Oswaldo Ramos: gerente-geral de marketing da Ford Brasil
Roberto Akiyama: vice-presidente comercial da Honda
Thierry Hospitel: diretor de estilo América Latina da PSA Peugeot-Citroën
Por que hoje tanta gente sonha em ter um utilitário esportivo, mesmo que a maioria nunca pense em colocar as rodas na terra? Para falar sobre o sucesso dos SUVs, cada vez mais adotados em centros urbanos, o evento Direções Quatro Rodas reuniu Oswaldo Ramos, gerente-geral de marketing da Ford, Roberto Akiyama, vice-presidente comercial da Honda, e Thierry Hospitel, diretor de estilo da PSA Peugeot-Citroën, com mediação do redator-chefe Zeca Chaves e do editor Ulisses Cavalcante.
Segundo Akiyama, o SUV teve um boom quando se adaptou às cidades. “No início, eram picapes 4×4 com caçamba coberta”, disse. Ao reduzir de tamanho e ficar mais fácil de ser conduzido (e estacionado) em ambientes urbanos, as vendas cresceram. E não é um fenômeno local. Segundo dados da Honda, nos EUA, o segmento representa 34% das vendas, contra 18% na Europa, 21% na China e 9% no Brasil e Japão. Assim, há boa margem para crescimento.
Para Oswaldo Ramos, entre os motivos do sucesso desse segmento no Brasil está o crescimento do mercado no interior do país, além dos obstáculos encontrados nas cidades, como buracos, valetas e lombadas. Por serem mais altos, passam com mais facilidade sobre o terreno. Assim, enfrentam a cidade e ainda favorecem as viagens de fim de semana.
Os três executivos apontam a posição elevada ao volante como uma das características mais apreciadas por quem busca um carro dessa categoria. Há ainda um forte apelo emocional, gerado pelas linhas mais agressivas da carroceria. Além de ver o trânsito de cima, os SUVs possibilitam que as pessoas sejam mais notadas. “As pessoas desejam ser vistas”, afirmou Akiyama. Por causa dessa conjunção de fatores, o segmento de SUVs tende a atrair compradores de outras categorias. Além de peruas e minivans, como no passado, agora pode ser a vez dos sedãs. “Em vez de migrar de um hatch para um sedã, o comprador pode optar por um SUV”, disse o executivo da Honda.
Thierry Hospitel, da PSA, tem opinião semelhante e ainda faz questão de destacar o desejo do cliente de mostrar que está em um carro “diferente” quando dirige um SUV. Ele divide o segmento em três grupos: no primeiro estão os modelos off-road mais clássicos, com perfil agressivo, altos e com tração 4×4. Na sequência vem um modelo intermediário, com posição de dirigir elevada, pneus mistos, tração 4×2 ou 4×4 e apliques nas caixas de roda, entre outros adereços. Além de alguma capacidade para o fora de estrada, já mostram perfil mais urbano. Na terceira vertente, encontra-se o crossover, com posição ao volante “mais ou menos elevada”, conjunto pneu-roda mais próximo do urbano e apliques visuais integrados à carroceria. Como exemplos dessa categoria, Hospitel citou os Peugeot 3008 e o 2008, que estreia no Brasil em 2015.
O diretor de estilo da PSA disse que desenhar um SUV a partir de um compacto (caso do 2008, gerado a partir do 208) é um desafio interessante. “É preciso seduzir o cliente com um design forte, além de melhorar o interior. Ele tem de se sentir num carro diferente.” Além desses ingredientes, Akiyama apontou outros elementos desejados pelo comprador, como conforto de sedã, esportividade de cupê e versatilidade de minivan.
E o que o futuro reserva? De acordo com o executivo da Honda, os desafios são grandes, porque “o consumidor quer espaço enorme em carro pequeno, muito conteúdo e traços esportivos, sem acréscimo de custo”. Akiyama acha que a tendência é de os modelos tornarem-se mais compactos e mais econômicos, sem perder suas características básicas, de posição elevada ao volante.
Por causa da chegada de novos concorrentes na categoria do Ford EcoSport, Oswaldo Ramos prevê que, além dos sedãs, os veículos de visual aventureiro mais caros que não ofereçam reais qualidades de um SUV vão sofrer. “Carros que oferecem apenas maquiagem podem acabar, se não baixarem preço”, disse o executivo. Ele prevê que o crescimento do segmento vai criar uma escala, e cada marca vai explorar seu DNA.
Leia mais:
Jörg Hofmann: “Luxo seria não investir aqui”