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Novo Rolls-Royce custa R$ 183 milhões e usa madeira da Mata Atlântica

Feito ao longo de quatro anos, Rolls-Royce Arcadia Droptail traz tecnologias exclusivas e meses de observação do dono em seu design

Por Eduardo Passos
1 mar 2024, 16h00
Rolls-Royce Droptail terá quatro unidades produzidas. Essa é a terceira, batizada de Arcadia
Rolls-Royce Droptail terá quatro unidades produzidas. Essa é a terceira, batizada de Arcadia (Divulgação/Rolls-Royce)
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Mesmo o Rolls-Royce mais ‘simples’ custa além de R$ 2 milhões e, tranquilamente, será a celebridade em qualquer rua por onde passe. Mas a montadora inglesa guarda seu melhor para pouquíssimas pessoas, e o Rolls-Royce Droptail, o automóvel mais caro da história, acaba de ser apresentado e entregue para o terceiro comprador. Só falta mais uma unidade antes da produção ser encerrada.

Rolls-Royce Droptail Arcadia (3)
Design é inspirado em barcos e iates (Divulgação/Rolls-Royce)

Ainda que o valor não seja divulgado oficialmente, diferentes fontes cravam algo em torno de US$ 37 milhões, ou R$ 183 milhões de reais. É um montante tão escandaloso que, com esse dinheiro, seria possível comprar dezenas de Phantom, o Rolls-Royce de ‘entrada’.

Por que custa tanto?

Ainda que seja produzido em série, o Droptail serve como uma “tela em branco”, sobre a qual os artistas da montadora farão modificações extremamente exclusivas e refinadas. Quando decide comprar o veículo, seu dono explica sua trajetória de vida, hobbies, apreços e vontades aos ingleses, a fim de que tudo isso seja expressado no resultado final.

Hábitos do comprador foram analisados por meses, a fim de definir o estilo do carro
Hábitos do comprador foram analisados por meses, a fim de definir o estilo do carro (Divulgação/Rolls-Royce)

Os primeiros rascunhos foram entregues em 2019, e o ‘patrão’ exigiu que fossem seguidos à risca. O empresário buscava um carro que pudesse levar para diferentes lugares do mundo e listou referências arquitetônicas que vão de jardins suspensos da Ásia à biomimética, que aplica formas e soluções da natureza às edificações.

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Mais do que isso, a Rolls-Royce enviou artistas para destrinchar a vida do magnata: foram meses de questionários, análise das roupas que ele veste e até das comidas que ele mais gosta. A filha também começou a opinar e, ao fim, toda a família foi envolvida no projeto, batizado de Arcadia Droptail. Uma referência ao mito grego do Paraíso na Terra; um lugar de absoluta paz, felicidade e harmonia entre homens e a natureza.

Atrás dos bancos vai a maior peça de madeira já usada num Rolls-Royce
Atrás dos bancos vai a maior peça de madeira já usada num Rolls-Royce (Divulgação/Rolls-Royce)

Interior

Desejo aqui é ordem, e a Rolls-Royce precisou se virar para fazer acabamento de luxo extremo num carro não apenas conversível, mas que será dirigido nos mais diversos climas globais, uma vez que o proprietário deseja levá-lo em barcos ou aviões durante suas viagens de férias. É por esse detalhe, principalmente, que o volante vai na esquerda.

Não obstante, foi necessário chegar a uma estética que combinasse com as diversas mansões e escritórios do dono, que usou um aplicativo exclusivo para, de qualquer lugar do mundo, acompanhar e opinar na produção do Arcadia. Inclusive com realidade aumentada.

Criou-se verniz exclusivo para proteger o pau-ferro em qualquer lugar do mundo
Criou-se verniz exclusivo para proteger o pau-ferro em qualquer lugar do mundo (Divulgação/Divulgação)
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Nisso, veio o pau-ferro, a madeira nativa da Mata Atlântica que foi escolhida para revestir a cabine. Ao todo, 233 pedaços foram assentados no veículo, num processo delicado em que qualquer erro na secagem poderia causar rachaduras. 

O cuidado foi tamanho que, mesmo vindo de árvores diferentes, as placas tiveram suas listras (os chamados grãos) alinhados com perfeição, utilizando técnicas de desenho auxiliado por computador. A superfície curvada que circula os bancos é a maior peça de madeira já usada num Rolls-Royce.

A fim de proteger o pau-ferro de qualquer clima, os projetistas pensaram num verniz de iates caríssimos, mas nem ele era bom o suficiente, já que precisava ser reaplicado com certa frequência. A saída foi desenvolver um revestimento novo, que jamais precisará de manutenção

E como a Rolls-Royce tem certeza? Porque ela também criou um teste sob medida, com 18 amostras sendo submetidas a 1.000 horas de prova que incluiu molhá-las, aquecê-las, aplicar luz forte e secá-las no escuro.

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Marrom dos bancos nunca poderá ser usado no carro de outra pessoa (Divulgação/Rolls-Royce)
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Técnicas de manipulação de fibra de carbono, vindas da Fórmula 1, serviram para criar a base de assentamento do pau-ferro, garantindo que a torção da carroceria ou qualquer outra força aplicada não danifique a decoração e garanta performance impecável. 

O couro dos bancos traz um tom inédito de marrom, que, obviamente, combina com o resto da cabine. Esse couro foi batizado com o nome do cliente, e jamais poderá ser usado no carro de outra pessoa.

Rolls-Royce Droptail Arcadia (5)
Foram cinco meses apenas para montar o relógio no painel (Divulgação/Rolls-Royce)

Já o relógio no painel levou dois anos para ser projetado e cinco meses apenas para ser montado. Isso porque o padrão geométrico foi colocado à mão, com 119 peças ao todo, fazendo referência à idade da Rolls-Royce quando o pedido foi fechado.

Os 12 marcadores de hora também tiveram montagem manual, com os artesãos fazendo polimentos e escovações tão delicadas que precisaram usar uma lente com zoom de 100x. O mesmo serviu para o revestimento cerâmico aplicado aos diversos indicadores da peça.

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Rolls-Royce Droptail Arcadia (2)
Até as linhas da madeira foram inseridas no projeto computadorizado (Divulgação/Rolls-Royce)

Exterior

O Droptail é inspirado em vários aspectos dos barcos, incluindo a saliência logo após às portas que remete a uma bujarrona — a vela triangular e pequena que vai à frente dos iates.

Seu dono queria um carro branco, e acabou recebendo uma tintura própria, cuja tinta é misturada a infusões de alumínio e vidro moídos. O cromado da carroceria foi feito para o contraste ideal, assim como as rodas de aro 22 com polimento que as tornaram espelhadas.

Também há V12 com mais de 600 cv aqui, ok?
Também há V12 com mais de 600 cv aqui, ok? (Divulgação/Rolls-Royce)

Curiosamente, o motor é a parte menos exclusiva aqui, mas longe de ser modesta. Afinal de contas, usa-se o V12 6.7 biturbo (comum a outros modelos da fabricante) que rende 601 cv e 85,8 kgfm e usa transmissão automática de oito marchas. Além de tudo, um fazendo desse um legítimo superesportivo.

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