QUATRO RODAS de setembro: destrinchamos todas as picapes do Brasil!
O segmento das picapes foi o que mais cresceu em vendas no primeiro semestre de 2023. Nada melhor do que conhecer absolutamente tudo que ele tem a oferecer
O Brasil não apenas ama picapes: o veículo mais vendido do país é a Fiat Strada, que, junto da Toro, deu ampla vantagem à italiana no segmento. Mas a concorrência veio com tudo, e 2023 viu uma quantidade inédita de lançamentos.
O ano começou com a Chevrolet Montana, com sua proposta de “SUV com caçamba”. A Ram Rampage também se destacou, preenchendo uma lacuna entre caminhonetes intermediárias e médias, se valendo da construção monobloco.
Entre os nomes bem conhecidos, ganhamos a Ford F-150 e a Chevrolet Silverado — gigantes que completam o trio de campeãs de vendas dos EUA junto à Ram 1500. Mas não para por aí: o Brasil já conta com uma discreta caminhonete elétrica à venda, terá modelos híbridos flex produzidos a partir do ano que vem e ainda vislumbra outras possibilidades.
Não à toa, o Especial Picapes é a capa da edição de setembro de QUATRO RODAS: o guia completo do segmento que, há muito tempo, já vai além do trabalho e das estradas de terra.
Mas não para por aí!
BYD SEAL A BYD parece ter apertado o passo no Brasil após a chegada da GWM no país. Em apenas dois meses, a chinesa lançou o revolucionário Dolphin (mostrado na edição 772, de agosto), anunciou a instalação de uma fábrica em Camaçari (BA) e agora apresenta o Seal, sedã médio elétrico capaz de andar junto com um esportivo do naipe do Porsche Taycan (com o qual tem semelhanças visuais), mas custando bem menos.
O preço do Seal, aliás, é um dos seus principais atrativos. Ele custa R$ 296.900, entregando dois motores e tração integral, com 530 cv e 60,2 kgfm. É a mesma potência de um Porsche Taycan 4S, indo de 0 a 100 km/h só 0,2 s mais lento que o modelo alemão. Mas será que acelerar feito seus pares é suficiente?
BMW iX1 O novo carro elétrico mais barato da marca chega ao Brasil menos de um ano após ser apresentado ao mundo. Por aqui, ele estreia em configuração única, a topo de linha xDrive30 M Sport, que adota um pacote visual esportivo e sai por R$ 421.950. O valor é apenas 20% maior do que o da versão mais cara com motor a gasolina, a sDrive20i M Sport, de R$ 349.950, que tem potência e desempenho bem mais conservadores.
Na aparência, o iX1 é praticamente idêntico ao X1 a combustão, com o mesmo pacote visual M Sport. Essa discrição faz parte de um posicionamento da BMW, que não vê mais sentido em promover grandes diferenciações entre seus carros térmicos e elétricos, já que os elétricos estão cada vez mais presentes no mercado global.
Audi RS6 e RS7 Com exceção da Porsche, que declarou seu amor pela gasolina sintética, outras marcas, mesmo que esportivas, já começam a aposentar motores a combustão. Foi assim com a Lotus, com a Jaguar e agora é a vez da Audi (que, como a Porsche, pertence ao Grupo VW).
Sua divisão esportiva Audi Sport apresentou simultaneamente, mês passado, duas versões de despedida: a perua RS6 e o cupê de quatro portas RS7, que já é eletrificado: híbrido leve. As próximas gerações desses modelos, previstas para 2030, serão 100% elétricas.
Além de novidades visuais, o capô, com seu poderoso V8, recebeu turbocompressores maiores (são dois) com mais 0,2 bar de pressão e uma central remapeada. Foi possível alcançar um incremento de potência, de 600 cv para 630 cv; e de torque, de 81,6 kgfm para 86,7 kgfm.
RALLY DOS SERTÕES 2023 A Mitsubishi L200 Triton Sport Racing tem a cara da picape feita em Catalão (GO), mas na verdade é uma bolha de fibra de carbono e Kevlar com caçamba vazada e montada num chassi de rali cross-country da sul-africana WCT Engineering e homologado para a categoria T1 FIA.
Esse chassi tem suspensões independentes com dois amortecedores Reiger por roda para controlar os 28 cm de curso, freios traseiros com circuito de arrefecimento por água e, para permitir a troca de pneus em menos de 2 minutos, um par de estepes sob o assoalho e macacos hidráulicos que sobem o carro em segundos.
Para experimentar na pele como é estar em uma caminhonete que concorre no Rally dos Sertões 2023, nos juntamos ao pentacampeão do Sertões, Guilherme “Guiga” Spinelli, em sua preparação para a prova anual.
ALÉM DISSO: Hyundai Kona HEV, Ram Rampage, Peugeot 508 PSE SW, Nissan Ariya e muito mais.
A distribuição às bancas e assinantes de todo o Brasil começou hoje (1º/9), mas o prazo de chegada pode variar dependendo da região.
Carta ao Leitor: A vez das picapes
É difícil precisar por que um segmento de mercado avança. Pode ser porque o consumidor resolveu comprar aquele tipo de veículo por conta de desejo ou necessidade. Pode ser que a indústria resolveu incrementar a oferta, com lançamentos, promoções. Normalmente, a indústria identifica a oportunidade e o mercado reage. Mas a oportunidade só surge porque o mercado sinalizou. Difícil dizer quem nasceu primeiro.
O segmento das picapes foi o que mais cresceu em vendas no primeiro semestre deste ano: 2%, em relação a 2022 inteiro. Foi o dobro do crescimento dos SUVs, com 1%. Considerando o volume total, os SUVs são os líderes, com 41% das vendas. Picapes, com 19% de participação, ficaram em terceiro, perdendo também para os hatches, com 24%. Mas à frente dos sedãs, com 13%. Hatches e sedãs perderam participação no primeiro semestre em 1% e 3%, respectivamente.
O mercado de picapes tem algumas particularidades no Brasil. O país talvez seja o único com tanta variedade de marcas e tamanhos. Das pequenas, uma criação europeia, às grandes, americanas, passando pelas intermediárias – que, até onde se sabe, surgiram por aqui.
No dossiê, que ocupa 15 páginas desta edição, há 20 modelos que, multiplicados pelas respectivas versões, chegam a 85 opções. Sem falar na JAC elétrica, mostrada à parte. A categoria das compactas está diminuindo, em parte por culpa da Fiat, que há anos lidera o segmento de uma forma devastadora, desestimulando a concorrência.
A Ford, com a Courier, há muito tempo, e a GM, ao migrar a Montana para o segmento das intermediárias, recentemente, jogaram a toalha. A Peugeot, ainda novata no Brasil, fez uma incursão no segmento com a Hoggar, mas não deu continuidade. A única que resistiu – chegando a liderar o mercado nos anos 1990, quando a Fiat ainda tinha a Fiorino – foi a VW, que agora está renovando a Saveiro (que segue com a plataforma PQ24 do Gol, que ganhou em 1999).
A Strada da Fiat é líder desde 2000 (foi lançada em 1998). E, nos últimos tempos, tem liderado não só o ranking de vendas das picapes, mas também dos veículos no mercado nacional. O que prova que o encolhimento das opções no mercado não é por falta de compradores.
Como compensação à timidez das pequenas, as intermediárias estão ganhando força, e as grandes, que não existiam antes, também não param de crescer.
Ao contrário de hatches e sedãs, as picapes não perderam espaço para os SUVs. Pelo contrário, se beneficiaram, porque conseguem satisfazer os mesmos consumidores, em termos aspiracionais. Quando não servem como veículo de trabalho, picapes são variações do mesmo tema em relação aos SUVs, lembrando que, no passado, elas cederam seus chassis de longarinas para os SUVs. E, agora, os SUVs cedem suas estruturas monoblocos, para elas.
Boa leitura.