Desconto de até 39% OFF na assinatura digital
Continua após publicidade

Renault vende operação russa ao governo de Putin por sete centavos de real

Maior fabricante do país, Renault desiste da Rússia devido ao agravamento de sanções. Carros feitos pelo governo perderão até ABS, dizem analistas

Por Eduardo Passos
28 abr 2022, 14h09
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Desde o início da guerra na Ucrânia, a Renault vem tentando manter as operações na Rússia, onde lidera com largas margens. A montadora francesa, entretanto, acaba de jogar a toalha, vendendo suas operações locais ao governo russo.

    Assine a Quatro Rodas a partir de R$ 9,90

    A Renault controlava, desde 2007, 68% da icônica fabricante russa Lada por meio da empresa AvtoVAZ, além de produzir modelos próprios e da Nissan. A união frutífera permitiu que, dos dez carros mais vendidos no país em 2021, três, incluindo os dois primeiros, Vesta e Granta, fossem da Lada, com o Renault Duster em nono lugar. 

    Ao todo, 30% do mercado automotivo russo pertencia à Renault, com 45.000 pessoas empregadas nas atividades locais. Com as sanções e restrições causadas pela guerra de Vladimir Putin, entretanto, foi se tornando cada vez mais difícil operar no país. 

    De bilhões a centavos

    Segundo The Wall Street Journal, quando deflagrado o conflito, a marca logo procurou um jeito de cessar atividades no país, ao mesmo tempo que produzia o que dava com as peças em estoque nas fábricas locais.

    Com o prosseguimento da guerra, porém, o prejuízo foi grande, uma vez que salários e fornecedores eram pagos, mas as vendas despencavam. No final de março, férias coletivas foram dadas para repor estoque e encontrar soluções, que não foram das melhores.

    Governo russo já comanda fábrica de 65.000 m² em Moscou
    Governo russo já comanda fábrica de 65.000 m² em Moscou (Divulgação/Renault)

    Com valor estimado em R$ 12 bilhões, a fatia da Renault na AvtoVAZ foi transferida para o governo russo, anunciou a agência RIA Novosti. A avaliação de mercado deu lugar ao valor simbólico de um rublo, que, na cotação atual, corresponde a algo como R$ 0,07.

    Continua após a publicidade

    Segundo Denis Manturov, ministro de Comércio e Indústria da Rússia, a montadora francesa poderá comprar sua parte de volta em “cinco ou seis anos”. Manturov não especificou se a recompra seria feita pelo mesmo valor, mas adiantou: qualquer investimento feito por Moscou será cobrado.

    Vacas magras

    Daqui em diante, tudo que a Renault fazia na Rússia será realizado por órgãos e institutos estatais. A fábrica de Moscou, onde foram produzidos 75.835 carros em 2020 — incluindo o Nissan Terrano e os Renault Duster, Kaptur e Arkana — já está em posse do regime de Putin, disse o ministro.

    Segundo a imprensa local, os funcionários da AvtoVAZ trabalharão quatro dias por semana, durante os próximos três meses. Em maio, a ideia é gastar o estoque feito durante as férias forçadas, com problemas graves começando em junho.

    Continua após a publicidade
    lada_vesta_sw_cross_341
    Carro mais vendido da Rússia em 2021, Lada Vesta terá versão “pé-de-boi” como única opção, acreditam analistas (Divulgação/Lada)

    Em entrevista à rádio Sputnik, o jornalista automotivo Maksim Kadakov traçou um panorama sombrio para a Lada, que já vende 37% a menos que no ano passado. “Carros em versões sem nenhum componente eletrônico como, por exemplo, ABS, serão feitos a partir de junho”.

    “Posso dizer que esses carros em versões simplificadas não parecerão ‘farrapos’, serão carros normais. A AvtoVAZ se esforçará bastante para que pareçam bons veículos”. Segundo Kadakov, tais modelos serão mais baratos e “quem comprar um desses carros entenderá que o carro terá coisas faltantes, mas seguirá sendo um carro”.

    Continua após a publicidade
    Ao todo, 225.128 unidades do Vesta e do Granta (foto) foram vendidas em 2021. Modelos perderão até ABS na fase estatal da Lada
    Ao todo, 225.128 unidades do Vesta e do Granta (foto) foram vendidas em 2021. Modelos perderão até ABS na fase estatal da Lada (Divulgação/Lada)

    Horizonte sombrio

    Com a saída da maior fabricante de carros da Rússia, analista já veem um “guia” para outras montadoras, completou o WSJ. A Stellantis, por exemplo, já interrompeu atividades no país, citando dificuldades logísticas e sanções.

    Parlamentares russos agora buscam aprovar uma nova lei, que permita o confisco de bens das empresas que saiam do país em resposta à guerra na Ucrânia. A medida tem o apoio de Putin e, em sua justificativa, busca defender os empregos e evitar falências.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 6,00/mês

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 14,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.