Circula nas redes sociais o vídeo de uma Ford Ranger com interior completamente derretido após ter sido atingida por um raio na BR-020 entre Simolândia e Posse, no interior de Goiás.
O caso aconteceu na última sexta-feira (20) e o motorista saiu ileso. “Ele saiu do carro e fechou portas e janelas para cortar o oxigênio, por isso o fogo não se alastrou. Mas por dentro destruiu todo painel”, relatou o mecânico Josimar Bill.
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Mas um automóvel não deveria ser o local mais seguro para se estar em uma tempestade? Na teoria, sim. A carga elétrica do raio deveria ser espalhar pela carroceria sem ameaçar quem está lá dentro, e descarregar no solo por meio dos pneus, estejam eles secos ou molhados.
Esse é o princípio da blindagem eletrostática descoberta em 1836 pelo físico inglês Michael Faraday, por meio do experimento conhecido como Gaiola de Faraday. Quando um objeto cercado por material condutor é atingido por uma carga eletromagnética, ela ficará concentrada na superfície e não alcançará esse objeto. A eletricidade percorre sempre o caminho mais fácil, ou seja, o material condutor.
O carro acaba funcionando como uma Gaiola de Faraday, mas uma gaiola imperfeita. Porque há cada vez mais componentes metálicos, de estruturas dos bancos a módulos e chicotes elétricos, dentro do carro.
A carga vai, sim, percorrer a carroceria. Mas também alcançará a parte elétrica do veículo e, aí sim, levar a um incêndio. Mas é mais fácil escapar de um foco de incêndio do que de um raio.
O que aconteceu na última semana com a Ford Ranger aqui no Brasil é semelhante ao que um casal vivenciou em Alberta, no Canadá, a bordo de uma Chevrolet Silverado há oito anos. No caso deles, o raio ainda deflagrou os airbags e acionou as travas elétricas.
Estar em um carro durante uma tempestade, porém, ainda é muito mais seguro do que estar fora dele.