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País da Oceania tenta ‘desovar’ 40 Maserati e 3 Bentley encalhados

A frota de veículos luxuosos, que inclui 40 Maserati e 3 Bentley, foi comprada para transportar líderes mundiais que participaram de uma convenção da APEC

Por João Vitor Ferreira
Atualizado em 8 out 2021, 17h10 - Publicado em 6 out 2021, 12h12
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  • Algumas pessoas sofrem por serem compradores impulsivos. Na maioria das vezes, elas nem precisam dos itens que compram, mas mesmo assim não resistem à tentação. E se isso já é um problema quando se trata de pessoas normais, imagina quando estamos falando de um dos países mais pobres do mundo.

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    A Papua Nova Guiné sediou um evento da Apec (sigla em inglês para Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) em 2018. Como “bons anfitriões”, o governo local gastou cerca de U$ 6,5 milhões na compra de 40 Maserati Quattroporte e três Bentley Flying Spur, para transportar os líderes mundiais que chegariam ao país.

    Os carros foram comprados de uma concessionária no Sri Lanka, já que eles não são vendidos na Papua Nova Guiné, e chegaram ao país em um Boeing 747 fretado. A aquisição gerou revolta da população e alguns dos líderes mundiais que participaram da convenção, como a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, se recusaram a usar os carros.

    Veículos de Luxo comprados pelo governo da Papua Nova Guiné
    A compra dos 14 veículos de luxo foi feita enquanto todo o país passava por um surto de poliomielite, aumento nos casos de tuberculose e uma escassez crônica de financiamento para saúde, educação e outros serviços. (HANDOUT/Reuters/Reprodução)
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    Já o ministro da Apec, Justin Tkatchenko, se mostrou a favor da compra. Para tentar acalmar a população, ele disse, dois dias após o evento, que os veículos “venderiam como pães quentes”

    Cá estamos em 2021 e dos 43 veículos adquiridos, apenas três, dois Maserati e um Bentley, foram vendidos. A receita para o fracasso era previsível, afinal, o país tem pouca infraestrutura para carros. As vias asfaltadas praticamente se limitam à capital Port Moresby. Inclusive, foram os primeiros Maserati e Bentley a desembarcar por lá em toda história.

    Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, em um dos Maserati
    Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, em um dos Maserati (AP/Reprodução)

    Paul Barker, diretor executivo do Instituto de Assuntos Nacionais de Papua Nova Guiné, foi um dos principais críticos à compra dos veículos, argumentando que o governo não encontraria mercado para vendê-los posteriormente, pois eram inadequados para as condições das estradas locais e não havia oficinas no país capazes de fazer a manutenção dos carros.

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    Frota de Maseratis comprada pelo governo de Papua Nova Guiné
    Milhares de pessoas protestaram na Papua Nova Guiné. Já os parlamentares da oposição, acusaram a compra de ser uma “fraude flagrante” (STRINGER/Reuters/Reprodução)

    “A compra demonstra uma grave falta de previsão e decepcionante prontidão para esbanjar fundos públicos, em um país em desenvolvimento, onde bens públicos básicos, de estradas de acesso a serviços de saúde, estão amplamente indisponíveis ou severamente abaixo do padrão”, disse Barker em entrevista ao The Guardian.

    O atual ministro das finanças do país, John Pundari, disse que os Maseratis estão à venda por 400.000 kina (moeda local), equivalente a U$ 113.000, mais alto do que o valor atual de mercado. Um Quattroporte V8 2018 está custa cerca de U$ 60.000 no mercado internacional. E pela situação do país, dificilmente os carros terão clientes por lá, logo terão que ser importados pelos compradores, aumentando ainda mais seu preço final.

    Maserati Quattroporte
    Maserati Quattroporte (Divulgação/Maserati)
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    Além dos 43 carros de luxo, o governo da Papua Nova Guiné também importou outros 300 veículos para uso da cúpula da APEC, que variam entre modelos da Toyota, Mazda, Ford e Mitsubishi, dos quais 284 não foram devolvidos, com suspeita de pelo menos 9 terem sido roubados.

    Bentley Fying Spur
    Bentley Fying Spur (Divulgação/Bentley)

    O porta-voz do governo Chris Hawkins disse, em 2019, que grande parte dos veículos ainda não devolvidos estavam em estacionamentos do governo ou sendo usados ​​por paramédicos, bombeiros e outros funcionários públicos.

    Já ​​Dennis Corcoran, que chefia a unidade de recuperação de ativos do estado, disse que a polícia local sabia do roubo dos nove veículos e que outros estavam com peças desaparecidas ou foram devolvidos “gravemente danificados”.

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    Capa 749
    (Arte/Quatro Rodas)
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