Qual entusiasta nunca pensou em trocar o motor do seu carro por outro mais potente? Com essa ideia em mente, um holandês decidiu equipar o seu antigo Mercedes-Benz 190 com o enorme V12 do luxuoso sedã Classe S.
“Meu plano era fabricar o menor carro dos anos 80 e 90 com o maior motor da época. Para mim, esse V12 é o melhor motor da história da Mercedes-Benz, uma obra de arte”, explica Johan Muter, dono da oficina de preparação JM Speedshop.
Em meados de 2016, Muter comprou um Mercedes S600 aparentemente batido para retirar o V12 de 6 litros que seria instalado no carro menor.
O mecânico disse que, apesar dos mais de 100 mil quilômetros rodados e da ausência de componentes eletrônicos, o motor estava em boas condições para dar sequência ao projeto.
Meses depois de adquirir o motor, Muter iniciou o “transplante” que muita gente considerava impossível.
Para mostrar que o V12 caberia no cofre, que acomodava no máximo um seis-em-linha original de fábrica, ele passou a mostrar as etapas do projeto em quase 50 vídeos publicados no YouTube.
Desenvolvido para um sedã grande, o V12 foi “espremido” na carroceria do Mercedes 190, que recebeu novos suportes e um subchassi feito especialmente para ele. O sistema de admissão capta o ar por meio de dutos adaptados nos faróis.
Entre os muito desafios da conversão estão a nova unidade de controle eletrônico do motor e a transmissão automática de cinco velocidades retirada de um Mercedes-Benz CL600 1996.
Os freios também vieram de outros carros da marca: dianteiros de um SL500 R129; traseiros de um E320 W210. O conjunto foi atualizado com discos e pastilhas da grife Brembo. A direção também é oriunda do Classe E geração W210.
De acordo com Muter, outros componentes foram herdados de outros Mercedes-Benz. Do S600 que forneceu o motor V12 foram mantidos somente o sistema de arrefecimento, o radiador do câmbio, o diferencial e o eixo traseiro.
As rodas Segin de 18 polegadas, originais do Classe S, usam pneus de larguras diferentes: 220 na dianteira e 225 na traseira. Já os amortecedores e molas da suspensão foram adquiridos de um catálogo de peças.
O criador do Mercedes 190 V12 diz que o carro é muito bom de dirigir. Muter manteve o motor entregando cerca de 425 cv de potência e 59 kgfm de torque, sempre abastecido com E10 (90% gasolina e 10% etanol).
O propulsor poderia render ainda mais se o gerenciamento eletrônico estivesse configurado para receber a gasolina de 98 octanas vendida na Europa, mas Muter explica que preferiu mantê-lo do jeito que está pelo fato de o combustível mais puro não ser encontrado em todos os postos da Holanda.
Com o tanque cheio, o carro pesa aproximadamente 1.440 kg, com distribuição de massa de 56% sobre o eixo dianteiro e os 44% restantes na traseira.
Significativamente mais rápido do que quando estava com o motor original, o 190 V12 acelera de 0 a 100 km/h em bons 5,17 segundos e atinge velocidade máxima de impressionantes 315 km/h.
Apesar de todo o desempenho do carro, Muter diz que ainda falta dar um tapa no visual com o kit aerodinâmico que o Mercedes 190 recebeu no primeiro facelift, nos anos 80.
O mecânico diz que pretende finalizar o sedã para vendê-lo e investir o dinheiro em novos projetos. “Tenho pelo menos mais dez ideias muito legais”, afirma o holandês.
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