Chevrolet Onix x Chevrolet Agile
O Agile sempre se deu bem, nas vendas e com a família. Isso até aparecer o caçula Onix. Será que ele representa uma ameaça?
O Agile tem apenas três anos “de casa” na GM. Nasceu pelas mãos do design e da engenharia brasileiros e se formou no país. Chegou às ruas no fim de 2009 com novidades interessantes. Foi encarregado de estrear a nova “cara” da Chevrolet, com a grade do radiador em destaque dividida ao meio por um filete que abriga a gravatinha. Também levou aos clientes novos ares na parte interna, como o conceito de cockpit duplo, o quadro de instrumentos digital iluminado de azul e bancos mais envolventes, cobertos de tecido claro e texturizado. Por último, o hatch inaugurou a atual nomenclatura de versões, as siglas LT e LTZ – posteriormente, a LS completou a gama. Pleno de virtudes, o Agile é o último fruto de uma safra de veículos que já se aposentou, composta de Astra, Corsa, Vectra, Meriva e Zafira. Isso explica o fato de ele ter equipamentos que os novatos, e até veículos mais caros, não têm, como o sistema que abaixa os vidros quando as portas são abertas para aliviar a pressão interna. Só o Agile tem faróis com sensor crepuscular, que acendem sozinhos quando escurece, e temporizador na ilu- minação do teto. Ele conta com forração de tecido nas portas e acabamento no porta-malas, cuidados que a concorrência ignorava até então.Tanto o Agile como o Onix possuem chave com controle remoto, mas só o segundo adotou o canivete, recurso indisponível na “geração” dos anos 2000. O hatch caçula tem porta-malas com abertura elétrica, comandada pela chave, enquanto o veterano conta com uma trava mecânica. Até os pinos das portas evidenciam a diferença de gerações. Adivinhe qual tem a anacrônica trava?
O Onix compartilha sua plataforma com modelos jovens de andares superiores, como Sonic, Cobalt e Spin, e itens de acabamento usados até no Cruze. Já o rival amigo baseia-se no andar de baixo – entenda-se Celta e Classic. Como o Prisma já entrou para a história e a GM trabalha no substituto dos subcompactos, a bolsa pagaria 10 para 1 a quem apostasse na longevidade do Agile – ainda que com um possível retoque visual. É justamente seu pé no passado que torna o futuro incerto, já que a Chevrolet quer renovar seu portfólio até 2014. Mesmo com uma curta história no mercado, o hatch lançado em 2009 deverá ter sua aposentadoria acelerada com a chegada do Onix. Em sua versão mais caprichada, o novato custa o mesmo que o Agile e tem atributos de modernidade que passam distante do irmão, que não tem mais como camuflar o efeito do tempo. Recentemente, um Agile Easytronic foi apresentado, por 43 790 reais. Equipado com a transmissão automatizada usada pela Meriva, evita o trabalho de trocar as marchas, mas não é um câmbio automático legítimo. O Onix sem embreagem chega no ano que vem, tomando emprestada a caixa de seis marchas do Cruze.
Enquanto o Onix é adepto da tecnologia e da conectividade, o Agile não abandonou os botões. A central de entretenimento da novidade aboliu os comandos para se render à tela sensível ao toque. O MyLink é uma central de entretenimento e de controle que ajusta, por exemplo, as configurações de iluminação. O som tem entrada USB, porta auxiliar e toca-CD. Além disso, tem Bluetooth e função streaming, que permite ouvir músicas armazenadas no celular. O Agile tem um compartimento para rádios comuns, do tipo single DIN.
Seus motores têm a mesma capacidade volumétrica, mas há melhorias no recém-chegado. Chamado de SPE/4, é mais potente que o 1.4 Econo.Flex do Agile. São 106 contra 102 cv com etanol e 98 e 97 cv com gasolina. O torque é praticamente equivalente, de 13,9 e 13,5 mkgf, com o combustível vegetal, mas os dados de desempenho pendem positivamente para o Onix, sobretudo nas retomadas de velocidade, situação em que o lançamento mostra maior vigor. De 40 a 80 km/h, em terceira marcha, precisou de 7,3 segundos. O Agile requer 9,3 na mesma prova. Entre 80 e 120 km/h, levou quase 4 segundos a mais para completar a tarefa.
Todas as marcações de ruído pesaram contra o veterano, bem como os números de consumo. Na estrada, foram 10,9 e 9,7 km/l, a favor do Onix. Não é possível atribuir ao peso a justificativa pelos resultados, já que a diferença entre os dois é de apenas 8 kg na versão top. O Econo.Flex mostra-se mais ruidoso e áspero ao rodar, mas o isolamento acústico compensa parte do barulho extra. Contudo, proteja os ouvidos ao acionar a buzina. Parece que foi instalada na parte de dentro do carro.
Ao longo de sua vida, o Agile participou de quatro reportagens de QUATRO RODAS, além de ter sido submetido ao teste de Longa Duração, no qual foi bem-sucedido. Em seu último comparativo, de março de 2011, ficou na última colocação, atrás de Fox, Fiesta, J3 e Sandero. Assim como já foi superado pela concorrência, também não é páreo para o Onix. Significa que é uma má escolha? Não necessariamente. Bem equipado, com apenas três anos de vida e bom histórico de vendas, é fácil encontrar boas ofertas entre os usados. Se você achar um em boa forma e com preço justo, não tenha medo de fechar o negócio. Entre os novos, há opções mais interessantes. Dentro da família, até.
Chevrolet Onix DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Divide componentes com carros maiores. É confortável e transmite confiança nas manobras.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
O motor é adequado ao tamanho do carro, trabalha com menos ruído e vibração que o econo.Flex. os engates certeiros do câmbio são a cereja do bolo deste conjunto mecânico.
★★★★
CARROCERIA
Pode não despertar suspiros, mas causa boa impressão. Tem visual encorpado e linhas elegantes.
★★★☆
VIDA A BORDO
Cabine moderna e bem construída. Pode melhorar na qualidade dos materiais, mas é aconchegante.
★★★★
SEGURANÇA
Já vem com AbS e airbags de série em todas as versões. Transmite mais sensação de robustez que o Agile.
★★★★
SEU BOLSO
O onix LTz custa praticamente o mesmo que o Agile de mesma versão. Além de ser bem equipado, é novo, mais moderno e tem três anos de garantia.
★★★★
Chevrolet Agile DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Fica devendo em precisão na direção, agrada em estabilidade e supera o onix na eficiência dos freios.
★★★☆
MOTOR E CÂMBIO
Anda menos e bebe mais que o onix. o câmbio não oferece a mesma suavidade de engates que seu novo rival.
★★★☆
CARROCERIA
O estilo foi polêmico desde seu lançamento. A frente destoa das laterais e da traseira. o entre-eixos maior não resulta em um nível de espaço interno maior.
★★★
VIDA A BORDO
Beleza interior não é seu problema. espaço, porta- malas e equipamentos são seus destaques. Há fartura de porta-objetos e os bancos são fáceis de ajustar, mas deixa a desejar no acabamento.
★★★★
SEGURANÇA
Estável e equilibrado nas frenagens, passou a vir com AbS e airbags na versão LTz. A LT continua sem os freios antiblocantes.
★★★★
SEU BOLSO
O LTz agrada pela lista de equipamentos, mas os rivais são equivalentes. o risco de pegar um zero-quilômetro é levar um carro com futuro incerto na linha.
★★★
VEREDICTO
O Onix tem o triplo de garantia, é mais confortável, roda melhor, bebe menos e tem um som bacana. Com exceção do porta- malas, são equivalentes em espaço. Neste embate, o preço é quase o mesmo. Há poucas razões para levar um Agile novo e nem um tapa no visual justifica sua compra. O mercado é pequeno demais para os dois.
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