Existe explicação técnica para a fábrica optar por utilizar rodas com três, quatro ou cinco furos? Ou é só uma questão estética?Luiz Gustavo M. Souza, Miracatu (SP).
É tudo questão de cálculo, tanto do torque a ser transmitido para as rodas quanto da capacidade de carga. Não é absolutamente uma questão estética.
Uma quantidade maior de parafusos permite um diâmetro primitivo dos furos (circunferência virtual que passa pelos centros dos furos) maior e, como consequência, cubos e discos de freio maiores. Também distribui melhor a força de fixação, o que é especialmente bom para as rodas de liga leve.
Além disso, a capacidade de resistir aos torques de frenagem e aceleração é proporcionalmente maior quando há mais parafusos ou pinos. Mesmo nas rodas de fixação central, por porca única, a transmissão de torque é feita por pinos – a porca apenas mantém a roda presa ao seu cubo.
O padrão hoje é de quatro, cinco e seis furos. Mas o Renault Kwid trouxe de volta ao mercado as rodas de três furos – o que causa polêmica entre nossos leitores.
Em se tratando de um carro compacto bem leve, com aproximadamente 800 kg, motor 1.0 e sem grandes pretensões de velocidade e rapidez, o efeito dinâmico tende a não ser percebido.
Não será a primeira vez que um Renault de entrada terá roda de três furos. O Dauphine, vendido entre 1956 e 1967, e seus derivados (Gordini e Interlagos) seguiam esse padrão. Os Ford Corcel e Del Rey, também: eles usavam a plataforma do Renault 4.
Em todos os casos citados, o desenho de três furos não era criticado por questões dinâmicas ou de segurança, e sim pela restrição que os donos de Corcel e Del Rey tinham ao trocar as rodas originais por modelos do aftermarket.
O Kwid, vale lembrar, trará rodas aro 14 com calotas nas duas versões mais baratas (Life e Zen), e rodas aro 14 de liga leve nas versões Intense e Outsider. Por fim, a Renault adotou a Continental como a principal fornecedora de pneus para seus modelos. Ou seja, estão saindo de fábrica bem calçados.