Com um sucessor elétrico praticamente pronto, a Porsche decidiu tirar de linha os modelos 718 Boxster e Cayman na Europa. A razão é a falta de segurança, mas não tem nada a ver com a estrutura ou a motorização dos seus carros.
Como aconteceu com o Porsche Macan a combustão, os dois menores esportivos da Porsche não cumprem mais os requisitos de segurança cibernética deliberados pela União Europeia com sua plataforma atual.
E, também exatamente como no Macan, a Porsche afirma que o custo para os modelos passarem a atender os requisitos necessários seria muito alto, portanto, não vale a pena para a marca.
Foi Oliver Hilger, porta-voz da Porsche, que confirmou ao Motor1 a descontinuação dos modelos na Europa. Porém, dois modelos não serão descontinuados pela empresa, são eles o GT4 RS e o Boxster RS Spyder.
Ambos esportivos estão isentos dos novos regulamentos, já que a Porsche os fabrica em um número bem limitado. Diferente dos outros modelos, a atualização destes não será tão cara.
Para efeito de comparação, a regularização do 718 Boxster e Cayman custaria metade do orçamento de desenvolvimento do novo Boxster elétrico. Portanto, a partir do ano que vem, quem busca estes modelos na Europa terá que se contentar com as variantes elétricas.
Para a felicidade dos puristas, em outros continentes os dois carros continuarão sendo vendidos. O próprio Brasil, por exemplo, terá as versões a combustão convivendo com as elétricas, quando estiverem disponíveis. O mesmo vale para os EUA, onde os 718 somaram 4.526 unidades em 2023.
Apesar de parecer um grande problema, a descontinuação dos carros não irá afetar tanto o mercado da Porsche na Europa. Além disso, a Porsche tem até 1° de julho para vender os 718 Boxster e Cayman remanescentes por lá.
Novas leis cibernéticas
As novas regulamentações não são necessariamente leis da UE, mas dos regulamentos das ONU para proteger os carros contra possíveis hackers. A determinação foi anunciada em 2020 e, segundo a ONU, as novas medidas que devem ser implementadas são:
- Gerenciar riscos cibernéticos veiculares;
- Proteger os veículos desde a concepção para diminuir os riscos ao longo da vida;
- Detectar e responder a incidentes de segurança em toda a frota de veículos;
- Fornecer atualizações de software seguras e protegidas e garantir que a segurança do veículo não seja comprometida, introduzindo uma base jurídica para as chamadas atualizações “Over-the-Air” (OTA) do software a bordo do veículo.
O acordo foi firmado por cerca de 54 países e, em todos eles, a Porsche não poderá vender mais modelos que não estão seguindo estes requisitos. O Brasil não está incluso nisso, portanto, nós poderemos ver por aqui ainda estes esportivos “desatualizados”.