Superesportivos não são compras racionais. O inglês Simon George descobriu isso na prática: hipotecou todos os seus bens para dar entrada no financiamento de um Lamborghini Murciélago.
Em 2004, o carro custava 180 mil libras, o equivalente a R$ 740 mil. Para arcar com prestações de 3 mil libras (R$ 12.300 hoje) ele precisou usar o Murciélago para fazer dinheiro: passou a alugar para eventos e track days.
Hoje George tem o Lamborghini moderno mais rodado do mundo, com 400.000 km – tanto quanto um táxi paulistano com cinco anos de uso – e uma das maiores locadoras de carros exóticos do Reino Unido, com 28 carros.
Seria um case de empresário de sucesso para a Exame. Contudo, o que nos interessa saber como é e quanto custa manter um superesportivo por 13 anos.
Para a Car And Driver americana, George falou dos gastos que teve com sua macchina italiana.
Considerando que o V12 6.2 de 580 cv faz média de 5 km/l com gasolina premium, foram pouco mais de 84.000 libras gastos em combustível, o equivalente a cerca de R$ 500 mil (para facilitar a compreensão, vamos citar os valores convertidos em reais no restante da matéria).
Motor e câmbio ainda são originais do carro, mas o cabeçote já foi retificado três vezes – por duas vezes a culpa foi esticador da correia dentada do motor, defeito crônico dos Murciélago mais rodados. Os três serviços somam R$ 200 mil.
O carro está com o oitavo kit de embreagem. Detalhe: a troca da embreagem exige a retirada do motor, um serviço demorado e caro.
O esportivo também trocou de pneus 21 vezes (ou seja, foram comprados 84 pneus), quase sempre acompanhadas de trocas das pastilhas de freio foram trocadas ao mesmo tempo. A troca dos discos de freio se repetiu por 13 vezes, sempre a cada 30.000 km. Também entra na conta os gastos com impostos e seguro, aproximadamente R$ 140 mil.
Mas o seguro não cobriu um acidente no circuito de Chobham em 2012. A pista estava molhada, o cliente perdeu o controle do carro e colidiu com uma árvore. O motorista e o instrutor não se machucaram, mas o Lambo teve danos no teto, na frente e o chassi foi danificado. O conserto demorou nada menos que quatro anos e custou R$ 365 mil.
Os gastos totais ao longo dos treze anos e 400.000 km são estimados, por baixo, em 498 mil libras, quase três vezes o valor do carro quando novo. Convertendo para nossa moeda, são R$ 2,02 milhões!
Hoje, os Murciélago pouco rodados são vendidos por mais do que custaram novos. Mas George acredita que seu carro, que proporcionou prazer de dirigir a tanta gente, tenha mais valor dividido em peças do que inteiro.
E por sinal, ele nem pensa em se desfazer do carro: o esportivo é seu carro do dia a dia e está nos planos uma viagem com ele até a fábrica da Lamboghini em Sant’Agata Bolognese, na Itália.