Uma série de misticismos e ineditismos giram em torno do Fiat Pulse Abarth, um dos lançamentos mais aguardados de 2023 e que estampa a capa de QUATRO RODAS de dezembro. O escorpião da Abarth, que substitui todas as insígnias da Fiat, é inspirado na astrologia: Carlo Abarth, fundador da divisão esportiva da marca italiana, era do signo de escorpião. O mês de lançamento do Pulse Abarth, novembro, também não deve ter sido uma coincidência.
Sobre o modelo, ele quebra algumas importantes tradições: é o primeiro Abarth desenvolvido fora da Itália e também o primeiro SUV da preparadora, ingredientes que podem causar repulsa aos mais puristas. Mas é melhor não se precipitar nas conclusões sobre o SUV esportivo (sim, esportivo!) antes de ver o nosso teste.
O Pulse Abarth é equipado com o mesmo motor já presente nos “irmãos” e “primos” maiores, Toro, Compass e até Commander, ou seja, o 1.3 turbo flex de até 185 cv e 27,5 kgfm. O câmbio é automático de seis marchas. Além dos números, o modelo conta com ajustes mecânicos e veneno eletrônico exclusivos que dão um toque especial. Ele chega por R$ 149.990.
Confira outros destaques da edição de dezembro:
Com planos ambiciosos e, aparentemente, sólidos, uma nova marca chega ao Brasil: a chinesa Great Wall Motors, mas pode chamar de GWM. Seu modelo de estreia será o SUV Haval H6, que virá com uma mecânica específica para o mercado brasileiro, formada por um motor a combustão e outros dois elétricos. O conjunto híbrido plug-in dá desempenho de esportivo ao modelo, ao mesmo tempo em que promete consumo de até 28,7 km/l. Ele chega às lojas em 2023 e nós já andamos no modelo, trazendo imagens exclusivas.
A briga pelo posto de carro elétrico mais barato do Brasil tem sido acirrada. Ainda longe de baratos, mas como porta de entrada ao mundo eletrificado, Caoa Chery iCar, JAC E-JS1 e Renault Kwid E-Tech disputam a vaga seguindo filosofias distintas para convencerem seus possíveis compradores.
A Peugeot é a marca com maior foco em elétricos no grupo Stellantis no Brasil. Depois do hatch e-208 GT e do furgão e-Expert, a francesa traz ao mercado agora o e-2008 GT, a versão elétrica da segunda geração do SUV, que não é e não será vendida no Brasil em suas configurações a combustão. Além de um preço atraente diante da concorrência, o modelo aposta em visual, tecnologia um conjunto equilibrado para percursos urbanos.
Mais um elétrico na edição, mas desta vez em um nível mais elevado. O BMW iX3, a versão elétrica do X3, deixa claro que um elétrico não precisa ter desenho chamativo ou um dirigibilidade fora do comum. Mais do que isso, custando apenas 5% a mais do que sua versão híbrida, o SUV também mostra que o segmento premium já pode oferecer elétricos a custos mais “atraentes”. Tudo isso com um “agrado” aos puristas: ele é equipado com um motor traseiro, ou seja, é um legítimo BMW com tração traseira.
Como equilíbrio é tudo, a edição de dezembro de QUATRO RODAS também traz um especial Performance, com testes e impressões dos esportivos mais desejados do mundo. O primeiro deles é o Porsche 718 Cayman GT4 RS, o primeiro RS da linha 718, equipado com o mesmo motor do 911 GT3 e um “plus” no que diz respeito a estímulos sensoriais. O ronco é um dos mais belos da atualidade.
Fomos a Maranello, na Itália, para conhecer e dirigir a Ferrari Roma. Mesmo feita para o dia-a-dia, com direito a conforto e um comportamento dócil, ela não deixa barato caso o motorista a incite. Afinal, ainda estamos falando de uma Ferrari.
Também viajamos até a Califórnia, nos Estados Unidos, desta vez para andar em um rival da fabricante de Maranello. O Lamborghini Huracán Tecnica, mesmo mais dócil que o STO, ainda é equipado com nada menos que um V10 de 640 cv que envia toda sua força às rodas traseiras.
Por fim, também andamos no último Lotus com motor a gasolina: o Emira. Equipado com um motor V6 e todas as características dinâmicas e aerodinâmicas de um Lotus, o modelo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 4,3 segundos.
A distribuição às bancas e assinantes de todo o Brasil começou hoje (2/12), mas o prazo de chegada pode variar dependendo da região.
Carta ao leitor: evolução na prática
Neste momento de mudança de chave de combustão para eletricidade, dentre as muitas expressões que as fábricas usam para enaltecer as qualidades de seus lançamentos, a “o melhor de todos”, emprestada do inglês “the best ever”, começa a fazer diferente sentido.
De fato, esses carros equipados com motores térmicos não terão sucessores e, portanto, não serão superados. Esse é o caso do Lotus Emira mostrado nesta edição, no Especial Performance, que começa na página 47. Independentemente dessa, digamos, fatalidade técnica; os carros evoluíram tanto nos últimos tempos que não é raro nós dirigirmos um lançamento e ficarmos com a sensação de que aquele exemplar realmente é o melhor de todos os tempos.
Um exemplo, por excelência, é o BMW M3 Competition Track, mostrado na edição de julho de 2021. Não tenho dúvidas de que os carros a combustão poderiam seguir sendo aperfeiçoados, se a indústria mantivesse os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Quando a Ferrari lançou a lendária Enzo, o CEO da empresa, Luca di Montezemolo, declarou na época que aquele provavelmente seria o último superesportivo da marca com tais características técnicas, como o motor V12, em razão das leis de controle de emissões. O tempo passou e o motor V12 aperfeiçoado segue equipando carros como a recém-lançada Purosangue.
Nos anos de 1970/80, uma máxima entre os engenheiros da indústria dizia que os carros saíam de linha quando estavam bons. Isso porque, naquela época, os veículos chegavam ao mercado com problemas que só eram descobertos depois, com os carros em uso. Os clientes reclamavam e as fábricas corrigiam os defeitos nas unidades precedentes.
Isso explica por que o nosso teste de Longa Duração rodava apenas 30.000 km, entre 1973 e 1986. Agora, que os carros a combustão estão ficando bons, eles vão sair de linha. Como lembra o editor de arte, repórter e primeiro leitor desta Carta, Fabio Black, isso aconteceu também com os carros a vapor, no início do século 20, antes de serem substituídos pelos movidos a gasolina.
O futuro é dos elétricos.