Esportivos nacionais já foram mais adorados pela indústria automotiva nacional. Nos últimos anos, porém, este cenário mudou um pouco após as chegadas de Peugeot 208 GT e Renault Sandero R.S.
Ambos se juntam ao Volkswagen Golf GTI para formar a trinca de modelos esportivos feitos no Brasil – o Up! TSI até poderia ser o quarto elemento desta lista, mas a VW ainda não oferece uma versão verdadeiramente esportiva como o Up! GTI, que será lançado na Europa no começo de 2018.
Apesar dessa recente leva de lançamentos, ainda não chegamos ao patamar das décadas anteriores. O veto à importação de veículos fazia a alegria das montadoras “nacionais”, que lançavam versões esportivas de seus modelos mais vendidos para atender a demanda dos fãs de desempenho.
Independente da época, fica a pergunta: seriam os esportivos nacionais tão superiores em comparação às versões “normais”? Para tirar a dúvida, comparamos três esportivos de hoje e três ícones do passado com seus respectivas versões pacatas topo de linha.
Peugeot 208 GT x Peugeot 208 Griffe
O design jovial do Peugeot 208 já seduz quem procura esportividade. Por isso, os desavisados podem até pensar que as versões GT e Griffe nem são tão diferentes assim. Ledo engano. O 208 GT entrega 173/166 cv e 24,5 mkgf de torque máximo do eficiente motor 1.6 THP, empregado em vários modelos maiores e mais caros do grupo PSA.
Na pista de testes, onde o GT precisou de 8,2 segundos para ir de 0 a 100 km/h – exatamente o mesmo tempo necessário para retomar a velocidade de 80 a 120 km/h.
O 208 GT também encanta quem gosta de um visual diferente. Alguns detalhes são pintados em vermelho e o aerofólio em preto brilhante cai com uma luva na carroceria vermelha ou branca.
O 208 Griffe também não decepciona na hora de acelerar. Avaliamos o hatch em duas ocasiões: o primeiro contato ocorreu em 2014, quando testamos a versão Griffe 1.6 com câmbio manual, enquanto o segundo aconteceu neste ano, quando dirigimos o 208 com o novo câmbio automático de seis marchas.
PEUGEOT 208 GRIFFE 1.6 | PEUGEOT 208 GT 1.6 THP | |
ACELERAÇÃO | ||
de 0 a 100 km/h: | 12,5 s | 8,2 s |
de 0 a 1.000 m: | 34,1 s – 150,1 km/h | 29,1 s – 178,3 km/h |
RETOMADA | ||
de 40 a 80 km/h (3ª marcha): | 7,9 s | 4,5 s |
de 60 a 100 km/h (4ª marcha): | 11,4 s | 5,7 s |
de 80 a 120 km/h (5ª marcha): | 18,8 s | 8,2 s |
FRENAGENS | ||
60/80/120 a 0 km/h: | 17,2 / 30,2 / 70 m | 15 / 26,1 / 60 m |
CONSUMO | ||
Urbano: | 8 km/l | 10,6 km/l |
Rodoviário: | 11,2 km/l | 14,2 km/l |
FORD ESCORT GHIA X ESCORT XR3
Não dá para falar em esportivos nacionais sem lembrar do Ford Escort XR3. Ícone dos anos 80, o modelo tinha o mesmo motor 1.6 CHT da versão Ghia (que rendia 73,4 cv com álcool), mas recebeu alterações nas válvulas, dutos de admissão, comando de válvulas, carburador e curva de ignição para chegar aos 82,9 cv.
Infelizmente, nenhuma das versões do Escort seduzia pelo desempenho. O Ghia precisava de 13,3 segundos para sair da imobilidade e atingir os 100 km/h, praticamente um segundo mais lento do que o XR3.
Os números de frenagem também eram parelhos e, surpreendentemente, ambos ficariam separados por apenas 0,1 segundo na prova de retomada de 40 a 80 km/h: o Ghia levava 17,8 segundos e o XR3, 17,9 segundos.
A prova definitiva a favor do Ghia surgia na medição de consumo, com uma média de 11,1 km/l contra 9,6 km/l do XR3. Ou seja, adquirir o esportivo era uma compra estritamente emocional, principalmente considerando que a versão XR3 custava mais do que a luxuosa Ghia.
Se o desempenho não fazia jus à proposta esportiva (deficiência rapidamente notada pela própria Ford, que realizou diversas modificações nos anos seguintes para tentar amenizar a falta de potência do carro), pelo menos o visual nunca foi um problema para o XR3.
A primeira geração tinha defletor dianteiro, rodas de liga leve exclusivas, aerofólio, teto solar e até lavadores dos faróis, acessório bastante raro de se ver no Brasil.
Os anos se passaram e o XR3 perdeu seu charme, mas, em contrapartida, ganhou fôlego com a troca do velho CHT pelo AP 1.8 de origem Volkswagen.
FORD ESCORT GHIA 1.6 | FORD ESCORT XR3 1.6 | |
ACELERAÇÃO | ||
de 0 a 100 km/h: | 13,3 s | 12,4 s |
de 0 a 1.000 m: | – | – |
RETOMADA | ||
de 40 a 80 km/h (3ª marcha): | 17,8 s | 17,9 s |
de 60 a 100 km/h (4ª marcha): | – | – |
de 80 a 120 km/h (5ª marcha): | – | – |
FRENAGENS | ||
60/80/120 a 0 km/h: | 16,5 / 29,1 / 65,4 m | 16,9/ 30 / 67,6 m |
CONSUMO | ||
Média | 11 km/l |
9,6 km/l |
VW Golf GTI x Golf Highline 1.4 TSI
Todo fã do Volkswagen Golf conhece o poder da sigla GTI. Lançada no começo dos anos 70, a versão esportiva está presente nas sete gerações do hatch médio e consegue ser ainda mais prazerosa de dirigir do que o Golf 1.4 TSI.
Fabricado no Brasil desde 2016, o Golf GTI leva apenas 6,7 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h (contra 9,5 segundos da versão 1.4 TSI) e precisa de meros quatro segundos para completar a retomada de 80 a 120 km/h – o 1.4 realiza a mesma tarefa em 6,7 segundos.
Vale lembrar que só o Golf 1.4 trocou a antiga caixa DSG por uma automática convencional de seis marchas no processo de nacionalização; o GTI manteve a transmissão automatizada de dupla embreagem com seis marchas.
O GTI dá um banho de exclusividade quando o assunto é design. Só ele traz detalhes clássicos da linhagem esportiva da VW, como o friso vermelho na parte inferior da grade frontal e a opção do revestimento xadrez dos bancos.
O único ponto em que os dois modelos se aproximam é nos números de frenagem. O GTI perde para o 1.4 TSI nos índices de consumo urbano e rodoviário. (10,8 e 15,4 km/l contra 12,3 e 15,9 km/l).
E também custa bem mais: o Golf 1.4 TSI sai por R$ 107.600 e o GTI pode ser seu por R$ 132.250. Se dinheiro não for problema, não pense duas vezes: fique com o Golf GTI e seja feliz.
VW GOLF 1.4 TSI | VW GOLF GTI 2.0 | |
ACELERAÇÃO | ||
de 0 a 100 km/h: | 9,5 s | 6,7 s |
de 0 a 1.000 m: | 30,7 s – 169,5 km/h | 26,5 s |
RETOMADA | ||
D de 40 a 80 km/h: | 4 s | 2,7 s |
D de 60 a 100 km/h: | 5,2 s | 3,3 s |
D de 80 a 120 km/h: | 6,7 s | 4 s |
FRENAGENS | ||
60/80/120 a 0 km/h: | 14,7 / 26,6 / 62,3 m | 15,1/26,5 /62,4 m |
CONSUMO | ||
Urbano: | 12,3 km/l | 10,8 km/l |
Rodoviário: | 15,9 km/l | 15,4 km/l |
Chevrolet Kadett GS x Kadett SL/E
O Chevrolet Kadett GS agradava tanto pelo design quanto pelo desempenho, mas a superioridade na pista de testes não foi tão latente assim frente ao Kadett SL/E.
Curiosamente, ambos aproveitavam motorizações do Monza: o GS era movido por um 2.0 de 110 cv e o SL/E extraía 95 cv do motor 1.8.
Apesar da diferença de potência, o esportivo foi menos de dois segundos mais rápido na prova de 0 a 100 km/h e praticamente empatou nos números de frenagem e nível de ruído. Apenas no consumo de combustível é que o GS venceu por larga vantagem.
Pelo menos a versão esportiva oferecia um visual de encher os olhos, trazendo para-choques exclusivos, belas rodas de liga leve, aerofólio e painel com fundo laranja, entre outros detalhes. Todos estes itens só serviam para embelezar ainda mais as linhas modernas do Kadett.
CHEVROLET KADETT SL/E 1.8 | CHEVROLET KADETT GS 2.0 | |
ACELERAÇÃO | ||
de 0 a 100 km/h: | 12,2 s | 11,4 s |
de 0 a 1.000 m: | – | – |
RETOMADA | ||
de 40 a 80 km/h (3ª marcha): | 13,9 s | 10,2 s |
de 60 a 100 km/h (4ª marcha): | – | – |
de 80 a 120 km/h (5ª marcha): | – | – |
FRENAGENS | ||
60/80/120 a 0 km/h: | 18,6 / 33 / 74,3 m | 18,4/ 32,7/ 73,6 m |
CONSUMO | ||
Média | 11,7 km/l | 9,3 km/l |
Renault Sandero Dynamique x Sandero R.S.
A Renault soube honrar o rótulo de esportivo com o Sandero R.S. O primeiro modelo desenvolvido pela Renault Sport fora da Europa não tem nenhuma semelhança com a versão Dynamique.
A principal diferença está no motor: enquanto o Sandero Dynamique sai de fábrica com o motor 1.6 16V SCe de 118/98 cv e a transmissão de cinco marchas, o R.S. adota o 2.0 16V aspirado e câmbio manual de seis velocidades, ambos oriundos do Duster.
Mas não pense que a Renault fez um mero transplante do SUV para o hatch. As relações da caixa foram encurtadas, a central eletrônica foi remapeada e o coletor de admissão foi trocado por uma peça 20% mais larga.
O duto de admissão foi reposicionado para favorecer a refrigeração e, por fim, os canos de escape tiveram o diâmetro alongado em 0,5 mm – com inclusão de um novo silenciador. Na prática, as alterações elevaram a potência de 148 para 150 cv e alteraram o som saído do escapamento duplo.
A superioridade do Sandero R.S. surge logo na aceleração de 0 a 100 km/h, na qual o esportivo precisa de 10 segundos para realizar a tarefa, ante 10,7 segundos da versão Dynamique 1.6. Nas retomadas, o R.S. precisou de 8,8 segundos para ir de 80 a 120 km/h, ante 19,6 segundos do Sandero 1.6.
Nas frenagens, o R.S.precisou de 63,7 metros partindo de 120 km/h até parar totalmente, enquanto o Dynamique realizou a mesma tarefa em 59,7 metros. Os méritos vão para o sistema de freios com discos nas quatro rodas – o Sandero 1.6 usa tambores na traseira.
Além de todas as melhorias citadas anteriormente, o Sandero R.S. também teve a suspensão rebaixada em 26 mm e recebeu molas 92 % mais rígidas na dianteira e 10% atrás. Por fim, o R.S. ganhou controles de estabilidade e de tração. Diante de tudo isso fica fácil decidir qual Sandero é o melhor…
SANDERO R.S 2.0 16V | SANDERO DYNAMIQUE 1.6 SCe | |
ACELERAÇÃO | ||
de 0 a 100 km/h: | 10 s | 10,7 s |
de 0 a 1.000 m: | 31,6 s – 163,8 km/h | 32,2 s – 161 km/h |
RETOMADA | ||
de 40 a 80 km/h (3ª marcha): | 5 s | 7 s |
de 60 a 100 km/h (4ª marcha): | 6,5 s | 10,3 s |
de 80 a 120 km/h (5ª marcha): | 8,8 s | 19,6 s |
FRENAGENS | ||
60/80/120 a 0 km/h: | 16 / 27,1 / 63,7 m | 15,4 / 26,7 / 59,7 m |
CONSUMO | ||
Urbano: | 8,6 km/l | 11,7 km/l |
Rodoviário: | 14 km/l | 14,2 km/l |
Volkswagen Gol GTi x Gol GL 1.6
Desempenho nunca foi lá um problema para o valente motor AP 1.6 do Volkswagen Gol GL.
Mas era difícil igualar o mítico GTi. Primeiro modelo brasileiro a sair de fábrica com injeção eletrônica, o esportivo superou o Gol GL 1.6 (em 1988, a motorização 1.8 era oferecida apenas no esportivo GTS) em todas as provas de desempenho.
Equipado com o conhecido motor AP-2000 de 120 cv, o GTi foi quase 1,5 segundo mais rápido na prova de aceleração de 0 a 100 km/h e 4,4 segundos mais ágil na retomada de 40 a 80 km/h.
A superioridade da versão esportiva também apareceu nos testes de frenagem (principalmente na prova de 120 a 0 km/h) e até no consumo de combustível.
Melhor do que isso só o visual típico dos anos 80, que incluía um par de faróis de neblina, o belo volante de quatro bolas e a pintura em dois tons combinando azul e cinza.
VW GOL GL 1.6 | VW GOL GTi 2.0 | |
ACELERAÇÃO | ||
de 0 a 100 km/h: | 11,5 s | 9,7 s |
de 0 a 1.000 m: | – | – |
RETOMADA | ||
de 40 a 80 km/h (3ª marcha): | 15,1 s | 10,7 s |
de 60 a 100 km/h (4ª marcha): | – | – |
de 80 a 120 km/h (5ª marcha): | – | – |
FRENAGENS | ||
60/80/120 a 0 km/h: | 16,9 / 30,1 / 67,8 m | 14,7/ 26,4 / 59,5 m |
CONSUMO | ||
Média | 10 km/l | 13 km/l |