Sergio Habib é um dos principais protagonistas de uma das maiores crises do varejo de carros no Brasil. Atualmente presidente da JAC Motors e dono do Grupo SHC (que engloba concessionárias da JAC Motors, Volkswagen, Jaguar e Citroën), o empresário assistiu as vendas da JAC despencaram quase 80% entre 2011 e 2014. De todas as marcas filiadas à Anfavea, a associação dos fabricantes, a JAC é a que mais vem perdendo vendas, cerca de 45%. Para piorar, a situação também é ruim nas 23 concessionárias Citröen de Habib (ele chegou a ter 45).
Conhecido por fazer previsões polêmicas sobre o mercado, o empresário revela que as vendas não chegam a 2 milhões de unidades em 2016. “Vai fechar o ano entre 1,9 e 1,95 milhão”, diz. Em 2015, o Brasil comercializou 2,06 milhões de automóveis e comerciais leves, contra 2,72 milhões em 2014.
A declaração mais polêmica é a de que o carro brasileiro é o mais barato do mundo, se compararmos com o preço dos veículos nos principais mercados do mundo. “Com o dólar a mais de 4 reais e levando me conta que metade do valor do carro está ligado a itens tarifados em dólar, o preço por aqui esta bem vantajoso para o consumidor”, diz Habib. Sendo assim, ele prevê que os preços devem subir esse ano, estimando que, com a inflação a 7%, os carros vão aumentar em média 12%.
Leia mais:
>> Impressões da minivan JAC J6
Redução da rede e recuperação nas vendas
Segundo Habib (que só em 2015 fechou 15 concessionárias), a rede de distribuição de veículos no Brasil terá que se adequar ao volume de vendas de 2005 e prevê o fechamento de pelo menos mais 1000 lojas no país.
“Não estou prevendo o caos, mas teremos que enxugar nossa estrutura (de concessionárias de todas as marcas) para voltarmos a crescer”, afirma. “Quando houve a crise nos Estados Unidos, em 2008, o mercado caiu de 17 milhões de veículos para 10 milhões e levou sete anos para voltar ao nível que tinha, mas nesse período 1/3 da rede fechou.”
Já o mercado brasileiro levaria 12 anos para se recuperar. Pelas suas previsões, o consumidor só retomará a confiança em 2019 e, mesmo que passe a ter um crescimento de 10% ao ano, só em 2024 ou 2025 atingirá o patamar que apresentava em 2012, que era de 3,8 milhões de veículos.
Mesmo assim, Habib garante que não está tão pessimista, e se apóia no modo como os chineses lidam com problemas. O empresário alega que, por lá, o mesmo ideograma que significa crise também define oportunidade. “Este é um momento para repensarmos a maneira de fazermos negócio e definitivamente melhorar todo o processo”, afirma.
Fábrica só em 2017
A nova fábrica, que teria investimentos de R$ 800 milhões e teve sua inauguração adiada devido à crise econômica, será bem mais simples e custará R$ 200 milhões. Na verdade, a planta vai ter apenas a linha de montagem final, pois o carro virá praticamente pronto da China, em sistema CKD. A capacidade de produção, que seria de 100 mil carros/ano no projeto inicial, será de apenas 20.000 carros/ano e tem inauguração prevista para início de 2017.