O utilitário esportivo Urus não deve ser a única grande novidade da Lamborghini nos próximos anos. Segundo informações da revista Autocar, a marca pensa em lançar um sedã de quatro portas em 2021.
Apesar de ser um modelo inédito no portfólio da empresa italiana, a ideia não é tão nova assim. Basta voltarmos a 2008, quando a Lamborghini levou o Estoque ao Salão de Paris daquele ano.
Na época, o projeto foi deixado de lado por três motivos: a crise econômica mundial, o potencial de crescimento do segmento de SUVs (o que de fato aconteceu) e a possibilidade de cortar custos aproveitando a plataforma MLB desenvolvida pelo Grupo Volkswagen – atual dono da marca de Sant’Agata Bolognese.
Quase uma década depois, porém, uma ala de executivos da Lamborghini vê um sedã como o produto ideal para preencher a lacuna que existirá entre o Urus e os superesportivos Huracán e Aventador.
Embora não tenha confirmado o lançamento de um quarto modelo, o diretor comercial da Lamborghini, Federico Foschini, admitiu a necessidade de desenvolver um novo projeto.
“Precisamos ser humildes. O Urus ainda está apenas na fase de pré-produção e temos de fazer algo mais para atingir a meta de dobrar nossas vendas dentro de alguns anos. Se nós conseguirmos dar um importante primeiro passo com o Urus, então teremos boas possibilidades para o futuro”, declarou.
A Lamborghini aposta alto no sucesso do seu primeiro SUV. Além de duplicar o volume atual de emplacamentos, a empresa espera atrair dois tipos de clientes de uma só vez: aqueles que nunca haviam comprado um Lamborghini antes e os com perfil mais familiar.
Sim, você já viu este filme antes: foi com o Cayenne que a Porsche fisgou novos consumidores e se livrou da dependência do 911, abrindo caminho para os bem sucedidos Panamera e Macan.
O possível temor de que o Estoque poderia roubar vendas do Urus (fenômeno conhecido no mercado como “canibalização”) foi praticamente descartado após uma pesquisa indicar que os atuais clientes da Lamborghini possuem mais de um carro em casa. Quem compra um Huracán normalmente dirige outros três carros e os donos de Aventador possuem pelo menos sete veículos em suas garagens.
Sendo assim, um modelo com perfil mais familiar seria ideal para atender clientes com famílias mais numerosas. Até na parte de custos seria viável produzir um sedã, já que a Lamborghini poderia aproveitar a plataforma MSB, desenvolvida pelo Grupo VW para modelos como o novo Porsche Panamera e o futuro Bentley Continental GT.
Se faltar inspiração, a Lamborghini poderá olhar para o passado. Referências não faltam: uma delas é o Espada, um modelo de duas portas e quatro lugares lançado nos anos 60 – bastante parecido com uma shooting brake.
Este modelo, inclusive, deu origem ao Frua Faena, um veículo único desenvolvido pelo designer Pietro Frua sem o consentimento da marca. Na mesma época, a própria Lambo lançou outros dois cupês esportivos com carrocerias mais familiares: o Islero e o Jarama.
Reunião de família
Entretanto, antes de tomar qualquer decisão, a Lamborghini precisará reorganizar sua casa. Isso porque o lançamento de um novo modelo poderia criar uma sobreposição de estratégias de mercado com a Audi – outra marca controlada pela Volkswagen.
A relação entre Audi e Lambo se tornou mais delicada após o lançamento do superesportivo Audi R8, hoje um concorrente natural do Huracán. Como a marca das argolas invade a seara da Lamborghini, os italianos queriam deixar um pouco de lado o estigma de marca superexclusiva para aumentar seu lucro vendendo produtos com maior apelo comercial – algo que nunca foi visto com bons olhos pela VW.
Se os alemães souberem controlar os egos de ambos os lados, são grandes as chances de vermos um novo Lamborghini desfilando por aí a partir de 2021.