Fundada em 25 de agosto de 1963, a Puma Veículos e Motores Ltda. surgiu pela iniciativa de Luiz Roberto Alves da Costa, Milton Masteguin, Mário César de Camargo Filho e Rino Malzoni. Originalmente Sociedade de Automóveis Lumimari (amálgama da primeira sílaba do nome de cada sócio), a fábrica paulistana construiu uma reputação invejável em seus dez primeiros anos de atividade, coroados pelo desenvolvimento do Puma GTB.
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“A ideia do GTB surgiu devido ao sucesso que os esportivos americanos faziam no Brasil, especialmente o Ford Mustang e o Chevrolet Camaro”, conta Kiko Malzoni, filho do projetista Rino. “O Puma Volks-wagen era um grande sucesso, mas seguia o conceito dos esportivos europeus, em que o objetivo era ser o menor e mais leve possível. Havia demanda na época para um estradeiro menos voltado a competições, maior e mais confortável, impulsionado por um motor dianteiro que tivesse grande cilindrada.”
Finalizado em 1971, o protótipo P8 lembrava muito o estilo do Aston Martin DBS e foi avaliado pelo jornalista Emilio Camanzi, da QUATRO RODAS, em outubro daquele ano (edição 136): “O P8 impressionou pelo estilo e muito mais pelo conforto, silêncio e espaço que o Puma GTE não oferecia.
O motor de seis cilindros e 3,8 litros do Chevrolet Opala o fazia acelerar rapidamente, mantendo altas velocidades com facilidade e mostrando um comportamento quase neutro nas curvas. Foi uma ideia muito bem-vinda em um mercado carente de automóveis desse tipo”, lembra Camanzi.
O novo esportivo nacional logo ganhou o apelido de Puma Chevrolet e acabou sendo redesenhado por Rino Malzoni, que adotou mais elementos de estilo da escola norte-americana. O resultado foi apresentado no Salão de São Paulo, realizado entre 25 de novembro e 10 de dezembro de 1972: o estande da Puma ficou pequeno para acomodar o público atraído pelas linhas do Puma GTO (Gran Turismo Omologato).
“O problema é que a sigla GTO já era utilizada pela GM no modelo homônimo da Pontiac”, conta Luís Costa, filho de Luiz Roberto Alves da Costa, sobrinho de Mário César de Camargo Filho e atual presidente da Puma Automóveis Ltda. “Para evitar qualquer conflito com a futura fornecedora de componentes mecânicos, acabaram mudando o nome para Puma GTB, cuja sigla passou a significar Gran Turismo Brasil.”
Foram quase dois anos até o início da produção, em 1974. Avaliado em agosto de 1974 (QR 170) agradou pela estabilidade proporcionada pelos enormes pneus 205/70 R14 dianteiros e 215/70 R14 traseiros. Um de seus poucos defeitos estava na suspensão traseira: o GTB abandonou os braços arrastados com molas helicoidais do protótipo P8 em favor do esquema Hotchkiss com molas semielípticas, muito mais adequado ao chassi tubular.
A involução técnica cobrava seu preço: o GTB oscilava quando levado além dos 130 km/h. A modificação não agradou o piloto Emerson Fittipaldi, que avaliou o GTB em fevereiro de 1975 (QR 176): “A frente afunda nas curvas forçando a saída da traseira. […] o GTB se inclina muito nas curvas, chegando a assustar o motorista. Se a suspensão traseira fosse mais dura, acho que eliminaria esse problema”, disse Fittipaldi.
“Eu já acho que o GTB se torna uma máquina divertida e muito rápida no momento em que o motorista conhece seus limites”, conta Newton Masteguin. “O acerto das suspensões foi aprimorado em viagens que fiz com meu pai na região de Campos do Jordão. O entre-eixos cerca de 24 cm mais curto que o do Opala o deixava bem mais arisco, colaborando para a insegurança inicial do motorista.”
Quase 50 anos após sua primeira aparição, o GTB continua cativando a atenção das pessoas por onde passa. “A primeira tiragem produzida até o primeiro semestre de 1977 é um pouco mais rara, caracterizada pelas lanternas traseiras do Saab Sonett, importadas da Suécia”, conta o entusiasta Leandro Pascholatti. “Os modelos produzidos a partir do segundo semestre de 1977 são mais comuns e trazem lanternas do Alfa Romeo 2300 e a placa posicionada abaixo da linha do para-choque.”
Cerca de 710 unidades do GTB foram fabricadas até a chegada do GTB S2, em 1979, resultando em uma média mensal inferior a 12 unidades. “Foi um momento muito feliz na história da empresa, pois a fila de espera chegava a dois anos”, conta Masteguin. “Mesmo estando entre os automóveis mais caros do país, o GTB sempre teve uma demanda elevada: a Puma não precisava fazer esforço algum para vendê-lo.”
Ficha técnica
Motor: longitudinal, 6 cilindros em linha, 4.097 cm3, comando de válvulas no bloco, alimentação por carburador de corpo duplo
Potência: 171 cv SAE a 4.800 rpm
Torque: 32,5 kgfm a 2.600 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Carroceria: aberta, 2 portas, 2 lugares
Dimensões: comprimento, 430 cm; largura, 174 cm; altura, 126 cm; entre-eixos, 242 cm; peso 1.216 kg
Pneus 205/70 R14 dianteiros e 215/70 R14 traseiros
Teste (setembro de 1974):
Aceleração: 0 a 100 km/h: 12,4 s
Velocidade máxima: 170,22 km/h
Consumo Médio: 6,2 km/l
Preço (setembro de 1974): Cr$ 79.000
Preço atualizado: R$ 219.095 (referência: salário mínimo)
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