Trânsito: número de automóveis dobrou nos últimos 10 anos
Crescimento no número de carros nas metrópoles nos últimos dez anos não foi acompanhado por uma melhora na infraestrutura nas cidades
Entre 2001 e 2011, o número de automóveis nas 12 metrópoles do Brasil praticamente dobrou: foi de 11,5 milhões para 20,5 milhões. O aumento é ainda mais notável no caso das motocicletas, que passaram de 3,5 milhões para 18,3 milhões nesse período. Os números são do relatório organizado pelo Observatório das Metrópoles, a partir de informações do Denatran.
Segundo o relatório elaborado pelo urbanista Juciano Martins Rodrigues, o ritmo de crescimento no número de veículos supera o da população na maioria dos casos, o que pode levar a um “apagão urbano”. “A capacidade de investimento em infraestrutura viária não acompanha a expansão do número de automóveis. Criam mais rodovias, isso gera um aumento no número de carros, que gera trânsito carregado e aí criam mais rodovias. É um ciclo vicioso”, diz Rodrigues.
Para ele, uma solução mais estável é o investimento no transporte público de massa, inclusive utilizando a verba do país para obras de infraestrutura para Copa do Mundo e Olimpíadas. “Não dá para continuar a preferência pelo modelo rodoviarista baseado no transporte particular. É uma opção política, em menor medida ideológica e com uma justificativa evidentemente econômica”, explica o pesquisador.
Ele ainda completa dizendo que o aumento no número de carros e motos é uma resposta natural da população. “Não há investimento em transporte público e de massa, então as pessoas têm de procurar outras soluções e encontram o carro e a moto. Nas periferias, principalmente, o número de motos aumentou muito”, diz.
Confira o número da frota de carros e motos em 12 metrópoles brasileiras:
Metrópoles
Crescimento da frota de carros
Frota de carros Crescimento da frota de motos Frota de motos
Manaus (AM) 141,9% 357.049 382,2% 127.991 Belo Horizonte (MG) 108,5% 1.753.405 312,5% 368.728 Distrito Federal 103,6% 1.274.792 373,3% 212.807 Goiânia (GO) 100,5% 786.256 228,4% 786.256 Belém (PA) 97,3% 280.231 708,3% 112.905 Salvador (BA) 94,3% 668.472 468,1% 140.473 Curitiba (PR) 91,7% 1.543.739 273,4% 269.087 Fortaleza (CE) 89,7% 628.039 320,9% 272.955 Recife (PE) 78,2% 692.389 338,8% 223.904 São Paulo (SP) 68,2% 8.292.812 260,8% 1.444.624 Porto Alegre (RS) 67% 1.423.439 202,6% 308.095 Rio de Janeiro (RJ) 62% 1.274.792 338,6% 430.733