Há semelhanças entre o mercado indiano e o brasileiro que a gente nem imagina. Uma delas é a relação que os donos de automóveis desenvolvem com seus automóveis. Apesar de o país ter um dos maiores índices de pobreza do mundo, o projeto de um carro extremamente barato jamais decolou. Quando a Tata Motors apresentou o Nano, acreditando que o modelo poderia substituir riquixás (os Tuk-Tuk) e motos de baixa cilindrada, o fiasco foi imediato.
O motivo que levou o Nano a ser um fracasso de vendas é justamente sua associação com a ideia de ser um veículo feito para compradores de classes mais baixas. Conhece outro país em que o automóvel é um forte símbolo social? Começa com B.
Mês que vem a Tata Motors começará as vendas do Tigor – a versão sedã do Tiago, hatch compacto de alto volume da montadora indiana. Naquele país, o Tiago equivale ao nosso Palio ou Onix. A empresa espera que a versão sedã, com linhas de estilo semelhantes à de um notchback, repita o sucesso de público do dois-volumes.
Na Índia, o nome Tigor tem sonoridade semelhante à palavra “jaguar”. Você acha que isso é coincidência? De qualquer forma, a Tata não precisa se preocupar com eventuais processos: o grupo Tata Motors é o atual dono da Jaguar Land Rover.
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Quando chegar ao mercado, será o menor sedã oferecido pela Tata, concorrendo com modelos igualmente simples da Honda, Hyundai, Ford, Maruti Suzuki e Volkswagen. O segmento dos compactos, assim como ocorre no Brasil, é o maior da Índia.
A Ford é uma das empresas que notou as semelhanças de consumo entre os dois países. Não por menos, o EcoSport produzido em Camaçari, na Bahia, foi lançado em primeira mão na Índia. E o SUV brasileiro vende muito bem por lá.
Apresentado ao público durante o Salão de Genebra, na Suíça, o Tigor tem 3,98 metros de comprimento, cinco lugares (apesar de comportar só quatro com conforto), câmbio manual de cinco marchas e três opções de motores (1.0 e 1.2 de três cilindros a gasolina ou um 1.5 a diesel).
Há detalhes de estilo comuns ao nosso país, como para-choques pintados na cor do veículo e rodas de liga de 16 polegadas (apesar de o carro ser um compacto). Retrovisores e tetos de preto brilhante, sistema multimídia com USB e forração de plástico e tecido nas portas.
A probabilidade de o Tata Tigor – ou de a Tata Motors – vir ao Brasil é praticamente zero. Mas isso por ora. O grupo só tem contato com o país acerca do setor automobilístico por causa da Jaguar Land Rover. Mas nunca se sabe o dia de amanhã.