Renault Kardian é maior e tem 1.0 turbo mais forte contra Pulse e Nivus
Novo SUV compacto da Renault será lançado em janeiro para marcar início de nova fase da marca
A Renault prometeu uma renovação de sua linha e esse processo começa em janeiro, quando será o lançamento oficial do Renault Kardian no Brasil. Será o novo carro de briga da marca francesa entre os SUVs compactos mais baratos e o responsável por estrear plataforma nova, mecânica inédita e alguns conceitos novos.
O Renault Kardian será um rival para os SUVs compactos mais baratos, como Fiat Pulse, Nissan Kicks e VW Nivus. Sua origem também é um hatch, no caso, a nova geração do Dacia Sandero Stepway.
A Renault esteve a um passo de fazer os novos Sandero e Logan no Brasil, mas optou por focar no Kardian e em outros novos produtos, como uma nova geração do Duster e uma picape intermediária maior para substituir a Oroch. Fazer dinheiro com volume não é mais o seu principal objetivo.
Todos esses novos carros serão baseados na plataforma CMF-B, que está sendo lançada no Brasil pelo Kardian, e serão mais caros e rentáveis. É uma enorme guinada para uma marca que esteve focada em carros de baixo custo no Brasil desde 2007, uma estratégia que seguirá apenas com o Kwid.
A expectativa é que o Renault Kardian custe entre R$ 110.000 e R$ 140.000. Mas não basta cobrar mais caro, é preciso demonstrar esse valor. Agora conhecemos o resultado do esforço dos designers e engenheiros para isso.
No visual, o capô é mais alto e tem vincos mais marcados, enquanto a grade é brilhante e tem o formato de pequenos logotipos da Renault. O para-choque dianteiro aproveita parte das linhas do Dacia, mas os faróis full-led ficam ao centro da peça e os DRLs e setas, na parte superior. E ainda tem os faróis de neblina, também de led, na base. A parte mais baixa da peça é prateada.
O design mais elaborado é visto também nas saias laterais, mas as portas são as mesmas do novo Sandero, com maçanetas baixas que não permitem que o Kardian pareça mais alto do que é. As grandes caixas de roda fazem os aros 17 diamantados, calçados com pneus de perfil alto, parecem pequenos. A versão de entrada terá rodas aro 16 com calotas de duas cores.
Atrás, as lanternas em forma de ‘C’ com efeito 3D são muito mais atraentes e a tampa do porta-malas tem vincos que valorizam os volumes do carro. O para-choque traseiro tem a parte preta mais saliente e tem outro aplique prateado na base.
Coube à engenharia completar o efeito com a suspensão (McPherson na frente e eixo de torção atrás) completamente diferente, a ponto de ter 21 cm de altura livre do solo. Como os balanços dianteiro e traseiro são curtos, os 20° de ataque e 36° de saída evitam que o Kardian sofra com valetas e lombadas.
Uma das propostas dessa renovação da Renault no Brasil é se desvencilhar dos Dacia e da imagem deixada pelos seus modelos de baixo custo. Mas ainda há semelhanças com o novo Sandero. De acordo com o vice-presidente de Performance e Produto da Renault, Bruno Vanel, isso vem do compartilhamento da plataforma, mas os objetivos a serem atendidos pelos carros de cada marca são diferentes.
“Ele tem quase o mesmo tamanho do Dacia, mas “quase” não é “o mesmo”. Não é o mesmo eixo dianteiro, não é o mesmo eixo traseiro, não é o mesmo entre-eixos, não é a mesma arquitetura eletrônica, não é o mesmo tamanho de roda, não é mesma altura do solo, não é o mesmo console, não é o mesmo quadro de instrumentos digital…”, reforçou Vanel.
Mas um elemento especial valeu a pena herdar do Dacia Stepway. As barras longitudinais no teto são um pouco altas, mas muito funcionais. Além de suportarem 80 kg, podem ser colocadas na transversal para facilitar o uso com carga. Ainda que uma chave seja necessária para isso, ainda é melhor que comprar barras como acessório.
A sorte é que, por conta da plataforma CMF-B, ser parecido com a nova geração do Sandero também representa ser parecido com o atual Renault Clio europeu, quem realmente estreou essa plataforma alguns anos atrás. Pelo menos do ponto de vista técnico.
Ao abrir as portas, o nota-se novos esforços do time de designers para meio que temperar o painel do Sandero mais novo. A parte superior do painel é a mesma, com direito à central multimídia de 8 polegadas (com Android Auto e Carplay sem fio) destacada na parte superior. Isso por si só é uma evolução: não se vê mais o recorte para os airbags como no Sandero e no Logan.
Incrementaram o painel com um vinil com costuras laranjas na faixa acima das saídas de ar, pelo menos para as versões mais caras, pois as outras terão um plástico cinza texturizado. Ainda tem uma luz ambiente nas portas cuja cor vai combinar com o fundo da central multimídia, e uma área acolchoada maior para o apoio do braço nas portas.
São detalhes mínimos que no todo fazem diferença. É o caso da atenção ao tecido dos bancos e até ao conforto e posição deles (a amplitude do ajuste de altura do motorista é muito maior), na iluminação nos botões dos vidros elétricos e nas quatro portas USB (2 na frente e 2 atrás), no ajuste da direção, que ainda despenca no colo mas é telescópico, e na presença de freio de estacionamento eletrônico e de seletor de câmbio do tipo joystick.
Por sinal, a Renault prometeu seis airbags, central multimídia e o quadro de instrumentos digital de 7 polegadas em todas as versões. Mas alerta de pontos cegos, câmeras de visão 360°, frenagem de emergência e piloto automático adaptativo (sem stop&go) ficarão restrito às mais caras.
Falando em versões, suas nomenclaturas seguirão o padrão dos Renault europeus. A versão base será a Evolution, passando para a intermediária Tecno e chegando na topo de linha Iconic. O Kardian Premiere Edition, por sua vez, será uma série especial de lançamento na cor laranja Energie com teto pintado de preto.
Mecânica inédita no Brasil (em partes)
A mesma Renault que outrora deixava os motores 8V nas versões mais baratas e os 16V nas mais caras, agora traz um 1.0 12V turbo com injeção direta flex. Esse três-cilindros é da mesma família do quatro-cilindros 1.3 turbo e estará nas principais versões do Kardian.
As credenciais desse 1.0 TCe sãos os 125 cv e 22,4 kgfm entre 2.000 e 4.000 rpm quando com álcool. É o maior torque entre os motores 1.0 turbo, com vantagem de 2 kgfm frente a Nivus e Pulse. No Clio, não passa dos 100 cv e 16,2 kgfm.
Outra estreia interessante é o câmbio automático de dupla embreagem úmida com seis marchas, que a Renault chama de DW23. Ele é fabricado na China pela Magna-Getrag e sua escolha tem a ver com mudanças inesperadas na cadeia de suprimentos por conta da guerra na Ucrânia (a Renault encerrou suas atividades na Rússia por conta dos embargos econômicos.)
O DW23 é diferente do câmbio DCT usado pela Renault na Europa (certamente por ser mais barato), mas promete ser mais eficiente que o atual CVT da linha. Ele também deverá constar em futuros modelos da marca no Velho Continente.
Mas só saberemos se o Renault Kardian anda bem e se seu novo motor 1.0 turbo realmente é econômico entre janeiro e março, o intervalo de tempo entre o lançamento e as primeiras entregas.
Fotos do Renault Kardian 2024
O Renault Kardian estreia no Brasil e será exportado para mais de 20 países latino-americanos a partir da fábrica de São José dos Pinhais (PR). Mas sua produção também está confirmada para o Marrocos, de onde partirá para mercados da África, do Oriente Médio e de parte da Europa.
Ficha Técnica – Renault Kardian
Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cilindros, 12V, 999 cm³, 125 cv a 5.750 rpm (etanol), 22,4 kgfm entre 2.000 e 4.000 rpm (E)
Câmbio: automático de dupla embreagem, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: ind. McPherson (diant.), eixo de torçãp (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 205/55 R17
Peso: n/d
Dimensões: comprimento, 411,9 cm; largura, 202,5 cm; altura, 159,5 cm; entre-eixos, 260,4 cm; porta-malas, 358 l