Por que os japoneses estão desmontando seus carros e colocando em containers?
Manter um carro com mais de quatro anos no Japão é caro e trabalhoso, a solução é desmontá-los e mandá-los em containers para os Emirados Arabes Unidos
Parece um jeito estranho de descarte, mas na verdade esses carros desmontados dentro dos containers, na verdade, estão sendo vendidos e exportados para outros países. Tudo isso por conta das rigorosas leis do Japão.
Vamos explicar. Por lá, existe um processo de vistoria técnica muito rigoroso chamado “Shaken”. Três anos após a compra de um carro 0 km, deverá passar pela primeira inspeção. A partir daí, o processo deve ser repetido a cada dois anos. Quando o carro atinge os 10 anos de vida, o Shaken deve passar a ser feito anualmente.
Além de rigorosa, a inspeção também é cara e custa 100.000 ienes, que equivalem a cerca de R$ 3.700 reais. Fora isso, o processo pode demorar mais de um dia e todo o reparo necessário é feito pelo próprio órgão regulador, logo, o dono fica à mercê dos preços do governo.
Apesar de parecer um excesso de cuidado, isso tem um ponto positivo. Essa prática faz com que os japoneses não fiquem com seus carros por mais de quatro anos, o que mantém a procura por carros 0 km sempre alta, o setor aquecido e, claro, as ruas mais seguras, afinal, não há carros muito velhos circulando.
Mas se carros antigos são chatos de manter no Japão, o que os proprietários fazem com eles? É aí que entram os contêineres. Se tornou comum para os japoneses desmontarem seus carros e venderem para outros países, em especial, os Emirados Árabes Unidos. E nem sempre é como sucata.
Quando pensamos no país árabe, o que vem à nossa cabeça são os carros luxosos de Dubai e Abu Dhabi, mas isso é apenas a ponta do iceberg. Outros emirados menos famosos, como Sharjah e Ajman, têm cidades onde apenas carros usados são vendidos. A grande maioria vinda de outros países.
Esses carros chegam por lá e são remontados e reparados, quando necessário, para serem vendidos localmente ou serem exportados para outros países da África ou Ásia.
Os carros importados do Japão, especificamente, não costumam ficar nos Emirados Árabes, pelo menos não inteiros, já que por lá existe uma lei que proíbe carros com volante à direita. Como a conversão é um tanto cara e complicada, na maioria das vezes eles são revendidos para outros locais ou desmontados para abastecer o mercado de autopeças.
Essa prática fez dos Emirados Árabes um grande exportador de e importador de veículos ao mesmo tempo. Somente em março deste ano, mais de 22.500 carros usados foram importados só do Japão. Já em 2022 o país conseguiu entrar no Top 20 dos maiores exportadores de automóveis do mundo, mesmo que não exista uma só montadora de automóveis atuando no país.