Habilitação para scooters elétricas e de 50 cc pode ficar 60% mais barata
Com pouquíssimos condutores regularizados, Congresso articula método mais simples para que donos de scooters tenham habilitação adequada
Com a inflação sem controle, cada vez mais pessoas procuram alternativas simplificadas às motos e carros. Uma dessas são as scooters elétricas, que venderam, em 2022, cerca de 878% a mais do que no ano passado. As “motinhas” têm pouca potência e raramente passam de 50 km/h, mas exigem que o condutor tenha a Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC) para guiá-las.
Dado que não é barato obter a ACC, um projeto de simplificar sua emissão acaba de avançar no Congresso, e pode entrar em vigor logo. Caso o PL 1163/21 tenha sucesso, acredita o deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos-PE), autor do projeto, será possível que mais condutores pilotem regularizados, com maior exercício de direitos e deveres no trânsito.
Atualmente, o processo de emissão da AAC inclui exames médicos, 20h de aulas teóricas, prova de legislação, 5h de aulas práticas (incluindo mínimo de 1h noturna) e, por fim, a prova prática. Ainda que Coutinho quisesse manter apenas os exames médicos, a Comissão de Viação e Transportes chegou a um meio-termo.
Quem já possui carteira A não precisa de uma AAC, mas os motoristas terão vida bem mais fácil caso o Senado e a Presidência aprovem o texto, que tramita sem oposições até agora e deve ser aprovado na Câmara. Os portadores de carteira B ou superior poderão ir direto para a prova prática, que poderá ser realizada na própria scooter do candidato, desde que essa esteja devidamente emplacada e licenciada.
Segundo o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ), relator do projeto, abolir completamente o curso teórico e prático seria evidentemente perigoso e nocivo. Como pressupõe-se que portadores de CNH já têm conhecimento de trânsito, porém, é possível flexibilizar as regras para que mais pessoas legalizem seus meios de transporte.
“O que estamos propondo, portanto, é (…) nem igualar os ciclomotores a bicicletas nem às motocicletas. (…) [É] equalizar o processo, tornando-o adequado à realidade brasileira, sem descuidar da segurança”, disse Leal.
Quem for tirar sua primeira habilitação também terá caminho mais curto, e poderá abrir mão do curso teórico, indo direto à prova de legislação. Os candidatos de primeira viagem, entretanto, seguem obrigados a cumprir aulas práticas.
Preço mais baixo
Segundo dados do Senatran, o Brasil tem míseros 2.341 condutores com autorização para conduzir ciclomotores, o que, no entendimento dos parlamentares, pede medidas mais práticas. Uma delas é a permissão de que os veículos particulares seja usados na aula; a intenção é que autoescolas não precisem investir na compra desses veículos e, em teoria, oferecer preços mais baixos.
Tomando como base o valor cobrado pelo Detran de São Paulo e o preço médio das aulas teóricas e práticas consultados pela reportagem, o desconto com a simplificação pode chegar a 60% para quem já tem CNH. No caso de candidatos estreantes, as 5h práticas seguem obrigatórias, mas o uso de veículos próprios pode baratear esse adicional, que fica em torno de R$ 300.
COMO É:
Avaliação médica e psicológica | R$ 228,58 |
Aulas teóricas e práticas | R$ 471,2 |
Provas teóricas e práticas | R$ 87,92 |
Taxas | R$ 116,50 |
Total | R$ 904,20 |
COMO PODE FICAR:
Avaliação médica e psicológica | R$ 228,58 |
Taxas | R$ 116,50 |
Total | R$ 345,08 |
Limitações dos ciclomotores
Ainda que a exigência para pilotar uma scooter tenda a diminuir, esses veículos deverão permanecer no mesmo lugar de sempre: a faixa da direita. Em vias de pista simples, o veículo deve se colocar o mais à direita possível, incluindo o acostamento.
É proibido circular em rodovias com essas motinhas, que, por lei, não podem exceder os 50 km/h. Caso o equipamento seja ainda mais lento, é preciso se certificar, ao longo do trajeto, a velocidade do equipamento nunca seja menor do metade da velocidade máxima da via.
Além do capacete, é obrigatório farol aceso, emplacamento e licenciamento. Os ciclomotores incluem todos os veículos de duas ou três que possuem aceleração gradual e mais de 0,5 cv, aproximadamente. O motor não pode exceder 50 cilindradas — no caso de motos elétricas, o único limitante é a máxima de 50 km/h.
Se alguém sem ACC ou CNH do tipo A for flagrado em trânsito recebe multa de R$ 880,41 e ainda pode responder criminalmente.