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Seis tecnologias automotivas que vieram dos aviões

Freios ABS, HUD, navegação GPS, piloto automático, Drive by Wire: todos eles foram desenvolvidos para aviões e aproveitados em automóveis

Por Leo Nishihata Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 nov 2016, 19h15 - Publicado em 30 nov 2016, 19h09

Freios ABS

Já imaginou ter de parar um Antonov 225 sem freios ABS?
Já imaginou ter de parar um Antonov 225 sem freios ABS? (Reprodução)

Devido aos pesos, velocidades e distâncias envolvidas, frear uma aeronave durante o pouso sempre foi uma tarefa bastante delicada – principalmente com piso molhado. Os primeiros sistemas anti-derrapagem datam da década de 1920, mas foi só nos anos 50 (em plena Guerra Fria) que sua aplicação em aviões começou para valer.

Quase ao mesmo tempo, experiências foram feitas com motocicletas. Em 1966, o inglês Jensen Interceptor tornou-se o primeiro veículo de produção a oferecer freios ABS com acionamento mecânico. Na década seguinte, surgiram os sistemas eletrônicos mais parecidos com os que vemos hoje em nossos automóveis.

 

Head-Up Display (HUD)

O HUD (Head-up Display) de um caça mostra dados de voo, navegação, busca de alvos e seleção de armas
O HUD (Head-up Display) de um caça mostra dados de voo, navegação, busca de alvos e seleção de armas (Reprodução)

Desde a Segunda Guerra Mundial, pilotos de caça já haviam percebido que um visor capaz de projetar informações no nível dos olhos facilitaria bastante suas vidas, diminuindo a necessidade de olhar para os instrumentos durante o voo. O primeiro HUD foi desenvolvido na Inglaterra e entrou em serviço em 1961, a bordo do jato de ataque Bucanner.

O equipamento virou padrão nos aviões de caça a partir da década de 1970, e hoje equipa inclusive aviões de transporte e de passageiros. Nos automóveis, o HUD só começou a ser oferecido nos anos 90, em modelos bem luxuosos. Hoje, já é possível adquirir kits para a instalação em qualquer modelo.

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Detector de radar

Um detector de radar utilizado em aviões de combate
Um detector de radar utilizado em aviões de combate (Divulgação)

O conceito de radar também foi desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial pelos britânicos, com o objetivo de localizar os bombardeiros e caças alemães que atacavam a Inglaterra. Logo ficou claro que as ondas eletromagnéticas emitidas pelos radares também poderiam ser facilmente detectadas pelos alvos, permitindo que estes adotassem manobras evasivas ou contramedidas eletrônicas assim que fossem alertados.

O princípio de funcionamento dos chamados RWR (Radar Warning Receiver) até hoje utilizados em aviões de combate é basicamente o mesmo dos detectores de radar que alertam os motoristas sobre a presença de radares de trânsito. Mas vale lembrar: estes equipamentos são proibidos no Brasil!

Além disso, os próprios radares hoje são largamente utilizados por automóveis equipados com sensores de estacionamento, sistemas de piloto automático adaptativo e de alertas para objetos em movimento.

 

Fly by Wire

Módulos de controle do primeiro avião equipado com FBW digital
Módulos de controle do primeiro avião equipado com FBW digital (Divulgação)
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Durante décadas, os comandos de controle de um avião eram convencionais: qualquer movimento no manche era transmitido fisicamente por cabos, roldanas e bombas hidráulicas até as superfícies de controle nas asas e cauda.

Em 1972, um caça americano F-8 Crusader foi o primeiro avião a ser equipado com controles digitais, chamados de Fly by Wire (FBW). Nele, as centenas de metros de cabos de aço foram substituídos por fios conectados a motores elétricos controlados por computador.

Além da enorme redução de peso e complexidade mecânica, o FBW permite que os controles de um avião sejam programados para jamais extrapar os limites de segurança em voo.

Ao ser transposto para os automóveis, o conceito passou a ser chamado de Drive by Wire. Sua utilização começou nos aceleradores eletrônicos, existentes no Brasil desde a década passada. Em veículos elétricos, já existe o Brake by Wire, que subsitui os componentes hidráulicos dos freios por atuadores eletrônicos com sistemas de regeneração.

O próximo passo é o Steer by Wire, uma evolução radical da direção com assistência elétrica que eliminaria a coluna de direção. Em 2014, o Infiniti Q50 tornou-se o primeiro veículo de produção a oferecer tal sistema, dispensando qualquer conexão mecânica entre o volante e as rodas.

 

GPS

Um dos primeiros (e enormes) receptores de GPS fabricados nos EUA
Um dos primeiros (e enormes) receptores de GPS fabricados nos EUA (Divulgação)
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Sistemas de navegação capazes de determinar a localização de um avião também existem desde a Segunda Guerra Mundial, geralmente baseados na transmissão e recepção de sinais de rádio. Mas eles sempre sofreram com a imprecisão.

A partir de 1972, a Força Aérea Americana começou o desenvolvimento da primeira rede de satélites para localização via GPS, inicialmente para uso militar em mísseis balísticos e aviões. O sistema foi utilizado em combate durante a Guerra do Golfo de 1991, e logo acabou liberado para melhorar a segurança de voos de passageiros comerciais.

Com a miniaturização dos receptores GPS e o aumento de sua precisão, sua aplicação em automóveis era um passo lógico. Os primeiros sistemas embutidos foram lançados na metade da década de 1990. Hoje, a tecnologia já faz parte de qualquer smartphone.

 

Piloto automático

Esta piada só os mais velhos irão entender...
Esta piada só os mais velhos irão entender… (Reprodução)

Nos aviões, o tipo mais primitvo de piloto automático – aquele capaz de manter o avião estabilizado na mesma altitude – data da década de 1930. Em 1947, um avião de transporte C-54 conseguiu cruzar o Atlântico sendo controlado pelo piloto automático desde a decolagem até o pouso. Hoje, os pilotos automáticos estão conectados aos radares, GPS e FBW das aeronaves para diminuir a carga de trabalho dos pilotos, principalmente em longos voos.

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A evolução do conceito em carros está sendo parecida, mas bem mais lenta e gradual. Começou com os controles de velocidade de cruzeiro, passou para os sistemas com capacidade adaptativa (capazes de manter a distância em relação ao carro da frente), e agora rumam em direção aos veículos 100% autônomos.

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