A aliança formada por Renault, Nissan e Mitsubishi anunciou nesta quarta-feira (27) um plano amplo de racionalização de todas as operações em nível global.
Aguardado com certo temor, devido à forte possibilidade do fechamento de fábricas em todo o mundo, o cronograma prevê a unificação de processos produtivos e plataformas, além de uma divisão mais racional de “tarefas” entre as marcas. O objetivo, obviamente, é reduzir custos e aumentar a produtividade.
Para cada diferente regional, a marca mais forte em vendas será considerada a “líder”, tendo prioridade no desenvolvimento de projetos.
Se na América do Norte e China a principal marca será a Nissan, na Europa e na América do Sul a responsabilidade ficará com a Renault.
No entanto, produtos ou segmentos específicos em que uma marca tenha maior apelo e solidez serão usados como base para gerar derivados “gêmeos” das marcas coirmãs.
Um exemplo é a picape média Nissan Frontier, que já é o ponto de partida na América do Sul para gerar Renault Alaskan. O mesmo ocorrerá em relação à próxima geração da Mitsubishi L200 Triton.
Na Europa, a Nissan deve ter a mão forte entre modelos médios e a Renault, entre os compactos.
No caso específico do Brasil, todos os sete veículos feitos localmente por Renault e Nissan passarão a usar uma única base, a matriz modular CMF-B, a mesma que já dá vida à nova geração do Versa.
Segundo uma projeção ilustrada pela aliança durante a apresentação, o Brasil fará sete compactos a partir da plataforma CMF-B: dois hatches, dois sedãs e três SUVs.
Embora nomes não tenham sido apontados, fica fácil deduzir que estamos falando das novas gerações de Sandero e March e de Logan e Versa, que passarão a pertencer a uma só família.
Ao mesmo tempo, os irmãos Duster e Captur passariam a compartilhar estrutura construtiva com o Kicks. Os motores, ao que tudo indica, serão sempre de origem Renault.
Ainda, as fábricas de São José dos Pinhais (PR), atualmente usada apenas pela fabricante francesa, e Resende (RJ), por enquanto aproveitada só pela Nissan, passariam a ser compartilhadas entre ambas.
Uma faria os hatches e sedãs, enquanto a outra, os SUVs. Ainda não há detalhes sobre qual complexo ficaria com quais produtos, mas é lógico imaginar que Resende, cuja capacidade é menor, fique com os SUVs.
Os prazos para implantação do projeto também não foram divulgados.
O plano não menciona o Kwid, construído sobre a CMF-A, voltada a subcompactos, mas que continuará em produção por mais alguns bons anos, já que ainda está na metade inicial do ciclo de vida de sua atual geração.
Por outro lado, praticamente descarta a fabricação local de qualquer produto CMF-C, como o SUV cupê Renault Arkana (que chegou a ser fortemente cogitado) e os médios Nissan Sentra e X-Trail.
A meta da aliança, com o plano, é muito otimista: fabricar 300.000 veículos por ano no Brasil a partir da plataforma CMF-B, seja para atender o mercado interno quanto para exportar.
Vale lembrar que a Mitsubishi não faz parte da reestruturação em âmbito nacional, porque aqui sua operação é capitaneada por uma representante oficial, a HPE, com fábrica em Catalão (GO).
Porém, globalmente, a marca japonesa especializada em utilitários terá papel importante no projeto, ficando responsável pelo desenvolvimento de sistemas híbridos para modelos dos segmentos C e D de toda a aliança.
A Nissan cuidará das áreas de condução autônoma, elétricos (plataforma CMF-EV), conectividade na China, kei cars japoneses, motores térmicos de maior capacidade cúbica e veículos médios e grandes no geral.
A Renault ficará incumbida de criar centrais multimídias com base no sistema Android para mercados emergentes, como o Brasil, arquitetura eletro-eletrônica, motorização a diesel ou a gasolina de menor deslocamento e eletrificação de veículos compactos e subcompactos.
Após a divulgação do plano, a Nissan confirmou o fechamento das fábricas de Barcelona (Espanha) e da Indonésia até o fim deste ano, e reduzir sua capacidade produtiva e gama global de produtos em 20%.
Além disso, a marca japonesa deixará de atuar na Coreia do Sul e em outros pequenos mercados asiáticos ainda não informados. Já a Datsun, sua subsidiária de baixo custo, abandonará o mercado russo e focará apenas na Índia.
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