Tem muito fabricante por aí abandonando os hatches médios por causa dos SUVs, mas a Audi, não. Ela tanto não desistiu deles – e de nos fazer lembrar o quanto eles podem ser versáteis e divertidos –, que faz isso com um de seus mais tradicionais e emblemáticos modelos, o A3, que acaba de chegar ao Brasil em sua quarta geração. Aqui, mostramos a versão topo de linha, a Performance Black, que custa a partir de R$ 284.990.
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O design sempre foi um dos principais destaques do A3 hatch, que recebe o sobrenome Sportback desde 2004. Porém, a nova geração se apresenta de forma ainda mais interessante por ter abandonado o formato de perua das anteriores.
Assim, o A3 passa a ter um condizente estilo mais esportivo e jovial, como desejam os clientes de um segmento que já virou nicho. Quem contribui para isso é a queda mais angulosa da traseira, a espia lateral reduzida e a dianteira longa.
Ainda no visual, a versão Performance Black dispensa a maior parte dos cromados. Janelas e grades recebem frisos em preto brilhante, já as rodas, de 18 polegadas com um desenho simples mas bonito, têm a face diamantada e o fundo preto.
A traseira é o melhor ângulo do novo A3, com lanternas que dão aspecto impetuoso. Porém, saídas de escape falsas em 2022 e em um carro premium é quase um insulto.
Se por fora, apesar de atraente, o A3 é relativamente discreto e sóbrio, o mesmo não se pode dizer do interior. A cabine do modelo é moderna e aposta em novas soluções e diferentes do que já nos habituamos. As saídas de ar, por exemplo.
Enquanto as destinadas ao motorista ficam bem expostas, como turbinas ligadas ao quadro de instrumentos, as dedicadas ao passageiro se camuflam horizontalmente no painel, algo como no Honda HR-V.
O acionamento dos faróis por botões e a alavanca do câmbio deixam clara a vontade da Audi de inovar. O acabamento também é destaque, misturando plásticos emborrachados e rígidos de boa qualidade, além de texturas e superfícies variadas.
Ainda no interior, se engana quem pensa que o hatch é apertado. Quem vai atrás tem espaço de sobra para pernas e, principalmente, cabeça. Os ocupantes ficarão confortáveis também nos ombros já que o assento do meio dificilmente será usado.
Isso porque o túnel central no assoalho é muito alto e o console com as saídas de ar-condicionado também invade o espaço traseiro. O porta-malas também é bom, com 380 litros de capacidade. São 80 litros a mais do que em um VW Polo e apenas 45 a menos do que no A3 Sedan.
A lista de equipamentos é o ponto de maior vulnerabilidade do A3. Assim como no sedã, o Sportback tem um pacote enxuto, especialmente considerando o preço e o posicionamento do modelo.
De série, há quadro de instrumentos digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, luzes ambiente, teto solar panorâmico, ar-condicionado bizona, seis airbags, faróis e lanternas full-led, câmera de ré e sensores de luz e chuva.
Entre os opcionais estão sistema de som Bang&Olufsen 3D (R$ 6.000), iluminação ambiente com 30 cores (R$ 1.500), pacote visual S (R$ 5.500), capa de retrovisores de carbono (R$ 6.000) e faróis Matrix (R$ 8.500). Note, porém, que em nenhum momento aparecem itens de auxílio à condução, seja para conforto, seja para segurança.
Piloto automático adaptativo, alertas de pontos cegos, alerta de tráfego cruzado, assistente de permanência em faixa e frenagem automática de emergência são equipamentos que o novo A3 não oferece no Brasil, nem mesmo como opcionais.
Vários desses recursos estão presentes em segmentos inferiores – o Hyundai HB20, por exemplo, traz frenagem automática. São itens indispensáveis para um carro que pode passar dos R$ 300.000, dependendo da configuração.
Em sua geração anterior, o A3 Sportback utilizou o motor 2.0 turbo no Brasil apenas na versão esportiva S3, com 286 cv de potência. O sedã nacional também foi o único equipado com o 2.0 em sua versão mais “mansa”, de 220 cv.
Agora tanto o hatch quanto o sedã passaram a ter uma versão ainda menos apimentada deste motor. Eles emprestaram do A4 o 2.0 turbo de 190 cv de potência e 32,6 kgfm de torque em nome da eficiência, ou seja, da economia de combustível. O motor é sempre acompanhado de câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas e tração dianteira.
Quem já dirigiu o antigo A3 Sedan 2.0 certamente sentirá falta da potência (que até sobrava) e do ronco encorpado saído dos escapes, seguidos de pipocos a cada troca de marcha.
Agora, o A3 é um carro silencioso, de acelerações mais suaves e com trocas de marcha muito rápidas. Vale deixar claro, porém, que o ronco é a maior falta, porque o A3 continua rápido mesmo com os 30 cv a menos.
De acordo com a Audi, o hatch acelera de 0 a 100 km/h em 7,4 segundos. Além do bom desempenho, ele também faz bonito no consumo. Segundo o Inmetro, as médias são de 10,1 km/l em ciclo urbano e 12,3 km/l em circuitos rodoviários.
A dirigibilidade é daquelas que dão vontade de fazer um caminho maior até o destino para dirigir alguns minutos a mais. A posição de guiar é esportiva, a direção é leve e bem direta (ele contorna curvas mais fechadas com precisão) e a suspensão faz um ótimo trabalho com um ajuste entre a rigidez, necessária para tocadas mais esportivas, e a maciez, para uso no dia a dia.
Ou seja, as imperfeições e divisões do solo são sentidas e é possível ouvir a suspensão trabalhar, mas tudo é muito bem filtrado para chegar da forma mais suave possível até os passageiros. Nem mesmo os pneus 225/40 R18, com perfil baixo, prejudicam o conforto.
Agora, focando na eficiência, a esportividade do A3 diminuiu, mas está (muito) longe de desaparecer. Visual, acabamento e prazer ao dirigir são os pontos altos do hatch. Só nos equipamentos mais tecnológicos de segurança que ele comete uma falta grave.
Se você abre mão desses aparatos eletrônicos e está cansado de SUVs no mercado, este hatch tem tudo para te agradar.
Veredicto Quatro Rodas – Fica devendo itens mais avançados de segurança e condução. Porém, nada disso faz o A3 perder seu brilho e seu foco em ótima dirigibilidade.
Ficha Técnica – Audi A3 Sportback
Preço: R$ 284.990
Motor: gasolina, diant., 4 cil. 16V, injeção direta, turbo, 1.984 cm3; 190 cv entre 4.200 e 6.000 rpm, 32,6 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: dupla embreagem, 7 m., tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: ind. McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 225/40 R18
Dimensões: comprimento, 434,3 cm; largura, 198,4 cm; altura, 143 cm; entre-eixos, 263,6 cm; peso, 1.485 kg; porta-malas, 380 l; tanque, 50 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 7,4 s; veloc. máx. de 241 km/h
*Dados de fábrica