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Citroën Aircross: receita brasileira

Aircross abre mão do cardápio francês e aposta em ingredientes locais para agradar ao paladar nacional. Mas o açúcar não pegou no bolo todo

Por Ulisses Cavalcante
Atualizado em 23 nov 2016, 20h30 - Publicado em 27 jan 2016, 13h19
Citroën Aircross
Reestilização foi feita pelo centro de estilo brasileiro ()

A reestilização do Citroën Aircross foi preparada por chefs brasileiros, já que o país abriga um centro de estilo dedicado aos produtos nacionais. Na dianteira, os chevrons foram integrados a uma moldura na grade do radiador – o visual ficou harmônico, elegante e bem resolvido. Em compensação, a marca voltou a carregar a mão no açúcar para satisfazer a um gosto tupiniquim: o estepe pendurado do lado de fora da carroceria. Ele até agrada aos olhos, mas azeda a convivência no dia a dia. A pesada estrutura de metal que suporta o pneu extra continua incômoda – são quatro etapas a seguir para acessar o porta-malas. Além disso, a roda sobressalente de liga leve foi trocada por uma de aço, pintada de preto e coberta por uma capa plástica que esconde os parafusos – um sinal evidente de contenção de custos.

Citroën Aircross
Por causa do estepe, é preciso cumprir quatro etapas para abrir o porta-malas ()

A Citroën aproveitou a renovação para rebatizar as versões: Tendance e Exclusive foram substituídas, respectivamente, por Feel e Shine. A boa notícia é que a reformulação não alterou os preços. A 1.6 Feel parte de R$ 58 990 e a top Shine, R$ 69 290 (disponibilizada sempre com câmbio automático). Outra novidade é uma inédita versão de entrada, chamada Start, sem o estepe preso na tampa do porta-malas. Ainda não há informações sobre essa opção.

Citroën Aircross
Chevrons estão integrados a uma moldura na grade; luzes diurnas ficam acesas o tempo todo ()

Além do face-lift, o interior também foi redesenhado. Todo o painel é novo: tem saídas de ar quadradas, novos grafismos no quadro de instrumentos e tecidos exclusivos nos bancos. A versão mais cara tem um estofamento inspirado no padrão da calçada da praia de Ipanema.

Citroën Aircross
Saídas de ar quadradas e nova tela multimídia ()

Não houve mudança no motor: é o velho 1.6 de 122/115 cv conectado ao câmbio de 5 marchas. Mas a empresa voltou-se à economia de combustível para melhorar as notas do Aircross no Programa de Etiquetagem de Veículos. Isso exigiu pneus verdes e a troca da direção hidráulica pela elétrica, além um diferencial alongado em 5%. Somadas, as modificações elevaram as notas de eficiência energética: a versão manual subiu da categoria B para A e a automática, de D para B. No nosso teste, isso significou um consumo de 10 km/l na cidade e 13,5 na estrada, com gasolina.

Citroën Aircross
Quadro de instrumentos tem novos grafismos ()

Por dentro, painel e portas são feitos de plástico rígido e áspero. E há uma falta crônica de porta-objetos: os do console são rasos demais e muito próximos do assoalho. No painel, eles são suficientes para pendrives e moedas. Só nas portas é possível armazenar uma garrafa pequena de água.

Citroën Aircross
Versão de entrada não tem estepe na traseira ()

De série, o Aircross vem com alarme e cinto de três pontos no assento do meio. Na versão Shine, uma central multimídia com tela touch migrou do topo do painel para a parte frontal. Agora fica embutida, abandonando o sistema retrátil do modelo anterior. A tecnologia integra câmera de ré e acesso à internet. Na versão Feel, é opcional, assim como o detector de obstáculos. São novidades que devem agradar aos fãs, mas insuficientes para fazer do Aircross um campeão de vendas na categoria.

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AVALIAÇÃO DO EDITOR

Motor e Câmbio

O alongamento das marchas melhorou o consumo, mas deixou buracos em baixa rotação.

Dirigibilidade

Carroceria rola menos com a nova barra estabilizadora traseira. A adoção da direção com assistência elétrica fez bem ao carro.

Segurança

Na média do segmento: não tem airbags laterais ou ESP, nem como opcional. Poderia ter repetidor do pisca nos espelhos e sistema Isofix.

Seu bolso

Merece crédito por ter preservado o preço do modelo anterior. Não quer dizer que custe pouco.

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Conteúdo

A substituição da tela retrátil no topo do painel por um display entre as saídas de ar foi uma grande melhoria.

Vida a bordo

Boa área envidraçada, posição elevada para dirigir e atmosfera agradável.

Qualidade

Capa do estepe vibra e há plásticos duros por toda a parte. Nenhum tecido nas portas? Incompatível com a proposta da marca. O acabamento também pode melhorar.

 

VEREDICTO QUATRO RODAS

As mudanças devem ser suficientes para fidelizar quem já gosta do Aircross, pois ele traz a sensação de que houve um upgrade. É um bom carro, mas há opções mais interessantes pelo mesmo preço.

Teste – Citroën Aircross
ACELERAÇÃO
de 0 a 100 km/h: 14,1 s
de 0 a 1000 m: 35,1 s – 149,6 km/h
VELOCIDADE MÁXIMA: 185 km/h
RETOMADAS
40 a 80 km/h (3ª marcha): 9 s
60 a 100 km/h (4ª marcha): 12,8 s
80 a 120 km/h (5ª marcha): 22,6 s
FRENAGENS
60 / 80 / 120 km/h a 0: 17,6 / 31,9 / 73,1 m
CONSUMO
Urbano: 10 km/l
Rodoviário: 13,5 km/l
RUÍDO INTERNO (dB)
Neutro / RPM máximo: 38,5 / 73,1
80 / 120 km/h: 61,9 / 68,2
AFERIÇÃO
Velocímetro / real 100 / 97 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: 3.000 rpm
Volante: 3,2 voltas
SEU BOLSO
Preço: R$ 58.990
Garantia: 3 anos
Concessionárias: 141
Seguro: n/d
Ficha Técnica
Motor: flex, diant., transversal, 4 cilindros, 1 587 cm³, 12,5:1, 78,5 x 82, 16V, 122/115 cv (etanol/gasolina) a 5 800/6 000 rpm, 16,4/15,5 mkgf a 4  000 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: eletro-hidráulica, 11,2 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), travessa deformável (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 205/60 R16
Peso: 1.289 kg
Peso / potência: 10,6/11,2 kg/cv
Peso / torque: 78,6/83,2 kg/mkgf
Dimensões: comprimento, 430,7 cm; largura, 176,7 cm; altura, 174,2 cm; entre-eixos, 254,2 cm; porta-malas, 403 l; tanque de combustível, 55 l
Equipamentos de série: alarme, chave com controle remoto, central multimídia, vidros e travas elétricas, ar-condicionado manual, porta-luvas refrigerado, capa plástica de estepe, direção elétrica com assistência variável, banco do motorista com ajuste de altura, faróis de neblina
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