Mesmo sendo a principal responsável pelo escoamento de mercadorias no Brasil, a situação da malha viária brasileira continua sendo um problema – especialmente no ano em que o Governo Federal autoriza grande redução no orçamento para investir nas rodovias.
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Caso utilize todo o montante aprovado, o Brasil terá R$ 5,8 bilhões para tentar sanar os problemas das suas estradas. São quase R$ 3 bilhões a menos que os R$ 8,9 bilhões da média de investimentos feitos entre 2016 e 2020.
A pesquisa feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra o reflexo do baixo investimento. Segundo os dados levantados, 61,8% da malha pavimentada brasileira, esteja ela sob gestão pública ou privada, é considerada regular, ruim ou péssima.
O estudo avaliou 109.103 km de rodovias pavimentadas federais e estaduais. Vale lembrar que, segundo a própria CNT, apenas 12,4% das rodovias brasileiras possuem pavimento, o que corresponde a cerca de 220.000 km de estradas asfaltadas.
Foram levados em consideração na pesquisa três quesitos: pavimento, sinalização e geometria da via, que receberam avaliações entre ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. No geral, apenas 9,7% das rodovias avaliadas tiveram nota máxima.
As piores e as melhores rodovias do Brasil
São Paulo é o grande campeão quando o assunto é estradas. Todas as dez melhores rodovias avaliadas pela pesquisa ficam no estado. A melhor delas é a SP-302, também conhecida como Rodovia Euclides da Cunha, que liga as cidades de Rubinéia e Mirassol. Entre as dez primeiras rodovias, essa é a única sob gestão pública, administrada pelo governo paulista. As demais estão sob concessão privada.
São Paulo também é o estado com maior porcentagem de rodovias consideradas ótimas, com 47,8% do total, seguido pelo Distrito Federal, com 19,9%. O DF também não tem nenhuma estrada considerada péssima, assim como os estados do Espírito Santo e Alagoas.
Entre as dez piores estradas do país, todas estão sob o poder público. A última colocada do ranking, a BR-163 em Santa Catarina, é a única gerida pelo governo federal. Todas as outras estão nas mãos dos seus respectivos estados.
A segunda pior rodovia do Brasil também está na região sul. A RS-153 liga as cidades gaúchas de Barros Cassal e Vera Cruz. Outros estados que completam a lista são Pernambuco, com três rodovias, e Acre, com duas. Além de Bahia, Amazonas e Maranhão, com uma estrada cada.
Acre, Amazonas e Amapá não tiveram nenhuma rodovia considerada ótima. Além disso, os dois primeiros são os recordistas em estradas em péssimo estado, com 50,7% e 37,4%, respectivamente.
Gestão pública contra gestão privada
A diferença entre as condições das estradas com gestão pública e privada é gritante. Dos 23.636 km de rodovias concedidas, 25,8% receberam avaliação negativa (regular, ruim ou péssima), contra 71,8% dos 85.467 km de rodovias sob gestão do Estado.
A diferença também se mostra no investimento. A média investida pelas concessionárias de 2016 a 2020 (ainda não há dados do investimento do setor privado em 2021) é de R$ 7,16 bilhões, enquanto a do governo foi de R$ 8,9 bilhões.
Porém, a média entre o dinheiro investido e a extensão da malha gerida é de R$ 381.040 no setor privado, contra apenas R$ 162.920 do Estado. Levando em consideração os R$ 5,8 bilhões aprovados neste ano, temos um valor de R$ 108.970 para cada quilômetro de estrada pública, quantia inferior à média dos últimos cinco anos.
Contas que não fecham
A receita é simples. Estradas em más condições geram mais acidentes. Com isso, os gastos para reparar os danos são cada vez maiores, excedendo os valores investidos.
Embora os custos com acidentes tenham diminuído desde 2016, o investimento também caiu. Só neste ano, foi estimado um prejuízo de R$ 8,85 bilhões com acidentes. Enquanto o valor destinado às nossas rodovias, até outubro, foi de R$ 4,16 bilhões, gerando assim um déficit de R$ 4,69 bilhões.