Audi A3 1.4 TFSI x VW Jetta 1.4 TSI: preço vs. valor

Status. Eis a palavra que explica como Volkswagen e Audi, às vezes com produtos de porte e mecânica muito parecidos, conseguem conviver pacificamente em um mesmo mercado. É o caso de Jetta e A3. Como o comprador de carro de qualquer categoria, quem adquire um Jetta ou um A3 busca, com outra carga de prioridade, status. A diferença entre eles está no bolso.

Os dois sedãs aqui reunidos atuam com armas parecidas, mas vistos de perto reservam suas peculiaridades, para bem e para mal. Ambos são vendidos em duas versões. No A3, Attraction (R$ 106.990) e Ambiente (R$ 117.990); no Jetta, Trendline (R$ 87.390, com câmbio automático) e Comfortline (R$ 93.990).

No conteúdo, equilíbrio. Enquanto a versão de entrada do A3 entrega faróis de xenônio e airbag de joelho, a do Jetta oferece sensor de estacionamento dianteiro e traseiro e central multimídia com espelhamento de celular. No andar de cima, o A3 Ambiente acrescenta sensor de farol e chuva, volante multifuncional com borboletas de câmbio e rodas aro 17. No Jetta, a Comfortline soma volante multifuncional com borboletas de câmbio e piloto automático.

Luxo à parte

Opcionalmente, por R$ 11.106, você leva teto solar, ar digital, retrovisores externos rebatíveis e interno eletrocrômico, sensor de faróis e chuva, couro, rodas aro 17, chave presencial e sistema multimídia com GPS. Na Audi, um A3 Ambiente equivalente pede um investimento extra de R$ 38.500. Ou seja, se nas versões de entrada o A3 é R$ 19.600 mais caro, entre os carros mais equipados, a diferença é ainda maior: R$ 156.490 ante R$ 105.096.

Se o Jetta vence fácil na análise de conteúdo, no acabamento – como era de se esperar – o A3 dá o troco. A cabine tem layout mais atual, com comandos de mídia no console, apliques de metal no painel e tela motorizada escamoteável. Até o porta-malas reflete a inferioridade do Jetta: a tampa não tem revestimento interno, as dobradiças correm aparentes em meio à área das malas e o carpete tem toque grosseiro. Mas é preciso ser justo: à exceção do porta-malas, materiais e montagem (interna e externa) são bastante satisfatórios.

Mecanicamente, os sedãs primos são bastante parecidos. Carregam o mesmo motor 1.4 turbo, ou melhor, quase o mesmo. Enquanto o A3 conta com uma central flex, o Jetta só pode beber gasolina. Nos dias de hoje,  onde abastecer com etanol deixou de ser vantajoso até na região Sudeste, isso não chega a ser um problema. Apesar da diferença na dieta, ambos têm o mesmo pico de potência (150 cv) e torque (25,5 mkgf).

A Audi gerou uma enorme polêmica  ao adotar um conjunto de suspensão traseira tecnicamente menos refinado que o que era aplicado no modelo importado: saiu o sistema multilink, entrou o simplificado eixo de torção. Essa involução técnica, aliás, está abordada também na reportagem do nosso Audi A3 de Longa Duração. Como o Jetta segue com a sua suspensão traseira multilink, leva a melhor também na análise mecânica.

E o Volkswagen ainda se mostrou melhor do que o Audi no último quesito do comparativo: espaço para pessoas e bagagem. Com 4,66 m de comprimento, o Jetta é exatos 20,3 cm maior do que o A3, com 4,46 m. Boa parte dessa diferença está para trás do eixo traseiro, uma vez que ambos têm uma distância entre-eixos parecida: 265,1 cm o Jetta e 263,7 cm o A3, apenas 1,4 cm de diferença. Esses números explicam o quase empate no nível de espaço na cabine e a superioridade de 85 litros (o equivalente a uma mala de viagem média) na capacidade do compartimento de bagagem: 510 l ante 425 l.

AVALIAÇÃO DO EDITOR

Motor e Câmbio – Em determinadas situações, o câmbio Tiptronic funciona com alguns trancos. Saudade do rápido sistema de dupla embreagem que equipava os modelos importados de ambos.

Dirigibilidade – No dia a dia, em uso urbano, A3 e Jetta são muito equivalentes. Mas durante uma tocada mais arrojada – e o forte motor turbo induz a isso –, a suspensão multilink do Jetta, mais eficiente, mostra sua superioridade.

Segurança – A suspensão tecnicamente superior do Jetta também foi considerada aqui, mas o Audi oferece faróis de xenônio e airbag de joelho para o motorista, itens indisponíveis no Jetta.

Seu bolso – Nas versões mais simples, o A3 ainda se mostra competitivo. No andar de cima, porém, não há status que justifique uma diferença de preço tão gigantesca.

Conteúdo – Equiparados em preço, o Jetta carrega uma quantidade muito maior de equipamentos.

Vida a bordo – A posição de pilotagem do A3 é mais esportiva e o layout da cabine, mais moderno. Deixa claro que ele está uma geração à frente do Jetta.

Qualidade – A face premium da Audi aparece no acabamento esmerado. Até o porta-malas é bem cuidado

VEREDICTO QUATRO RODAS

Racionalmente, o Jetta é uma compra melhor do que o A3. Mas nem o preço salgado do Audi o tira da jogada. Status é valor, não somente preço.