O vitorioso passado da McLaren nas pistas passa por Ayrton Senna. Foi defendendo a equipe que o brasileiro conquistou seus três títulos mundiais, em 1988, 1990 e 1991.
Além dos bons resultados, a personalidade forte de Ayrton cativou os ingleses, que o apontam como um dos maiores pilotos que já defenderam as cores da equipe.
Por tudo isso, não haveria nome melhor para batizar o projeto mais ousado da McLaren Automotive desde o F1.
O McLaren Senna terá apenas 300 unidades produzidas – e nem adianta correr atrás de uma, pois todos os exemplares já estão vendidos. Cada proprietário desembolsou 750.000 libras esterlinas, o equivalente a cerca de R$ 3,3 milhões.
E se depender da Eurobike, grupo de concessionárias que abrirá sua primeira revenda McLaren no país em janeiro de 2018, há grandes chances de vermos o hiperesportivo no país.
Isso porque o presidente da empresa, Henry Visconde, afirmou com exclusividade à QUATRO RODAS que já reservou um exemplar do bólido – até então conhecido apenas pelo codinome P15.
Carro de rua para as pistas ou carro de pista para as ruas?
Apesar de homologado para circular normalmente em vias públicas, o Senna foi desenvolvido para rodar em pistas. Ou seja, até dá para usá-lo no dia-a-dia.
Algumas tecnologias vieram do mundo do automobilismo, no qual a McLaren acumula uma vasta experiência em diversas categorias de turismo e, claro, na Fórmula 1.
Construído sobre a plataforma do 720 S, o Senna tem um monocoque mais reforçado já feito para um veículo de rua da McLaren. Todas as partes da carroceria são feitas de fibra de carbono, contribuindo para fazer dele o automóvel mais leve da McLaren desde o mítico F1: são apenas 1.198 kg, menos do que um Ford EcoSport.
Praticamente todas as partes do interior têm fibra de carbono exposta, com exceção do revestimento do teto e dos bancos do tipo concha, que podem ser recobertos por couro ou Alcantara.
A estrutura das portas e até os amortecedores pneumáticos ficam à mostra para poupar alguns gramas com acabamento.
Há espaço apenas para duas pessoas, sendo que atrás dos bancos fica um compartimento para acomodar um par de macacões e dois capacetes – ou pequenos objetos, se você precisar ir até o supermercado mais próximo.
800 cv… e sem motor elétrico!
O Senna vai na contramão da tendência híbrida dos hiperesportivos, que atingiu até a própria McLaren. Derivado do conjunto do 720S, o motor V8 4.0 biturbo entrega 800 cv e 81,6 mkgf de torque máximo, sem a assistência de qualquer motor elétrico.
O McLaren Senna tem virabrequim pleno, diversos componentes mais leves, turbinas retrabalhadas e cárter seco. Até os coxins foram projetados para direcionar o som do motor para dentro do veículo.
A suspensão do tipo duplo A veio do 720S, assim como o sistema de controle de chassi RaceActive. Até os amortecedores receberam atenção especial, sendo interconectados por dutos hidráulicos que substituem as barras estabilizadoras originais.
Na prática, isso resulta em ajustes contínuos de resistência à rolagem e carga, melhorando a estabilidade nas condições mais severas de uso.
A transmissão de dupla embreagem com sete marchas oferece a opção de trocas sequenciais. O seletor de modos de condução oferece três ajustes (Comfort, Sport e Track), mas a McLaren ainda não divulgou números de desempenho. Existe ainda um quarto modo chamado Race, no qual a suspensão é rebaixada e enrijecida.
Aerodinâmica em primeiro lugar
Apesar das formas meio desproporcionais, quem entende (e gosta) de carrões saberá apreciar a beleza do McLaren Senna. Tudo foi desenhado em nome de uma melhor aerodinâmica: as tomadas de ar são 100% funcionais, inclusive aquelas presentes abaixo dos faróis e das lanternas – que, na verdade, parecem mais dois filetes de leds.
É claro que há espaço para a criatividade dos designers, como nas portas inspiradas no F1 com vidro na parte inferior – que pode ser trocado por fibra de carbono.
Mesmo assim, trata-se de um projeto nascido em nome da função. Vários elementos aerodinâmicos são ativos, incluindo a gigantesca asa traseira dupla controlada por um sistema hidráulico.
Sua atuação lembra a asa de um carro de Fórmula 1, já que ela se reposiciona constantemente para aumentar o nível de pressão aerodinâmica, além de atuar como freio aerodinâmico em velocidades altas.
O scoop no teto do veículo ajuda a direcionar ar frio para o coletor de admissão, ao mesmo tempo em que amplifica o som do ar sendo sugado.
As saídas no suporte da asa, por sua vez, direcionam o ar para as laterais do veículo, resultando em uma zona de baixa pressão que “suga” o ar quente do motor e impede que este ar prejudique o funcionamento da asa.
O sistema de freios com discos de carbono cerâmica é o mais avançado já utilizado em um carro de rua da McLaren. Os pneus P Zero Trofeo R foram desenvolvidos exclusivamente pela Pirelli, envolvendo as rodas de alumínio ultraleves com uma porca central – como em um carro de competição.
A estreia oficial do McLaren Senna está agendada para o 88º Salão de Genebra, que acontecerá na Suíça em março.