Novo SUV compacto será o Renault mais sofisticado já feito no Brasil
Fabricante francesa vai apostar em motor 1.0 turbo e câmbio de dupla embreagem contra Renegade, Tracker e T-Cross
O novo SUV compacto da Renault foi confirmado com o anuncio de um investimento de R$ 2 bilhões no Brasil, há menos de um mês. Um montante tão grande se justifica: o carro inédito terá quase todo o seu desenvolvimento feito no Brasil e todo o conjunto mecânico será exclusivo.
Na verdade, não seria assim. A culpa é da guerra entre Rússia e Ucrânia, que está prestes de completar cinco meses. A Renault do Brasil tinha uma relação próxima com a Renault Rússia. Ambas compartilhavam projetos, como o Renault Captur com plataforma do Duster (o Europeu usa a base do Clio). Mas, após sanções e pressão pública, a filial russa foi vendida para o governo local.
Com isso, o Projeto HJF, codinome do novo SUV, passou a ser encabeçado pela filial brasileira. Tudo que não for aproveitado de carros da Dacia baseados na plataforma CMF-B será desenvolvido no complexo de São José dos Pinhas (PR).
É um novo desafio para a Renault do Brasil, que agora também será responsável pelo lançamento global do modelo.
Mecânica premium
A presença de unidades da nova geração dos Dacia Sandero e Sandero Stepway no Brasil, como as flagradas pelo leitor Josemar Becker em Joinville (SC), se justifica. Ainda não são mulas de testes, mas carros que estão sendo usados para testar o motor e o câmbio inéditos.
A fabricação local do motor HR10, um três-cilindros 1.0 12V turbo com injeção direta, está confirmada e ele será flex no Brasil. E existe a possibilidade de ele ser usado futuramente em um conjunto híbrido.
Além disso, este motor será combinado a um câmbio exclusivo para os mercados da América Latina: um automatizado de dupla embreagem (DCT) e seis marchas. Nada de câmbio CVT. Este conjunto promete maior eficiência e uma dinâmica muito melhor que aquela proporcionada pelos atuais câmbios CVT usados pela Renault.
Mas, conta-se, este câmbio DCT terá caixa seca, tipo de sistema que ganhou fama de problemático em outros carros vendidos no Brasil, ao contrário dos DCT com embreagens imersas em óleo. De toda maneira, será o conjunto mecânico mais sofisticado já visto em um Renault nacional.
Adeus a Sandero e Logan
A Renault tem dois objetivos bem claros para os próximos anos: ter uma operação mais rentável (daí os SUVs serem fundamentais para ela) e afastar dos seus produtos a imagem de veículos baratos que Logan e Sandero ajudaram a criar, ainda que isso a obrigue a vender menos carros.
Não quer dizer, exatamente, que o Brasil terá os mesmos carros vendidos na Europa. Tanto que o Projeto HJF será um SUV menor que o Renault Austral e maior que o Captur europeu.
Seus rivais serão Jeep Renegade, Volkswagen T-Cross, Hyundai Creta, Nissan Kicks e Chevrolet Tracker, enquanto a próxima geração do Duster assumirá dimensões e posicionamento de SUV médio – posto que o Captur nunca foi capaz de defender.
É uma responsabilidade tão grande que houve a preocupação de trazer uma nova plataforma, novas tecnologias e em entregar um bom desempenho. E ainda há tempo para aprontar o novo powertrain: o lançamento do SUV compacto está previsto, por enquanto, para o início de 2024. Justamente quando Logan e Sandero estarão saindo de linha.