Talvez você fique chocado com esse número: 50 mil pessoas morrem anualmente em acidentes de trânsito no Brasil, de acordo com o DPVAT. Muitos fatores se somam para que tal estatística seja tão elevada, e um deles é o nível de segurança estrutural oferecido pelos veículos que circulam em nossas ruas, avenidas, estradas e rodovias.
Para tentar reduzir esse número, o governo federal promoveu algumas alterações na legislação automotiva nos últimos anos. A mais destacada delas foi a obrigatoriedade de que todos os carros vendidos no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2014 tivessem freios antitravamento (ABS) e airbag duplo dianteiro (para passageiro e motorista). Além disso, a partir de 2018, começará a ser exigida a presença de cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes.
Mas será que esses itens de segurança são suficientes? Elaboramos uma lista com as informações referentes aos itens obrigatórios em alguns dos maiores mercados automotivos do mundo e também nos países vizinhos ao Brasil. Confira a seguir.
EUA
A National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) é a entidade responsável por cuidar de todos os aspectos relativos à segurança no trânsito nos Estados Unidos. Alguns dos itens obrigatórios nos modelos do país são o controle eletrônico de estabilidade (instituído a partir da norma 126) e airbags frontais, para motorista e passageiro. Apesar disso, airbags laterais estão presentes na maior parte dos modelos vendidos lá por recomendação da NHTSA – ela conduziu estudos conclusivos no sentido de que essas bolsas de ar são fundamentais para a redução do número de mortos e feridos em acidentes com impacto lateral. Curiosamente, ao contrário do Brasil, não há obrigatoriedade de ABS.
Desde 2014, todos os principais tipos de veículo (automóvel, van, caminhão, ônibus) são obrigados a ter controle eletrônico de estabilidade nos países participantes da União Europeia. Outros dispositivos requeridos são: alerta de afivelamento de cinto de segurança, sistema de fixação ISOFIX, monitoramento de pressão dos pneus e proteção contra choques em modelos híbridos e elétricos. Quanto aos airbags, eles são obrigatórios na região há duas décadas.
Argentina
Desde o ano passado, o mercado argentino requer que os modelos 0km sejam equipados com freios ABS e airbag duplo dianteiro, bem como dois encostos de cabeça traseiros (nas laterais). O panorama é relativamente similar ao do mercado brasileiro, inclusive no fato de que o país vizinho já tem datas pré-definidas para que outros itens se tornem obrigatórios. Um deles é o controle eletrônico de estabilidade, que será necessário a partir de 1º de janeiro de 2018.
Japão
Freios ABS são mandatórios para todos os veículos vendidos no mercado japonês, bem como pré-tensionadores de cintos de segurança e sistema de ancoragem ISOFIX. Há mais tempo, as bolsas de ar dianteiras já são obrigatórias. Por outro lado, ao contrário de Estados Unidos e Europa, o mercado japonês ainda não tem o controle eletrônico de estabilidade como requisito para todos os seus veículos.
Chile
Recentemente, foi aprovada no Chile uma medida curiosa e sem par entre os mercados vizinhos: a obrigatoriedade de um kit reflexivo, do qual devem constar o já conhecido triângulo de emergência e um jaleco especial, ambos com faixas que refletem quando iluminadas, para que em caso de acidente ou quebra veicular os demais motoristas vejam o que está acontecendo. Em relação às medidas mais tradicionais, alerta de afivelamento de cinto de segurança se tornou obrigatório em maio; já o sistema ISOFIX será mandatório a partir de abril de 2017. Já o airbag duplo dianteiro se tornou indispensável aos carros em abril, medida que será estendida a todo tipo de veículo a partir de 1º de dezembro.
Austrália
O controle eletrônico de estabilidade foi aprovado em 2009 como item obrigatório de automóveis e SUVs, entrando em vigor em 2011, e de todos os veículos a partir de 2013. Airbags, por outro lado, não são explicitamente requeridos, já que a Australian Design Rule prevê apenas que haja proteção para cabeça, peito e parte superior das pernas, sem especificar o tipo. Uma curiosidade a respeito do mercado australiano: foi o primeiro país a obrigar os ocupantes de seus carros a usarem cinto de segurança, em 1970.
Índia
É provável que o mercado indiano seja aquele que recebe mais críticas quando o assunto é segurança. O baixo nível de exigência de equipamentos – justificado até então pelo preço mais baixo dos modelos, como o Tata Nano, carro mais barato do mundo – fez com que muitos dos carros produzidos no país recebessem avaliações péssimas em testes de entidades como o Global NCAP. Entretanto, as autoridades indianas sinalizaram interesse em mudar o panorama, com a adoção de airbags frontais e freios ABS como itens obrigatórios a partir de 2017.