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A 45 AMG X S3 X M135i

Esse trio oferece doses de muita felicidade em pequenos frascos. Qual deles emociona mais?

Por Ulisses Cavalcante | Fotos Christian Castanho
Atualizado em 21 mar 2024, 10h18 - Publicado em 29 jun 2014, 13h37
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Em 1962, a Willys Overland lançou no Brasil o Gordini sob o slogan “Emocionante!”, como se o pequeno fosse o suprassumo dos automóveis. É difícil imaginar uma vida feliz em um carro de apenas 40 cv, mas à época essa potência virou mote publicitário: “40 hp de pura emoção”. Dá para acreditar? Hoje, aquela pequena dose de emoção não faz efeito. São necessários múltiplos de Gordinis para entorpecer os sentidos. Atualizando os valores, o recém-chegado Audi S3 abre as portas da emoção oferecendo 280 cv – o mesmo que sete Willys. Com um Gordini a mais na veia, o novo BMW M135i vem em seguida com 320 cv. Depois vem o Mercedes A 45 AMG e seus incríveis 360 cv. Ou o equivalente a uma frota de Gordini: ele tem o 2.0 quatro-cilindros mais forte de todos os tempos, entre os carros de série.

Quando a trinca alemã estacionou na garagem de QUATRO RODAS, minha primeira impressão foi achar injusto um confronto entre dois modelos separados por 80 cv e quase R$ 60 000.

Mas essa percepção caiu por terra quando os três foram para a pista. No campo de provas, o Audi mostrou-se implacável. Retornou com o melhor resultado no 0 a 100 km/h, marcando 5,1 segundos. No fim de semana, foi ao supermercado e transportou um bebê, revelando ser muito versátil. Em resumo, estava parelho com os rivais.

Desfeito o mal-entendido inicial, era hora de eu me deparar com outra surpresa: o mais potente gastou menos combustível. O Mercedes fez 13,8 km/l na estrada e 9,8 km/l na cidade, além de ser o campeão de autonomia (773 km com um tanque). Isso é bom, ainda que o dono de um hot hatch esteja mais interessado em diversão do que na conta do posto. E, quando o assunto é adrenalina, Audi e Mercedes comem poeira do M135i. Esse BMW é provavelmente um dos modelos mais divertidos que já dirigi na vida. Aqui vai um argumento para encerrar o assunto: ele tem tração traseira – o Mercedes e o Audi oferecem tração integral.

Não está convencido? Enquanto os rivais usam um freio de estacionamento acionado por botão, o BMW utiliza a velha alavanca manual, recurso que permite manobras ousadas num circuito de track day, por exemplo. Sua direção elétrica é a mais rápida de todos (só 2,2 voltas de batente a batente) e o motor desenvolve uma quantidade insana de torque (45,9 mkgf) quando está a meros 1 300 rpm – o propulsor do Mercedes se manifesta a todo vapor a partir dos 2 250 giros. E por isso o BMW é tão arisco. A tração no eixo de trás dá respostas atravessadas quando provocada pelo pedal direito.

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Menino mau

Domado por três comandos de gerenciamento eletrônico, o controle de tração do BMW pode ser ousado (modo Comfort), atrevido (Sport) ou insolente (Sport+). A última opção torna o ESP permissivo: é possível largar queimando pneu sem esforço – sim, isso não é sinônimo de eficiência, mas nada pode ser mais divertido. Seus conterrâneos são velocistas que valorizam a precisão. Não por menos o mais fraco da turma, o Audi, foi o melhor no teste de aceleração. Um dos seus méritos é o câmbio S-tronic de seis marchas e dupla embreagem, que envia tração para as quatro rodas. Outro trunfo é seu robótico controle de largada, que as torna infalíveis. O motorista aciona uma sequência (longa) de botões para convocar o Launch Control e a eletrônica faz o resto. Em três passagens seguidas, fiz 5,05 segundos, 5,08 e, novamente, 5,05 no 0 a 100 km/h. Já o BMW não tem mimos, nem penduricalhos sem função. Do lado de fora, são poucas as diferenças para a versão de entrada (116i). Tem para-choque dianteiro e traseiro alargados, freios superdimensionados com pinças azuis e rodas exclusivas de 18 polegadas. O Audi S3 atende pela mesma objetividade. Suas diferenças para o A3 estão nas laterais do para-choque, nas saídas duplas de escape, nas rodas e nos apliques cromados nos vidros e retrovisores.

Por dentro, os três contam com bancos esportivos ajustados eletricamente, mas só BMW e Mercedes têm posições de memória. Na parte estética, o motorista do M135i sabe que seu hatch tem um pé no mundo M (da divisão esportiva Motorsport) por causa do minúsculo logotipo no volante e da inscrição “M135i”, exibida digitalmente no quadro de instrumentos de alta resolução.

Já o AMG é praticamente outro carro, se comparado a sua versão civilizada, o A 250. O painel é forrado de material emborrachado, há couro no volante, nos bancos e na forração das portas. As costuras são vermelhas, bem como os cintos de segurança e as molduras das saídas de ar. No console central, o melhor: lá o motorista encontra a alavanca do câmbio, a mesma utilizada no SLS, com o tradicional emblema da marca de Affalterbach. No Classe A, o comando está atrás do volante. Em três dias de uso, não consegui me acostumar à posição P, que, em vez de estar no trilho da alavanca, é acionada por um botão.

Tiros no escapamento

O acabamento do Mercedes é impecável, em tons escuros, com fartura de couro perfurado nos assentos. As borboletas do câmbio atrás da direção usam alumínio. Tudo condizente com a linha AMG. Outra qualidade do Mercedes é o tratamento acústico. A cada troca de marchas, um estampido seco sai do escapamento, uma forma sonora de demonstrar sua superioridade em relação aos carros “comuns”. O BMW também marca território pelo ronco do motor quando varre o conta-giros até o corte de giros – só ele permite acelerar com o câmbio em neutro. O S3 não fica atrás e conta com um sistema de exaustão duplo, feito para soar grosso, mas com discrição.

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Se você dirige sozinho ou passeia em dupla, precisa de um transporte confortável para o dia a dia e, ao mesmo tempo, uma fonte de diversão nos fins de semana, vá de BMW. Já o Mercedes vai sofrer com o piso brasileiro e se vingará de você maltratando suas costas – e também seu bolso. Ele só é a escolha certa se você vai usá-lo para curtir os dias de folga. E quem precisa de versatilidade, discrição para andar com a família e um monstro mecânico para combater a rotina, encontrará no Audi a emoção que procura.

ARTILHARIA (MAIS) PESADA ESTÁ VINDO AO BRASIL Audi RS3

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O canhão da linha A3 chega lá fora só em 2015 e deve atingir 400 cv e custar mais de R$ 300000 aqui. O anterior (foto) já era uma fera: 0 a 100 km/h em 4,2 s.

BMW 1 M

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Por ora só a carroceria cupê (foto) tem seu 1 M legítimo, mas isso mudará: a versão hatch está no forno e estreia no Brasil no ano que vem.

VEREDICTO

O trio de foguetes tem propostas semelhantes e qualidades distintas. O S3 é o mais amigável no uso diário, situação em que o A 45 reclama por ter suspensão muito dura. Audi e Mercedes são pequenas joias da engenharia, mas nenhum se iguala ao BMW no quesito diversão. Para quem tem família e quer discrição, como eu, o Audi é ideal. Mas, pelo conjunto, o BMW dá mais alegria. Se dinheiro não fosse problema, o A 45 iria para casa.

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