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Porsche 924: mais perto da redenção

Mesmo rejeitado pelos puristas, o Porsche 924 teve papel decisivo na história da marca

Por Felipe Bitu
Atualizado em 2 mar 2017, 19h40 - Publicado em 2 mar 2017, 19h27
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  • Retorno às origens: o 924 abusava de peças Volkswagen, assim como o 356
    Retorno às origens: o 924 abusava de peças Volkswagen, assim como o 356 (Xico Buny/)
    Retorno às origens: o 924 abusava de peças Volkswagen, assim como o 356
    Retorno às origens: o 924 abusava de peças Volkswagen, assim como o 356 (Xico Buny)

    Estabelecida no final da década de 40, a parceria entre Porsche e Volkswagen não estava bem no começo dos anos 70. A empresa de Stuttgart atuava na pesquisa e desenvolvimento em favor da gigante de Wolfsburg, que financiava projetos em comum, como o Porsche 924.

    Idealizado pelo CEO Rudolf Leiding, o esportivo projetado pela Porsche consolidaria o prestígio do grupo VW. Mas o projeto EA425 seria um trabalho de despedida: a aquisição da Auto Union (1964) e da NSU (1969) tornou a engenharia da VW independente e focada em modelos com tração dianteira e refrigeração líquida, como Audi 80, Passat e Golf.

    Mesmo contrariado, o engenheiro Ernst Fuhrmann sabia que a Porsche não estava em condições de recusar a proposta. Então aproveitou o conceito do grã-turismo 928 (cujo projeto já estava em curso e seria lançado em 1977) e desenvolveu um cupê de proporções menores. A ordem era aproveitar o maior número possível de componentes VW e Audi.

    Porta-malas era acessado pelo vidro traseiro
    Porta-malas era acessado pelo vidro traseiro (Xico Buny)

    Leiding renunciou à presidência da Volkswagen em 1975 e foi sucedido por Toni Schmücker, que não via o EA245 como prioridade. Ernst Fuhrmann então propôs comprar o projeto, pois sabia do seu potencial para o futuro da Porsche. A proposta foi aceita com a condição de produzi-lo na ociosa fábrica da NSU em Neckarsulm, evitando o desgaste pelo fechamento da unidade.

    Assim surgiu o 924. Ao final de 1975 (como modelo 1976), era anunciado como o primeiro Porsche refrigerado a água. O carro agradou pelo comportamento dinâmico neutro, completamente diferente da personalidade arisca (e traiçoeira) do 911. Com 4,2 metros e 1.080 kg, o problema estava no motor EA831 de 2 litros e 125 cv – não estava à altura do conjunto.

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    Peças do Golf por toda a parte: das maçanetas aos comando internos
    Peças do Golf por toda a parte: das maçanetas aos comando internos (Xico Buny)

    Apesar da injeção Bosch K-Jetronic, o propulsor era uma evolução de um velho motor Audi dos anos 60. Tinha fama de indestrutível, mas gerava muito ruído e vibrações, levando o 924 a acelerar de 0 a 100 km/h em cerca de 9 segundos – era presa fácil do Golf GTI e outros carros mais baratos. Os freios e a máxima em torno de 200 km/h também eram insatisfatórios.

    A situação ficava ainda pior no mercado norte-americano: amarrado por normas antipoluição, sua potência caía para 95 cv, resultando em máxima de 176 km/h e mais de 11 segundos para chegar aos 100 km/h. Os críticos não perdoaram: contestavam o fato de um automóvel com peças do VW Golf (e até do Fusca) custar mais que um Chevrolet Corvette.

    O esportivo tinha o conta-giros em bom tamanho no painel de instrumentos
    O esportivo tinha o conta-giros em bom tamanho no painel de instrumentos (Xico Buny)

    Para amenizar as críticas, o 924 ganhou cinco marchas e turbo em 1979. Com 170 cv, acelerava de 0 a 100 km/h em 7 segundos, com máxima de 225 km/h. A estabilidade era mantida com suspensões recalibradas e freios a disco nas quatro rodas de 15 polegadas. Podia ser facilmente identificado pelo aerofólio traseiro e pelo capô com entradas de ar adicionais.

    Quem buscava conforto optava pela transmissão automática de três velocidades. E quem fazia questão de maior desempenho precisou aguardar até 1980, quando a versão Carrera GT (limitada a 406 unidades) chegou ao mercado com para-lamas alargados para acomodar as enormes rodas Fuchs de 16 polegadas.

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    O objetivo de Ernst Fuhrmann com o Carrera GT era o de finalmente aposentar o 911. Tinha intercooler e injeção eletrônica digital para reduzir o criticado atraso na resposta da turbina. Com 210 cv, acelerava aos 100 km/h em 6,5 segundos e chegava aos 242 km/h. Seria superado ainda pela versão de rua Carrera GTS (245 cv) e de competição Carrera GTR (375 cv).

    Freio de mão fica do lado esquerdo
    Freio de mão fica do lado esquerdo (Xico Buny)

    Na mesma época, a VW informou que o motor EA831 seria produzido até 1984. A Porsche então desenvolveu um quatro cilindros com peças do V8 vindo do 928. Com 2,5 litros e 163 cv, era feito de alumínio e ganhou notoriedade pela elasticidade. Rebatizado de 944, o sucessor do 924 assumia as dimensões externas do Carrera GT.

    O 924 conviveu com seu sucessor até 1988. No total, mais de 150.000 unidades foram comercializadas em 12 anos, número expressivo para um pequeno fabricante. Seu legado seguiu adiante com o Porsche 968 e durou até 1995: embora não seja reconhecido pelos puristas, desempenhou papel incontestável para a sobrevivência da marca.

    Ficha técnica – Porsche 924

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