Lançado em 1990, o Lamborghini Diablo é um dos projetos mais lendários da história da montadora italiana, tendo sua fama não apenas pelos atributos mas até por sua participação nos primeiros grandes videogames de corrida. Ainda que não seja fabricado há o 22 anos, o Diablo ganhou uma nova versão, em um restomod projetado pela Eccentrica Cars.
A preparadora de San Marino foi fundada por Emanuel Colombini, dono da empresa de móveis Colombini e grande fã da Lamborghini. Ele criou a Eccentrica com objetivo de se tornar líder no mercado de restomod, uma indústria que tem ficado cada vez mais conhecida no mundo automotivo.
Mas, o que é restomod? É basicamente um projeto de modificação com uma carroceria antiga, porém, com toda a tecnologia e mecânica atuais. Entre outros casos de repercussão recente, há, por exemplo, o Porsche 911 ST elétrico, feito pela empresa britânica Everrati.
Colombini, por ser grande fã da Lamborghini pensou em dar ao Diablo uma estética moderna e, ao mesmo tempo, melhorar o desempenho do carro, mas sem perder as qualidades originais da marca.
“Quando criança, lembro de ver o Diablo vermelho no primeiro lançamento da revista Quattroruote – foi amor à primeira vista”, explicou. “Mais tarde, depois de ter tido a oportunidade de conduzir a versão GTR, decidi homenageá-la.”
O trabalho necessário no projeto é imenso. Desde a desmontagem do Diablo até seu chassi tubular de aço, foram feitos diversos reforços por todo o carro para melhorar sua resistência e rigidez. Ainda foi construído um apêndica na carroceria, tornando mais larga e imponente, para melhorar tanto a aparência como a sua aderência, ao passo que também é amenizado o efeito de rolagem.
Apesar dos materiais modernos utilizados no projeto, os bons e velhos métodos tradicionais de construção de carroceria não foram deixados de lado. Processos como o de martelar o carro e moldar artesanalmente o alumínio fizeram parte da labuta, trazendo esse ar de nostalgia mesmo além de onde os olhos enxergam.
Nos faróis escamoteáveis foram introduzidos leds mais modernos que são acionados por meio de um sistema mecânico. A maior parte da traseira do carro foi renovada, mas o destaque fica para os escapamentos centrais desenvolvidos pela Capristo.
As melhorias na mecânica e potência são louváveis. O motor permanece o mesmo V12 5.7 de sempre, porém, ele foi equipado com novas válvulas e comadnos, que fizeram o monstro de 485 cv originais passar a ter 550 cv de potência. O torque também aumentou, e agora chega aos 60 kgfm. A transmissão é manual de seis marchas.
Outras modificações incluem as rodas de 19 polegadas e freios mais potentes e modernos com pinças de seis pistões da Brembo. O desenvolvimento da mecânica ainda está em andamento, mas a Eccentrica estima que o “novo” Diablo deve ir de 0 a 100 km/h em cerca de 3,5 s, com velocidade máxima de 208 km/h.
O trabalho interno é tão detalhista quanto o exterior. A Eccentrica buscou combinar a cabine original com materiais modernos e de alta qualidade, além de inserir displays e computadores que fazem o interior do carro se assemelhar a um caça a jato. O painel de instrumentos analógico se foi, dando lugar a um digital com gráficos pixelados. Dentre os materiais usados, estão a fibra de carbono, couro e Alcantara.
Atrás dos assentos, há uma área de armazenamento capaz de acomodar malas que também serão feitas pela Eccentrica, além de ganchos de metal traseira feitos para pendurar pertences de quem estiver a bordo.
A Eccentrica confirmou que não haverá apenas uma única unidade do seu projeto; mas o primeiro exemplar é um protótipo de uma pequena produção que não totalizará mais de 19 unidades. O valor de uma dessas peças raras deve custar algo em torno de R$ 6,4 milhões de reais, e o processo para conversão gira em torno de 16 a 18 meses.
O Eccentrica Diablo fará estreia formal na próxima semana, no Festival de Goodwood, no Reino Unido, e depois seguirá uma turnê pelo Estados Unidos com uma aparição em agosto no Monterey Car Week.