-Tronic Plus é suscetível a falhas na placa do módulo de controle, incorporado ao câmbio. Além da substituição da placa, também é preciso codificá-la para que o câmbio possa se comunicar com o motor e outros sistemas: custa em torno de R$ 20.000.
Sistema de Freios ABS
Os sensores de roda são notórios pela fragilidade e qualquer falha é rapidamente apontada
no painel. Sensores paralelos encontrados em importadores independentes costumam ser ainda mais frágeis.
A voz do dono
Nome: Lucas Biagi Neto
Idade: 32 anos
Profissão: empresário
Cidade: Mogi Mirim (SP)
O que eu adoro
“Um desenho que nunca envelhece, com toda a classe e sobriedade que outros Mercedes atuais perderam. O rendimento do motor turbo é notável, com boas médias de consumo considerando o peso de 1.430 kg.”
O que eu odeio
“Falta fôlego ao motor M217, especialmente em retomadas. O teto de aço apresenta falha de vedação que provoca ruído excessivo em rodovias e o valor da maioria das peças na rede autorizada é proibitivo.”
Preço médio dos usados* (tabela KBB Brasil)
Modelo/ano | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 |
SLK 200 1.8 Turbo | 108.173 | – | – | – | – | – | – |
SLK 250 1.8 Turbo | 118.438 | 130.762 | 143.934 | 157.610 | – | – | – |
SLK 350 3.5 v6 | 130.617 | – | – | – | – | – | – |
SLK 55 AMG 5.5 v8 | – | 205.497 | 238.532 | 387.209 | 377.302 | – | – |
SLK 300 2.0 Turbo | – | – | – | – | 191.211 | – | – |
SLC 300 2.0 Turbo | – | – | – | – | – | 200.421 | 222.492 |
SLC 43 AMG 3.0 v6 | – | – | – | – | – | 277.222 | 293.102 |
Preço das peças (em reais)
Peças | Original | Paralelo |
Para-choque dianteiro | 9.280 | 4.500 |
Farol (cada lado) | 13.694 | 6.700 |
Pastilhas de freio (jogo dianteiro) | 1.040 | 865 |
Disco de freio (par) | 2.490 | 1.500 |
Amortecedores (o jogo) | 16.510 | 10.220 |
Nós dissemos
Dezembro de 2012
“Discreto, com traços simples e limpos. (…) o Mercedes é o autêntico esportivo alemão atual, que acomoda o motorista perfeitamente alinhado. (…) traz alguns itens exclusivos (…). A direção é precisa e a suspensão, firme, apesar de confortável. (…) A posição de dirigir e a ergonomia são perfeitas.”
Pense também em um…
BMW Z4
Se destaca pelo estilo extravagante e pela eficiência do câmbio de oito marchas, que o torna imbatível nas provas de aceleração e consumo.
Também leva vantagem na espaçosa cabine, que coloca o motorista próximo do eixo traseiro. Traz seis airbags, ar bizona, xenônio e defletores de ar atrás dos encostos de cabeça.