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Picapes usadas rendem mais que Bolsa e são vendidas mais caras que 0km

Enquanto fábricas sofrem imensos problemas na produção, compradores têm pressa e aceitam pagar ágio para adquirir modelos seminovos sem demora

Por Eduardo Passos
Atualizado em 24 mar 2021, 17h55 - Publicado em 24 mar 2021, 16h22
comparativo picapes hilux, amarok, ranger, s10, frontier
Picapes estão com moral altíssima no mercado, revivendo a prática do ágio (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Crise e indústria automotiva poucas vezes estiveram tão juntas nos noticiários. Seja pela covid-19, desvalorização do real ou falta de matéria-prima, não faltam motivos para justificar a queda vertiginosa das vendas de carros no Brasil acompanhada da alta nos preços dos carros novos.

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Olhando apenas o setor de picapes, entretanto, a história parece outra e, ainda que as vendas de caminhonetes também tenham diminuído em relação a 2019, a demanda é tão alta que as fábricas vêm tendo dificuldade de atendê-la. 

O resultado, por consequência, foi a valorização dos usados, mais caros que unidades novas, indica análise exclusiva da Kelley Blue Book Brasil.

Mais rentável que Bolsa de Valores

Nova Fiat Strada 2021
Nova Strada é o principal exemplo de valorização no pós-venda (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Em meio ao caos, as picapes contaram, principalmente, com uma ajuda do agronegócio, que segue atendendo a demanda interna e ampliando suas exportações. Ao mesmo tempo, os modelos seguem visados por outros setores da economia, ainda mais atraídos por lançamentos como a nova Fiat Strada e o facelift da Toyota Hilux.

Se o preço médio elevado aparentemente depõe contra, na verdade isso significa também que os compradores particulares possuem renda média ampliada, sendo menos suscetíveis às crises.

Motor ganhou 2.8 diesel agora tem 204 cv de potência e 50,9 kgfm de torque
Fator novidade e predileção antiga fizeram a Hilux superar capacidade de oferta da Toyota (Divulgação/Toyota)

A conta começa a não fechar quando, ao mesmo tempo de tudo isso, as fábricas enfrentam problemas nas suas linhas de produção; seja por falta de chips, pelo dólar alto ou lockdowns. Marcas como Chevrolet, Volkswagen e Honda, por exemplo, tiraram o pé do acelerador, aumentando os prazos de entrega. O mesmo vale para a produção dos Fiat em Betim.

QUATRO RODAS sentiu as consequências na prática e, para adquirir a Strada de Longa Duração, foram extensas negociações e prazos de até cinco meses. Após muitas tratativas, encontramos uma unidade em Santos (SP).

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Segundo veículo mais vendido do Brasil em 2021, não surpreende que a Strada lidere o ranking de valorização da KBB, com preço-médio de revenda 3,37% maior que na concessionária.

A versão Endurance de cabine simples, por exemplo, é revendida a R$ 71.411, contra R$ 68.988 da tabela – 3,51% de valorização. Uma Volcano CD é cotada a R$ 88.942, frente ao valor zero-km de R$ 86.111.

Se fosse um papel da Bolsa, a Strada superaria com folga o índice Ibovespa (-3,52% no ano), além de empresas como Petrobrás e Vale no desempenho desde o início de 2021.

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O fator novidade também vale para a Hilux, cuja versão repaginada tem aumento médio de 2,04% no período. O modelo SRX é, inclusive, líder de valorização nominal, custando, usado, R$ 5.545 a mais que o novo.

Completando a lista das queridinhas, há a Volkswagen Amarok (0,57%) com seu notável V6 e a Renault Duster Oroch (3,27%).

Especialista em análises do mercado, a própria KBB reforça que o Brasil vive situação atípica, estimulando o estudo. A empresa destacou o “desequilíbrio entre a oferta e demanda e os impactos da pandemia no fornecimento de matéria-prima para a produção de veículos”. 

Amarok Extreme Black Style
O primeiro lote da Amarok V6 de 258 cv tinha 400 unidades e esgotou em 18 minutos. Nesse caso, gargalo ocorre na fabricação dos motores (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Como muitas vezes os compradores não podem esperar, optam por um modelo pouco rodado, abrindo mão do cheirinho de carro novo e pagando, na prática, um ágio salgado.

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Sem perspectivas claras quanto aos problemas atuais, a condição inusitada deverá permanecer por mais algum tempo, se estendendo, aos poucos, para modelos como o Onix, cuja produção encontra-se suspensa.

Projeção Fiat Toro 2022
Nova Toro contará com turbo e câmbio automático em todas as versões. Não se assuste com modelos usados se valorizando (Reprodução/Autos Segredos)

A chegada de novas picapes, como a próxima Fiat Toro, também deve agitar o setor. Chance única para revender alternativas seminovas, com baixa quilometragem, e ainda embolsar uma grana.

Picapes novas que mais se valorizaram em 2021 no Brasil

MODELO VALORIZAÇÃO PREÇO DO ZERO-KM PREÇO DO USADO DIFERENÇA
Fiat Strada 3,37% R$ 79.060 R$ 81.725 R$ 2.665
Renault Duster Oroch 3,27% R$ 87.694 R$ 90.561 R$ 2.867
Toyota Hilux 2,04% R$ 196.683 R$ 200.700 R$ 4.017
Volkswagen Amarok 0,57% R$ 252.291 R$ 253.731 R$ 1.440
Ford Ranger -1,95% R$ 182.430 R$ 178.878 R$ 3.552
Volkswagen Saveiro -4,56% R$ 76.933 R$ 73.427 R$ 3.506
Chevrolet S10 -6,92% R$ 193.548 R$ 180.160 R$ 13.388
Fiat Toro -7,33% R$ 149.833 R$ 138.852 R$ 10.981
Mitsubishi L200 -11,88% R$ 201.537 R$ 177.596 R$ 23.941
Chevrolet Montana -15,04% R$ 79.141 R$ 67.237 R$ 11.904
Nissan Frontier -18,35% R$ 208.726 R$ 170.426 R$ 38.300

Os valores informados foram coletados diretamente no site kbb.com.br com localização em São Paulo e referência de março de 2021. As médias de preços se referem a um cálculo aritmético levando em conta todas as versões do modelo selecionado.

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CAPA743
(Arte/Quatro Rodas)
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