Chevrolet do Brasil é a grande beneficiada por parceria entre GM e Hyundai
Parceria ainda pode incluir motores, mas já representa soluções para dilemas na Hyundai e na Chevrolet
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Atualizado em 7 ago 2025, 08h43 - Publicado em 7 ago 2025, 08h34
Após quase um ano alinhavando seus termos, Hyundai e General Motors selaram parceria para que desenvolvam novos carros em conjunto. A primeira leva contempla veículos para cinco segmentos distintos. A boa notícia é que o Brasil receberá pelo menos quatro deles e pelo menos um será lançado em 2028.
Os cinco novos carros de GM e Hyundai estarão nos seguintes segmentos:
- Hatches compactos
- SUVs compactos
- Picapes compactas
- Picapes médias
- Vans elétricas
A van elétrica é destinada à América do Norte e será lançada em 2028. Na prática, será um projeto Hyundai que poderá ser vendido pelas marcas da General Motors.
Todos os outros carros serão destinados à América do Sul e à América Central, sendo que as picapes médias serão desenvolvidas pela General Motors e todos os compactos, inclusive a segunda picape, serão desenvolvidos pela Hyundai.
Acordo cai como uma luva para a GM
A parceria pode ser boa para as duas fabricantes, mas quem pode levar a melhor nessa é a GM, principalmente com a Chevrolet.
Para investir nos carros elétricos, a GM decidiu, há muitos anos, que seus carros compactos seriam desenvolvidos com ajuda da SAIC, sua parceira chinesa. Isso viabilizou as atuais gerações dos Chevolet Onix, Tracker e até o Equinox. Mas o fracasso dos Onix e Tracker na China (de onde a marca Chevrolet está saindo) dificultaria o futuro destes carros no Brasil.
A engenharia da GM no Brasil voltou a ganhar força nos últimos anos, mas seria difícil para a empresa financiar uma nova geração dos Onix e Tracker para serem fabricados e vendidos apenas na América Latina. A GM praticamente saiu da Europa e estes carros são pequenos demais para a América do Norte.
Com a parceria com a Hyundai, a plataforma das próximas gerações dos Hyundai HB20 e Creta serão compartilhados com a GM e darão origem a carros da Chevrolet. As empresas asseguraram que os produtos terão identidades completamente diferentes por dentro e por fora.
A Hyundai já viveu um dilema com o Brasil, mas encontrou uma solução. Com o HB20 completando 13 anos sem mudar de plataforma, a fabricante sul-coreana decidiu unificar o hatch brasileiro com o hatch que vende na Ásia e na Europa, o i20. A nova geração do compacto já está em testes no Brasil.
Ao mesmo tempo a Hyundai já trabalha em uma novíssima geração para o Creta. Seu lançamento no Brasil foi em 2017, mas seu lançamento na Índia (onde também vende bem) aconteceu em 2025. A nova geração, chamada de projeto SX3, tem lançamento previsto para 2027. Assim, fica mais fácil para a Chevrolet criar uma nova geração para o Tracker ou mesmo um novo SUV, pois terá um bom aumento nas dimensões.
As picapes da Hyundai
Ao mesmo tempo, a Hyundai trabalha no desenvolvimento de uma picape cabine dupla de porte intermediário que terá muito em comum com o Creta. A Chevrolet Montana foi por este caminho em sua terceira geração, lançada em 2023. No entanto, com a média de 1.600 emplacamentos mensais ela está longe de ser um sucesso. A parceria com a Hyundai lhe garantirá uma quarta geração e uma nova chance, enquanto os sul-coreanos poderão diluir melhor o investimento neste projeto.
Uma boa compensação para a Hyundai, por oferecer a plataforma dos seus carros compactos, será ter nas mãos um projeto de picape média. A Hyundai nunca teve uma picape média como as que temos no Brasil, com carroceria sobre chassi e um grande motor diesel. Até poderia surgir uma picape compartilhada com a Kia Tasman (a Hyundai controla a Kia), mas a Hyundai preferiu seguir outro caminho.
A GM, por sua vez, tem tradição com picapes médias, mas também poderia encontrar dificuldades para viabilizar uma nova geração para a S10. A atual geração da Chevrolet S10 foi desenvolvida na Tailândia e estreou tanto lá quanto aqui em 2012. A Tailândia é um dos países mais adeptos às picapes médias, mas são as marcas japonesas que dominam por lá e a fabricante acabou fechando sua operação no país em 2020 – sua fábrica, inclusive, hoje pertence à GWM.
O projeto tailandês também deu origem à Chevrolet Colorado norte-americana, mas o comunicado conjunto de GM e Hyundai é preciso em dizer que a nova picape média é para as américas do Sul e Central e que seu desenvolvimento será liderado pela General Motors.
O comunicado, aliás, fala que as duas empresas planejam compartilhar processos de compras, materiais, transporte e logística, incluindo matérias-primas, componentes e sistemas complexos. Nada é falado sobre compartilhamento de fábricas, até porque este assunto exige negociações com entidades estaduais e municipais e também com sindicatos. Mas faria todo sentido que a picape média da Hyundai fosse fabricada pela Chevrolet. É mera especulação, mas é a GM quem domina isto.
E como ficam os motores?
Esta é só a primeira parte de um acordo que é tratado pelas duas fabricantes como algo que pode vir a gerar novos frutos. Tudo isso foi anunciado menos de um ano após o início das conversas de cooperação. Hyundai e General Motors dizem ainda estar avaliando novas oportunidades no desenvolvimento veículos para mercados globais e também para sistemas de propulsão.
Na verdade, as duas partes até detalham que entre estas possibilidades estão a colaboração com motores a combustão, híbridos e elétricos a bateria e até os movidos a células de combustível de hidrogênio – que a Hyundai já usa comercialmente e até já estuda no Brasil.
Este é outro aspecto relevante para a General Motors, que havia dado sua guinada para os carros elétricos e nos últimos tempos precisou repensar sua estratégia e apostar em híbridos. Inclusive terá híbridos leves no Brasil a partir de 2026, mas graças à parceria com a SAIC. No futuro, poderemos ver híbridos com conjuntos mecânicos desenvolvidos em conjunto com a Hyundai.
Neste primeiro momento, as duas fabricantes estimam que estes novos carros somarão uma produção anual de 800.000 carros quando todos já tiverem escalado sua produção. Nos resta saber como essa relação entre norte-americanos e sul-coreanos evoluirá.
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