O conselho diretivo da SsangYong entrou com pedido de falência em Seul. A mais antiga das fabricantes sul-coreanas em atividade não conseguiu honrar uma parcela de dívidas, que superam os 60 bilhões de wons, 345 milhões de reais.
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A dívida deveria ter sido paga em 14 de dezembro e tem os bancos Bank of America, JPMorgan Chase e BNP Paribas entre os principais credores. Diante da impossibilidade de renegociar suas dívidas, a SsangYong solicitou o uso de uma ferramenta similar à recuperação judicial para ganhar tempo.
Na prática, nesta primeira etapa a recuperação seria feita por conta própria, com a empresa negociando diretamente com seus credores. Se essa etapa não solucionar a questão, avançaria para uma recuperação judicial. Por ora, os credores se negaram a aumentar o prazo para quitação e a entrada de dinheiro na empresa não é suficiente para pagar as dívidas.
Essa crise na SsangYong não é nova. A marca vem apresentando perdas financeiras e queda de participação em mercados de exportação há três anos. Atualmente é a única marca da Coreia do Sul a não ter aumento nas vendas, mas sim queda: 18% de janeiro a novembro, quando vendeu 79.400 carros.
Convém lembrar que quase 75% da SsangYong pertence à Mahindra, fabricante indiana que a salvou do colapso em 2011. O volume de investimentos chegou aos 520 bilhões de won, mas agora a fonte secou e a própria Mahindra anunciou um programa de corte de custos, que envolve o encerramento de projetos não lucrativos.
Antes do início da pandemia, a Mahindra planejava investir cerca de 412 milhões de dólares no desenvolvimento da empresa coreana, mas esses planos foram abandonados durante a crise. Em junho, os indianos anunciaram que estavam prontos para reduzir sua participação na SsangYong, ou mesmo vendê-la. E vêm, desde então, buscando ativamente um comprador.
A Mahindra não parece disposta a salvar a SsangYong, como a General Motors não quis salvar a sueca Saab. A sorte pode estar no governo sul-coreano, que tem diversos pacotes de estímulos financeiros para casos semelhantes. Para isso, deverá paralisar a venda de ativos, continuar sua atividade comercial e honrar o pagamento de seus funcionários.
E no Brasil?
A SsangYong havia ensaiado um retorno ao Brasil em 2017, quando trouxe um novo lote dos modelos Tivoli, Korando e Action Sports. Contudo, algumas concessionárias da marca ainda têm unidades 2017/2018 zero quilômetro à venda e não houve importação de novos carros. Lançamentos que estavam previstos à época nunca chegaram.