Pelas contas do paulista Marcelo Torns, 43 anos, já são 29 anos dedicados ao automodelismo. Começou como uma brincadeira aos 14 anos, quando gastou seu salário na compra do primeiro carrinho de controle remoto. “Na época, era algo muito caro e meus pais não tinham condições de bancar. Por isso, decidi trabalhar para comprar os meus”, conta Torns.
Foi nesse período que começou a competir em campeonatos paulistas e pegou gosto pelo hobby.
Nesse meio tempo também se dedicava a outra paixão: os Opalas, mas em tamanho real. Aos 16, comprou um cupê 1974 amarelo de seis cilindros. “Como eu não tinha carteira de motorista, escondia o carro do meu pai, estacionando longe de casa. Consegui guardar o segredo por uns três meses”, admite Torns.
Sua dedicação era tanta que ele contou 84 Opalas desde então – equivalente a três novas compras por ano. “Minha vontade era mesmo montar uma coleção. Como não podia, o jeito era ficar um tempo com cada um”, conta Torns, que chegou a possuir dez Opalas ao mesmo tempo.
Já que não podia ter todos os carros que queria, ele aumentava sua variedade de miniaturas motorizadas. “Eu adorava esses carrinhos, mas sentia falta de ter modelos nacionais na coleção.” Até que, em 2009, a empresa paulistana Bolha Point lançou as primeiras réplicas de nacionais, como Fusca, Chevette e Opala. As bolhas, como são chamadas essas carrocerias, são feitas de policarbonato.
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“Comprei uma de Opala 1975 e personalizei para virar um SS verde com faixas pretas.” A primeira vez que levou esse modelo radiocontrolado a um encontro, recebeu dezenas de propostas para vender. Acabou negociando pelo dobro do que pagou.
Foi ali que percebeu que o hobby poderia se tornar em um negócio. Largou a profissão como gestor de TI e, há seis anos, dedica-se ao comércio de miniaturas. Atualmente, Torns tornou-se mais do que um comerciante, virou um entusiasta: organiza encontros, opina sobre lançamentos e aconselha os iniciantes.
Mais da metade dos clientes encomendam o carrinho para ficar idêntico ao modelo que eles têm na garagem. “O caso mais emocionante é o do filho que pediu a miniatura da VW Brasília do pai, que já não tinha mais o veículo. Depois, meu cliente presenteou o pai com a réplica.”
Há ainda o freguês que esconde os próprios carrinhos na casa de Marcelo, só para a esposa não descobrir.