A recuperação na escola é algo a ser evitado. Um aluno só precisa de recuperação se não consegue o rendimento necessário para passar de ano. Na indústria automobilística é o contrário. Recuperação é um processo bem-vindo e significa usufruir de todas as oportunidades de uso de materiais e de energia. Um dos três “R” da sustentabilidade (os outros dois vêm de reduzir e reciclar), a recuperação é um dos mais importantes meios para tornar os carros mais eficientes e limpos. Veja a seguir o que as empresas estão propondo para recuperar a energia que normalmente é desperdiçada pelos veículos.
ENERGIA TÉRMICA
A BMW pensou em três alternativas para reaproveitar a energia térmica gerada pelo motor. A primeira é aprisionar o calor, acondicionando o motor em uma cápsula para mantê-lo aquecido, na temperatura de trabalho, mesmo depois de desligado. Essa estratégia contribui para reduzir consumo e emissões, porque eles são maiores no momento da partida, quando o motor ainda está frio. A segunda converte calor do escapamento e do motor em eletricidade, por meio de um gerador que, ligado a esses dois componentes, funciona por diferença de temperatura. Quanto maior a diferença, mais energia é gerada. A última é um dispositivo que usa um trocador de calor para transferir a energia térmica do escapamento para motor e transmissão, ajudando esses componentes a atingir as temperaturas ideais de trabalho mais rapidamente.
ENERGIA EÓLICA
O vento sempre foi um inimigo a ser batido. Não é de hoje que as fábricas investem em design, para melhorar a eficiência aerodinâmica dos modelos e reduzir o esforço dos motores no deslocamento. Por isso, até pode parecer loucura a proposta da chinesa SAIC de aproveitar a energia do vento – mas não é. O conceito YeZ traz geradores eólicos nas rodas, capazes de converter o fluxo de ar produzido por sua rotação em energia elétrica, devidamente armazenada em uma bateria para ser usada em sistemas auxiliares, de climatização, som, GPS e outros dispositivos.
ENERGIA CINÉTICA
O mais famoso sistema de recuperação de energia é o Kers (Kinetic Energy Recovery System, ou Sistema de Recuperação de Energia Cinética). Ele transforma o movimento do carro em eletricidade e é usado pela mais popular categoria do automobilismo, a Fórmula 1. Há dois modos mais conhecidos para recuperar essa energia: por meio do sistema de freios (que transforma as rodas em geradores, nas frenagens ou desacelerações) e com a adoção de um volante de inércia, como ocorre nos carrinhos de fricção, que acumula energia cinética e a converte em elétrica. Além desses métodos, a ZF, em parceria com a Levant Power, pensou em algo inovador: uma suspensão gerenciada eletronicamente que produz energia. Batizada de GenShock, a tecnologia gera eletricidade a partir da movimentação dos amortecedores. Quanto pior o piso, melhor. No Brasil, esse dispositivo seria uma usina de força.
ENERGIA SOLAR
Não é de hoje que empresas do mundo todo desenvolvem projetos para aproveitar a energia solar. Em 1991, a japonesa Mazda, por exemplo, lançou o sedã 929, com células fotovoltaicas no teto solar, que alimentavam sozinhas ventiladores para manter a cabine resfriada quando o carro era estacionado sob sol forte. Na Austrália, criou-se até uma competição de protótipos movidos a energia solar, a World Solar Challenge. Mas a eficiência das células fotovoltaicas ainda é baixa: elas são capazes de transformar apenas 28% da luz que recebem em energia elétrica. Atualmente, o sedã de luxo híbrido americano Fisker Karma, lançado em 2011, possui um painel de células no teto responsável pela alimentação dos sistemas de ar-condicionado e de som.