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Montadoras estão coletando e vendendo dados de direção para seguradoras

Chevrolet, Cadillac e Honda são algumas das empresas investigadas pelo New York Times por estarem vendendo dados de direção nos Estados Unidos

Por Lucas Parente
13 mar 2024, 21h07
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  • Os veículos modernos são uma bomba de dados pessoais dos motoristas, isso por conta, principalmente, das conectividades que hoje estão disponíveis neles. Por meio do celular e de diversos aplicativos, há várias formas desses dados “vazarem”.

    No entanto, ao que indica investigações nos Estados Unidos, as montadoras estão se aproveitando das ferramentas de segurança de direção para vender os dados dos condutores para seguradoras.

    Um caso já confirmado em que a própria empresa confessou, a GM estava “espionando” seus clientes por meio de aplicativos como o OnStar Smart Driver, enviando os dados de direção para corretora de dados que determinava as taxas das seguradoras.

    Uma fonte anônima, que já trabalhou na montadora, confessou ao The New York Times que a receita anual do programa já está na casa dos milhões de dólares.

    onstar
    (Divulgação/GM)

    Após repercussão, a GM admitiu ao NY Times que compartilha “insights selecionados” sobre frenagem, aceleração e velocidade acima de 130 km/h. Além disso, também são compartilhados dados de tempo de condução.

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    Porém, a empresa afirma que todos seus clientes concordam em compartilhar essas informações quando assinam o contrato de usuário. Mas, obviamente, estas cláusulas devem estar em letras pequenas e perdidas dentre tantos parágrafos existentes no contrato.

    E, para piorar, a GM não está sozinha. Outras montadoras possuem aplicativos inteligentes que compartilham feedback do motorista com as seguradoras. Empresas como Kia, Mitsubishi, Hyundai, Honda e Acura, também estão envolvidas nisso. Elas afirmam que as informações só são compartilhadas se o motorista consentir, mas no caso da Honda, as informações sobre a finalidade dos dados estão ocultas em um documento de “termos e condições” com mais de 2.000 palavras.

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    Seguradora nega cobertura de Cadillac na Flórida

    Um caso que ganhou repercussão foi de um proprietário de um Cadillac na Flórida que contou ao NY Times que sete empresas negaram o seguro sobre seu carro. Ele passou a achar a situação um pouco estranha e decidiu ir atrás, assim, descobriu que diversas informações sobre como ele dirigia o seu veículo foram compartilhadas.

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    Nos dados coletados pelas seguradoras, haviam diversos registros de freadas e acelerações bruscas, além de excessos de velocidade no histórico do motorista.

    MyCadillac
    (Divulgação/Cadillac)

    “Não sei a definição de freada brusca. A cabeça do meu passageiro nunca bateu no painel”, disse o proprietário. “O mesmo com aceleração. Eu não estou pisando, não tenho certeza de como o carro define isso. Não sinto que estou dirigindo de forma agressiva ou perigosa.”

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    Mas, para piorar, o motorista afirmou que não sabia da existência do OnSmart Driver em seu veículo e nunca o tinha visto no seu aplicativo MyCadillac. Além disso, ele afirmou q eu não conseguiu encontrar nenhuma evidência de escrita sobre esse aplicativo na concessionária.

    Metodo já foi utilizado por seguradoras, mas de forma consentida

    Aplicativos como o OnSmart Driver já foram testados e utilizados por diversas startups de seguradoras nos últimos anos com intuito de modernizar o segmento.

    Jaguar XFR-S

    A Thinkseg, seguradora brasileira, utilizou este método para com seus clientes por um bom tempo. E, claro, de forma consentida.

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    Mas como funciona? Basicamente, o aplicativo da empresa é baixado no celular do motorista e, através dos sensores do próprio celular, eles conseguem monitorar o comportamento ao volante. Com isso, o app consegue verificar se o usuário acelera forte, se as frenagens são bruscas, se faz curvas fechadas, etc.

    Thinkseg

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    No entanto, André Gregori, CEO da Thinkseg, contou a QUATRO RODAS que decidiu abandonar esta forma de cobrança em 2018 por conta de desavenças com seus clientes. Ele afirma que os clientes não aceitavam a avaliação de direção do app e exigiam descontos na hora do pagamento do seguro. Os clientes se sentiam lesados – ou com ego ferido por saberem que não estavam dirigindo bem – e faziam com que André sempre desse ouvidos a eles, oferecendo descontos.

    Com isso, André mudou os planos de seu negócio e passou a cobrar de seus clientes através da quantidade e não mais qualidade. O que isso significa? Hoje, seu app não avalia mais como o motorista está dirigindo, mas sim o quanto ele está dirigindo.

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