Com os carros autônomos evoluindo rapidamente, São Francisco se tornou o paraíso dos veículos sem motorista. A cidade californiana conta com mais de 400 automóveis que dirigem por conta própria em suas ruas, e as falhas de software vêm causando a ira de moradores, irritados com engarrafamentos causados por bugs constantes.
Os locais, então, desenvolveram um método simples de protesto, que explora pontos fracos da inteligência artificial: cones. O grupo Safe Street Rebel advoga contra o risco que os veículos autônomos (AVs) causam, e começaram a colar cones de trânsito nos para-brisas desses carros, que rodam a baixas velocidades e oferecem corridas por aplicativo.
Quando as câmeras do sistema de condução detectam o cone tão próximo, ativa-se um modo de segurança, que força a carro a parar e só rodar novamente quando um técnico o libera pessoalmente. O ato vem sendo motivado pela votação de uma nova lei, que pode ampliar as áreas urbanas nas quais esses carros podem circular.
“Queremos que esses AVs não rodem na cidade, ou ao menos circulem em áreas muito limitadas. É como se o estado decidisse que essas coisas serão soltas em São Francisco sem o consenso da cidade ou de seus habitantes”, explicou um dos manifestantes.
Ligada ao Google, a Waymo é uma das empresas que conduzem os testes na cidade californiana, e chamou os protestos de “vandalismo”. Segundo um porta-voz, a ação “encoraja comportamentos perigosos e desrespeitosos nas vias norte-americanas”. A Cruise, da General Motors, também se pronunciou, ressaltando que forçar os AVs a entrarem no modo de segurança causa engarrafamentos que prejudicam terceiros.
A group of San Franciscans realized that they can disable Waymo and Cruise robotaxis by placing a traffic cone on the vehicle’s hood.
They’re now encouraging others to do it: “Hell no, we do not consent to this.” pic.twitter.com/ZrYhy4OATy
— David Zipper (@DavidZipper) July 6, 2023
Os manifestantes, por outro lado, afirmam que há um código de ética informal: é proibido colocar cones em carros com passageiros em viagem ou em locais próximos a paradas de ônibus ou vias movimentadas. Além disso, o Safe Street Rebel compara os AVs aos aplicativos de transporte particular como a Uber, que surgiram com premissas positivas mas acabaram se desvirtuando ao ganharem escala.
“Precisamos investir bastante em transporte público. Tudo menos carros”, declarou o manifestante anônimo.