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BMW i8: não parece, mas ele é feito na Terra

O modelo mais exótico que a BMW já produziu dá sentido ao apelido que os brasileiros atribuem aos carrões: o híbrido i8 é uma nave

Por Ulisses Cavalcante
Atualizado em 19 abr 2018, 19h08 - Publicado em 7 jun 2016, 19h04
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  • BMW i8
    Portas tipo tesoura abrem-se para cima (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O i8 é um carro que parece sair da fábrica seminovo. Por três dias, eu fui seu segundo dono – o primeiro foi Bruce Wayne. Sei disso porque foram quatro as vezes que ouvi um “nossa, parece o carro do Batman”.

    A verdade é que não comprei dele, nem um zero-quilômetro, pois o esportivo custa R$ 799.950. Porém, talvez esse valor seja compatível, considerando que se trata de um automóvel digno do super-herói bilionário.

    Também vou resistir em adjetivá-lo como um carro “futurista”. A aparência galáctica é a que melhor justifica outro apelido comum que as pessoas dão a carrões: “nave”.

    Em meio ao trânsito terráqueo, os humanos sucumbem aos seus superpoderes: o i8 hipnotiza olhares, torce pescoços, provoca comentários de espanto e aciona involuntariamente nosso “músculo” favorito – a câmera de smartphones.

    Na pista de testes, descobrimos uma habilidade sobrenatural para um híbrido de 1,5 tonelada equipado com um motor 1.5 de três cilindros: ele rasgou o asfalto, cravando 4,6 segundos no 0 a 100 km/h.

    BMW i8
    Ele leva até quatro pessoas, mas pouca bagagem (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    Não se engane pela aparência franzina. Esse pequeno 1,5 litro tem a força de um Jedi: gera 234 cv sem beber poções secretas, só gasolina.

    A receita está na preparação: turbo, injeção direta, comando variável de válvulas e taxa de compressão elevada. Mas ele não trabalha sozinho. Faz dupla com um propulsor elétrico de 266 kW – o equivalente a 131 cv (no total, são 365 cv e 58,1 mkgf).

    Enquanto o motor a combustão atua no eixo traseiro, o elétrico comanda o da frente. Quando o motorista seleciona o modo Sport, no painel, as quatro rodas são tracionadas com o máximo de potência possível.

    BMW i8
    Painel de instrumentos TFT muda de cor no modo Sport (Marco de Bari/Quatro Rodas)
    BMW i8
    Modos de condução Comfort e Ecodrive combinam eletricidade e gasolina (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    Além disso, o 1.5 ressona quase como um V8 – fruto de um truque acústico para enfeitiçar os sentidos. O som de big block vem de alto-falantes escondidos no assoalho da cabine.

    A estratégia do som de mentira não é inédita – outras marcas também a utilizam. No BMW, o Active Sound Design reproduz sons pré-gravados cuja frequência muda conforme a rotação do motor a combustão aumenta. E acredite: é contagiante e muito convincente.

    BMW i8: não parece, mas ele é feito na Terra
    O i8 é o primeiro modelo de série com faróis a laser (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Já o modo de direção EcoPro é um programa eletrônico que faz o i8 rodar com economia. Faz uso dos motores combinados, antecipa trocas de marcha e aumenta a progressividade da aceleração. Até o ar-condicionado trabalha com menos pressão.

     O resultado? Fizemos 24,2 km/l no ciclo urbano. E 31,7 km/l em regime rodoviário. Mesmo no modo Sport as marcas foram notáveis: 12,5 e 16,4 km/l, na cidade e estrada.
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    Um senão é a autonomia quando o i8 trabalha só com a energia das baterias. Sem gasolina, roda-se no máximo 37 km, segundo a fábrica, considerando os acumuladores totalmente carregados. Na prática, porém, pegando trânsito, não chegamos aos 30 km.

    BMW i8
    Baterias são recarregadas em tomada doméstica (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A vantagem é que em menos de três horas conectado à tomada, o i8 já garante autonomia para voltar para casa em eDrive (o modo 100% elétrico). Aliás, não é necessária nenhuma adaptação na rede – basta uma tomada residencial de 110 ou 220 V.

    O tanque de combustível também parece desanimador – só comporta 30 litros de gasolina. Mas a autonomia desse híbrido supera os 950 km.

    BMW i8
    No modo eDrive, força é 100% elétrica (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    Por fora, o design conceitual lança mão de materiais sofisticados, como plásticos de alta resistência e superleves, fibra de carbono e alumínio. As portas, do tipo tesoura, abrem-se para cima e fazem do ato de entrar no carro um movimento complicado.

    Acessar o assento traseiro é difícil. E nem sonhe em carregar grandes volumes. Um diminuto bagageiro acessado pela tampa do motor a combustão comporta meros 154 litros.

    BMW i8
    Encosto dos bancos é feito com material superleve – e é mais fino que o convencional (tudo em nome da redução de peso) (Marco de Bari/Quatro Rodas)
    BMW i8
    Atrás, os assentos são quase figurantes. Não é possível fazer viagens longas com conforto. E gente com mais de 1,65 m não cabe na parte traseira (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    E todas as formas têm função. Sem radiador frontal, o duplo rim da BMW é fechado, o que favorece a aerodinâmica. Os traços na lateral direcionam o fluxo de ar na direção da traseira, terminando na parte superior das lanternas vazadas.

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    BMW i8
    Fluxo de ar na traseira termina sobre as lanternas (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O painel, apesar de ser encantador, não surpreende como o visual da carroceria. Os comandos são praticamente idênticos ao de qualquer BMW.

    A tela do multimídia iDrive não é sensível ao toque, comandada por um seletor no console. Mas o quadro de instrumentos utiliza uma tela de alta resolução que exibe os dados de consumo, regeneração de energia e relógios digitais.

    BMW i8
    O interior é mais convencional que o visual externo (Marco de Bari/Quatro Rodas)
    BMW i8
    Tela do iDrive não é touch (Marco de Bari/Quatro Rodas)
    BMW i8
    Botões no console central controlam os modos de condução (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Ao volante, o i8 não requer treinamento na Nasa, nem domínio da língua klingon – o ato de dirigir é igual ao de carros comuns da Terra. No entanto, o BMW não se deu bem com nosso asfalto lunar: é incompatível com valetas e asfalto ruim.

    Não há rivais para o híbrido no país, mas ele faz frente a Audi R8, AMG GT e Porsche 911. É até mais exclusivo: só 12 foram vendidos por aqui.

    BMW i8
    BMW utilizou jogo de luzes para destacar o design (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Avaliação do editor

    Motor e Câmbio – O trabalho combinado dos motores é feito sem trancos. Quase não se sente as trocas de marcha.

    Dirigibilidade – Gostoso de guiar em pisos lisos. Mas dá trabalho em terrenos irregulares.

    Segurança – Tem sistema de frenagem automática e alerta de colisão.

    Seu bolso – O preço proibitivo é o custo de tanta exclusividade. Nem sonhe com custo-benefício.

    Conteúdo – Bem equipado, tem câmeras 360º e multimídia completo.

    Vida a bordo – Não tem visual inovador como a carroceria, mas é muito confortável.

    Qualidade – Usa materiais de qualidade superior e acabamento esmerado.

    BMW i8
    Rodas de 20 polegadas: 215/45 na frente, 245/40 atrás (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Veredicto QUATRO RODAS

    O exótico i8 é o carro mais complexo da BMW e um dos mais interessantes do mercado. E chama mais atenção que uma Ferrari ou outro modelo com preço na casa dos seis dígitos.

    Teste de pista (com gasolina)

     
    Aceleração de 0 a 100 km/h 4,8 s
    Aceleração de 0 a 1.000 m 23,4 s – 223 km/h
    Velocidade máxima 250 km/h (dado de fábrica)
    Retomada de 40 a 80 km/h (em D) 2,1 s
    Retomada de 60 a 100 km/h (em D) 2,3 s
    Retomada de 80 a 120 km/h (em D) 2,9 s
    Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 15,9 / 26,1 / 62,6 m
    Consumo urbano 24,2 km/l
    Consumo rodoviário 31,7 km/l
    Ruído interno em Neutro / RPM máximo 53,1 / 79,1 dBA
    Ruído interno a 80 / 120 km/h 67,9 / 70,7 dBA
    Aferição: velocímetro / real 100 / 99,3 km/h
    Aferição: rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha 2.000 rpm
    Aferição: volante 2,5 voltas
    Preço R$ 799.950
    Garantia 2 anos
    Ficha Técnica
    Motor a combustão gasolina, traseiro, transversal, 3 cilindros, 12V, injeção direta, turbo, 1 499 cm3, 82 x 94,5 mm, 234 cv a 5.800 rpm, 32,6 mkgf a 3.700 rpm
    Motor elétrico 131 cv, 25,5 mkgf
    Potência combinada 365 cv
    Torque combinado 58,1 mkgf
    Câmbio automático, 6 marchas (tração traseira, gasolina); automático, duas marchas (tração dianteira, eletricidade)
    Direção elétrica, 12,3 m (diâmetro de giro)
    Suspensão duplo A (diant.), multilink (tras.)
    Freios iscos ventilados nas quatro rodas
    Pneus 215/45 R20 (frente), 245/40 R20 (atrás)
    Peso 1.485 kg
    Peso/potência 4,1 kg/cv
    Peso/torque 25,6 kg/mkgf
    Dimensões comprimento, 468,9 cm; largura, 194,2 cm; altura, 129,8 cm; entre-eixos, 280 cm; porta-malas, 154 l; tanque de combustível, 30 l

     

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