Honda e Nissan iniciam conversas para uma possível fusão
Juntas, Honda e Nissan podem formar o terceiro maior conglomerado automotivo do mundo, atrás de VW e Toyota; Mitsubishi poderá integrar a fusão

Parceiras no desenvolvimento de carros elétricos, Honda e Nissan estão discutindo maneiras de aprofundar suas relações e até mesmo uma fusão entre as duas fabricantes é cogitada, relata o jornal japonês Nikkei, citando interlocutores que não podem se pronunciar publicamente. Essa fusão ainda poderia atrair a Mitsubishi, por conta da participação acionária que a Nissan tem na empresa.
Posteriormente, as três fabricantes divulgaram comunicados separados dizendo que os relatos “não são baseados em um anúncio” oficial das companhias. Todas confirmaram que, desde março, “várias possibilidades sobre colaboração futura” são cogitadas, mas que nenhuma decisão foi tomada.
A Honda é a segunda maior fabricante de automóveis do Japão e a Nissan é a terceira. A Honda teve quase 4 milhões de carros vendidos em 2023, a Nissan alcançou 3,37 milhões e a Mitsubishi 1 milhão de carros. Juntas elas poderiam formar o terceiro maior grupo automotivo do mundo, atrás apenas da Toyota (11,2 milhões de carros) e da Volkswagen (9,2 milhões).

Isso é encorajador nesse momento inicial das conversas, pois a união das forças garantiria recursos e a escala necessários para lidar com a pressão pela produção de mais carros híbridos e elétricos em meio ao rápido crescimento dos fabricantes chineses.
Na verdade, foi esse desafio que uniu Nissan e Honda no início deste ano. Após encerrar um acordo para a produção de carros elétricos com a General Motors após apenas dois anos, a Honda procurou a Nissan e agora estão alinhadas no desenvolvimento de uma nova plataforma para veículos elétricos e seus sistemas, como baterias, sistemas de condução autônoma, conectividade e IA.
A Nissan foi a primeira grande fabricante a apostar em um carro elétrico de produção em massa com o Nissan Leaf, mas deixou o modelo ficar obsoleto e o SUV elétrico Aryia é muito caro. Ao mesmo tempo, também fez um investimento limitado em carros híbridos.

A Honda não teve sucesso com o compacto elétrico Honda E e lançou os Prologue e Acura ZDX com a plataforma Ultium da GM, além de modelos elétricos desenvolvidos e fabricados na China, mas ao menos conseguiu criar uma gama de carros híbridos com a mecânica e-HEV. Para as duas empresas, avançar sozinhas onde precisam e de maneira competitiva seria muito custoso.
A Nissan ainda tem como agravante uma queda nas vendas em seus principais mercados — América do Norte, China e Japão. Entre abril e setembro, seu lucro operacional caiu 90%, para US$ 214 milhões. Isso, justamente no momento em que a Nissan está começando a dar os primeiros passos para se separar da Renault, com quem mantém uma aliança.
Existe a expectativa de que Honda e Nissan assinem mais um memorando de entendimento na próxima semana, desta vez para iniciar as discussões sobre uma possível fusão de maneira oficial.