Citroën Aircross: receita brasileira
Aircross abre mão do cardápio francês e aposta em ingredientes locais para agradar ao paladar nacional. Mas o açúcar não pegou no bolo todo
A reestilização do Citroën Aircross foi preparada por chefs brasileiros, já que o país abriga um centro de estilo dedicado aos produtos nacionais. Na dianteira, os chevrons foram integrados a uma moldura na grade do radiador – o visual ficou harmônico, elegante e bem resolvido. Em compensação, a marca voltou a carregar a mão no açúcar para satisfazer a um gosto tupiniquim: o estepe pendurado do lado de fora da carroceria. Ele até agrada aos olhos, mas azeda a convivência no dia a dia. A pesada estrutura de metal que suporta o pneu extra continua incômoda – são quatro etapas a seguir para acessar o porta-malas. Além disso, a roda sobressalente de liga leve foi trocada por uma de aço, pintada de preto e coberta por uma capa plástica que esconde os parafusos – um sinal evidente de contenção de custos.
A Citroën aproveitou a renovação para rebatizar as versões: Tendance e Exclusive foram substituídas, respectivamente, por Feel e Shine. A boa notícia é que a reformulação não alterou os preços. A 1.6 Feel parte de R$ 58 990 e a top Shine, R$ 69 290 (disponibilizada sempre com câmbio automático). Outra novidade é uma inédita versão de entrada, chamada Start, sem o estepe preso na tampa do porta-malas. Ainda não há informações sobre essa opção.
Além do face-lift, o interior também foi redesenhado. Todo o painel é novo: tem saídas de ar quadradas, novos grafismos no quadro de instrumentos e tecidos exclusivos nos bancos. A versão mais cara tem um estofamento inspirado no padrão da calçada da praia de Ipanema.
Não houve mudança no motor: é o velho 1.6 de 122/115 cv conectado ao câmbio de 5 marchas. Mas a empresa voltou-se à economia de combustível para melhorar as notas do Aircross no Programa de Etiquetagem de Veículos. Isso exigiu pneus verdes e a troca da direção hidráulica pela elétrica, além um diferencial alongado em 5%. Somadas, as modificações elevaram as notas de eficiência energética: a versão manual subiu da categoria B para A e a automática, de D para B. No nosso teste, isso significou um consumo de 10 km/l na cidade e 13,5 na estrada, com gasolina.
Por dentro, painel e portas são feitos de plástico rígido e áspero. E há uma falta crônica de porta-objetos: os do console são rasos demais e muito próximos do assoalho. No painel, eles são suficientes para pendrives e moedas. Só nas portas é possível armazenar uma garrafa pequena de água.
De série, o Aircross vem com alarme e cinto de três pontos no assento do meio. Na versão Shine, uma central multimídia com tela touch migrou do topo do painel para a parte frontal. Agora fica embutida, abandonando o sistema retrátil do modelo anterior. A tecnologia integra câmera de ré e acesso à internet. Na versão Feel, é opcional, assim como o detector de obstáculos. São novidades que devem agradar aos fãs, mas insuficientes para fazer do Aircross um campeão de vendas na categoria.
AVALIAÇÃO DO EDITOR
Motor e Câmbio
O alongamento das marchas melhorou o consumo, mas deixou buracos em baixa rotação.
Dirigibilidade
Carroceria rola menos com a nova barra estabilizadora traseira. A adoção da direção com assistência elétrica fez bem ao carro.
Segurança
Na média do segmento: não tem airbags laterais ou ESP, nem como opcional. Poderia ter repetidor do pisca nos espelhos e sistema Isofix.
Seu bolso
Merece crédito por ter preservado o preço do modelo anterior. Não quer dizer que custe pouco.
Conteúdo
A substituição da tela retrátil no topo do painel por um display entre as saídas de ar foi uma grande melhoria.
Vida a bordo
Boa área envidraçada, posição elevada para dirigir e atmosfera agradável.
Qualidade
Capa do estepe vibra e há plásticos duros por toda a parte. Nenhum tecido nas portas? Incompatível com a proposta da marca. O acabamento também pode melhorar.
VEREDICTO QUATRO RODAS
As mudanças devem ser suficientes para fidelizar quem já gosta do Aircross, pois ele traz a sensação de que houve um upgrade. É um bom carro, mas há opções mais interessantes pelo mesmo preço.
ACELERAÇÃO | |
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de 0 a 100 km/h: | 14,1 s |
de 0 a 1000 m: | 35,1 s – 149,6 km/h |
VELOCIDADE MÁXIMA: | 185 km/h |
RETOMADAS | |
40 a 80 km/h (3ª marcha): | 9 s |
60 a 100 km/h (4ª marcha): | 12,8 s |
80 a 120 km/h (5ª marcha): | 22,6 s |
FRENAGENS | |
60 / 80 / 120 km/h a 0: | 17,6 / 31,9 / 73,1 m |
CONSUMO | |
Urbano: | 10 km/l |
Rodoviário: | 13,5 km/l |
RUÍDO INTERNO (dB) | |
Neutro / RPM máximo: | 38,5 / 73,1 |
80 / 120 km/h: | 61,9 / 68,2 |
AFERIÇÃO | |
Velocímetro / real | 100 / 97 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D: | 3.000 rpm |
Volante: | 3,2 voltas |
SEU BOLSO | |
Preço: | R$ 58.990 |
Garantia: | 3 anos |
Concessionárias: | 141 |
Seguro: | n/d |
Motor: | flex, diant., transversal, 4 cilindros, 1 587 cm³, 12,5:1, 78,5 x 82, 16V, 122/115 cv (etanol/gasolina) a 5 800/6 000 rpm, 16,4/15,5 mkgf a 4 000 rpm |
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Câmbio: | manual, 5 marchas, tração dianteira |
Direção: | eletro-hidráulica, 11,2 m (diâmetro de giro) |
Suspensão: | McPherson (diant.), travessa deformável (tras.) |
Freios: | disco ventilado (diant.), tambor (tras.) |
Pneus: | 205/60 R16 |
Peso: | 1.289 kg |
Peso / potência: | 10,6/11,2 kg/cv |
Peso / torque: | 78,6/83,2 kg/mkgf |
Dimensões: | comprimento, 430,7 cm; largura, 176,7 cm; altura, 174,2 cm; entre-eixos, 254,2 cm; porta-malas, 403 l; tanque de combustível, 55 l |
Equipamentos de série: | alarme, chave com controle remoto, central multimídia, vidros e travas elétricas, ar-condicionado manual, porta-luvas refrigerado, capa plástica de estepe, direção elétrica com assistência variável, banco do motorista com ajuste de altura, faróis de neblina |