Velho Chevrolet Cobalt continua vivo no Uzbequistão – e tem fila de espera
Sedã foi lançado na ex-república soviética em 2012 e até já mudou de marca, mas o visual nunca foi atualizado. Agora, retornará para a Rússia
Faz quase um ano que o Chevrolet Cobalt deixou de ser vendido no Brasil. O sedã viu sua faixa de preço ser ocupada pelas versões mais caras do Onix Plus e acabou cedendo seu espaço na fábrica de São Caetano do Sul (SP) para a produção do novo Tracker.
Mas se engana quem pensa que esse movimento marcou a aposentadoria do Cobalt. O sedã compacto de porte avantajado continua em produção em dois países da antiga União Soviética, até é vendido por outra marca e tem fila de espera. A novidade é que ele está retornando ao mercado russo.
Tudo começou no Uzbequistão. A produção do Cobalt na cidade de Asaka teve início em 2012, comandada pela GM Uzbekistan – uma joint-venture entre a estatal UzAvtoSanoat (75%) e a General Motors (25%) que chegou a deter 94% das vendas de automóveis novos no país.
Mas em 2015 a joint venture começou a ser desfeita, transformando a empresa na UzAuto Motors, estatal. E já em 2015 os carros trocaram o emblema da Chevrolet por uma nova marca: a Ravon.
Desde então, o Chevrolet Cobalt é vendido no Uzbequistão como Ravon R4. Mudaram a marca e a grade, mas o sedã nunca recebeu o visual atualizado lançado por aqui em 2015. O motor, diga-se, sempre foi diferente. Em vez dos 1.4 e 1.8, usa um 1.5 16V a gasolina de 107 cv e 13,7 kgfm, com opção de câmbio manual de cinco marchas ou automático de seis. Os preços começam em 95.768.000 somes usbeques, o equivalente a R$ 51.430.
A linha da Ravon é ainda inclui o hatch R2 (Chevrolet Spark), pelo equivalente a R$ 39.500, e o sedã de entrada Nexia R3 (Daewoo Nexia/Chevrolet Kalos), por R$ 46.900. Todos são modelos da GM descontinuados nos principais mercados da empresa.
Em 2019 a relação entre a estatal UzAuto e a General Motors começou a melhorar. A empresa passou a vender os importados Chevrolet Malibu (R$ 150.000), Tracker (R$ 102.000), Equinox (R$ 140.000) e Trailblazer (R$ 163.000).
Agora volta a vender carros com a gravata dourada na grade, acabando com a Ravon. Ou seja: a grande novidade para 2020 é voltar a vender seus carros com o mesmo visual abandonado cinco anos atrás.
Os preços não são ruins, mas vale considerar duas questões. A primeira é que o Comitê Antimonopólio do país proibiu reajuste dos preços feito em março e obrigou a fabricante a devolver valores cobrado a mais. A segunda é que o PIB, geral e per capita, do Uzbequistão é consideravelmente menor que o do Brasil.
Mesmo assim, os carros da Chevrolet e Ravon têm fila de espera.
Para comprar um carro novo, o cidadão uzbeque precisa preencher um formulário online, escolher a configuração do seu carro e aceitar os termos de um contrato. A partir daí, recebe um número de identificação que pode ser usado para acompanhar a evolução da fila eletrônica e descobrir quando será o processo para a finalização da venda em um concessionário. Em média, a espera é de três meses.
Exportação para a Rússia
Parece ter dado certo, tanto que a UzAuto já tem autorização para vender seus carros com a marca Chevrolet na Rússia e Bielorrússia. Mas precisou contornar algumas questões.
Rússia e Cazaquistão têm acordo de livre-comércio. Para se valer disso, a estatal UzAuto Motors usa a Kazakhstani Keles Distribution (KKD), que já importava os Ravon semi-desmontados (SKD) para finalizar no Cazaquistão – onde os vende como Chevrolet – para viabilizar a exportação para a Rússia. Sim, é uma bagunça!
Cabe a uma subsidiária da KKD, a Keles Rus, vender os Chevrolet Cobalt e Nexia na Rússia e na Bielorrússia.
Para a confusão ser maior, a GM manteve uma pequena operação na Rússia a partir de 2015 para oferecer os enormes SUVs Tahoe e Traverse. Então a Rússia terá duas Chevrolet.
Bem, nós temos Hyundai Motor Brasil e Hyundai Caoa…
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