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Citroën C3 ou Renault Stepway 1.0: qual é melhor hatch básico aventureiro?

Diferentes em estilo, motorização e equipamentos, os dois hatches são oferecidos na mesma faixa de preço. Qual é o melhor?

Por Isadora Carvalho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 mar 2023, 18h32 - Publicado em 9 mar 2023, 18h21
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  • Os dois modelos apresentados aqui são concorrentes de longa data, mas estão em momentos do ciclo de vida diferentes.

    O Citroën C3 estreou a nova geração recentemente e, além de mudar bastante em design e tecnologia, assumiu atributos de carro de entrada. Isso quer dizer que abandonou a postura de modelo premium para tornar-se mais popular – se é que ainda podemos usar essa nomenclatura num período em que os zero-km custam mais de R$ 70.000 (54 salários mínimos).

    A reestilização mais recente do Stepway é de 2019
    A reestilização mais recente do Stepway é de 2016 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Já o Stepway (que perdeu o nome Sandero, em 2019) surgiu no Brasil em 2008, ganhou uma nova geração em 2014 e desde então só passou por um facelift, em 2016. E a ausência de uma nova geração ou mudança nos últimos seis anos tem uma explicação: a Renault anunciou que ele não terá sucessor. A previsão é de que seja vendido, no máximo, até 2024.

    Um novo SUV compacto deve assumir de uma vez só o lugar de Stepway, Sandero e Logan.

    Stepway
    No console, a multimídia de 7” não é sem fio e nem ergonômica (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Mesmo assim, o Stepway alinhado  aqui é equipado com o motor flex 1.0 SCe tricilíndrico e essa configuração é nova: estreou no início de outubro de 2022 e é vendida em versão única (Zen), que custa R$ 77.990. E ela já chegou para marcar a despedida do nome e modelo Sandero, substituindo o Sandero S Edition 1.0.

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    Stepway
    Banco e volante têm ajustes de altura. Espaço para os ombros atrás é melhor (Fernando Pires/Quatro Rodas)
    Stepway
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    No caso do C3, a versão convocada foi a intermediária, Feel, também com motor 1.0 de três cilindros. Ela é R$ 3.500 mais cara, mas traz itens exclusivos, como rodas de liga leve de 15” e vidros elétricos traseiros. Os motores têm os mesmos deslocamentos (999 cm³) e número de cilindros: três. E as semelhanças param por aí.

    Sandero
    Capacidade é a maior da categoria, com 320 litros (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O Citroën usa o 1.0 Firefly, que equipa outros modelos do grupo Stellantis, como Fiat Argo e Cronos e Peugeot 208. E sua principal característica é ter duas válvulas por cilindro (seis no total), em vez de quatro, como é comum em outros motores três-cilindros e é o caso do motor 1.0 SCe do Stepway, que tem 12 válvulas.

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    Stepway
    Transmissão manual é precisa e tem cinco marchas. Chave é canivete com melhor acabamento. Central de 7” permite conexão por cabo com Apple CarPlay e Android Auto (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Esse atributo faz com que a motorização do C3 trabalhe sempre perto de 2.000 giros – oferecendo redução no consumo de combustível. E isso foi comprovado em nossa pista. O C3 1.0 é mais econômico que o Stepway. Na cidade, rodou 14,1 km/l e, na estrada, 15,8 km/l, enquanto o Renault fez, respectivamente, 13,2 km/l e 14,6 km/l (rodando com gasolina).

    Câmbio de cinco marchas tem engates pouco precisos
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    No desempenho, o Citroën levou a melhor nas acelerações: fez de 0 a 100 km/h em 16,4 segundos, contra 17,2 segundos do rival. E a explicação para isso está em pequenas diferenças a seu favor. Seu torque, ligeiramente maior, chega em um regime menor. E ele pesa um pouco menos. Enquanto o Stepway gera 10,5/10,2 kgfm a 3.500 rpm e pesa 1.061 kg, o C3 rende 10,7/10 kgfm a 3.250 rpm e pesa 1.056 kg.

    Comportamento dinâmico

    Porém, seu câmbio mais longo, com foco na economia de combustível, interferiu nas retomadas de velocidade, especialmente em ambiente rodoviário. Ele cumpriu de 80 km/h a 120 km/h em intermináveis 39,3 segundos – já o Stepway fez a mesma prova bem mais rápido em 30,5 s.

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    Stepway
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Outro contraste: era esperado que o fato de o Firefly trabalhar boa parte do tempo perto dos 2.000 rpm tornasse seu funcionamento menos ruidoso, mas na prática não é isso que acontece. Em todas as nossas provas de ruído, seu barulho invadiu mais a cabine do C3 do que o motor SCe, no Stepway. Em ponto morto, emitiu 46,1 dBA, contra 43,9 dBA e a 80 km/h, 69,9 dBA, ante 65,9 dBA do concorrente. Nas medições, existe participação dos materiais de isolamento. Mas, independentemente disso, o Firefly se mostrou mais ruidoso.

    Ao volante a experiência é tão diferente que em um primeiro contato é possível acreditar que os dois nem pertencem ao mesmo segmento.

    c3
    Vão livre do solo é de 22,1 cm, maior do que alguns SUVs do mercado (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    No Sandero, a posição de dirigir é típica de hatch compacto. O assento do motorista é mais baixo e ele senta mais próximo ao solo. Já no C3 a posição se assemelha com a de um SUV. Essa direção elevada pode não agradar a alguns mais puristas, mas facilita a visibilidade e a ergonomia.

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    O bom acerto de suspensão do Citroën (McPherson, na dianteira, e eixo de torção, na traseira,) garante uma dinâmica ímpar no segmento, resultando em uma dirigibilidade confortável e, ao mesmo tempo, esportiva (guardadas as proporções).

    C3 d
    C3 traz central de 10” e painel com visual mais jovial como destaques (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A estabilidade também é uma característica do Stepway, que é equipado com o mesmo conjunto de suspensão do rival e oferece um resultado competente ao filtrar as imperfeições do piso ao mesmo tempo que segura a carroceria nas curvas.

    C3
    Posição de dirigir no C3 é mais alta. Espaço traseiro para as pernas é generoso. (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    A pena é que, nessa configuração 1.0, o Stepway perdeu um de seus principais benefícios de seu viés aventureiro. A carroceria não é elevada em 4,5 cm como acontece com a versão com motor 1.6. Isso faz com que tenha um vão livre do solo de apenas 14 cm, enquanto o C3 tem consideráveis 22,1 cm. Possibilitando que o Citroën possa enfrentar estradas de terra e mesmo os buracos do asfalto com bem mais desenvoltura que o Stepway.

    Vida a bordo

    Ter um projeto mais novo traz benefícios ao C3, que exibe estilo mais atual e acabamento mais bem executado, graças às novas tecnologias disponíveis, com direito a uma peça plástica com textura em azul e suporte para o celular no console central, como exemplos. Embora o acabamento seja todo de plástico rígido, na unidade avaliada as peças estavam todas bem encaixadas e havia poucas rebarbas em algumas partes.

    C3 d

    A central multimídia do Citroën tem bom tamanho, 10”, e traz conexão com Apple CarPlay e Android Auto sem fio. A interação é intuitiva, mas os grafismos (contrariando as expectativas) são antiquados. Mas o que mais decepcionou no interior do C3 foi o quadro de instrumentos, que tem uma tela monocromática que mais parece um simples computador de bordo, e não há nem conta-giros. Nesse quesito, o Stepway ganha pontos por oferecer os bons e velhos mostradores analógicos que fazem mais sentido com a proposta de baixo custo da categoria.

    C3
    Porta-malas é um pouco menor, com 315 litros (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Mas a vantagem do Stepway em relação ao C3, no que diz respeito à vida a bordo, para por aí; pois o acabamento escuro e a falta de variação de texturas e materiais entrega a idade do modelo. E esse estilo simples e antiquado está presente em tudo. A central multimídia tem tela de apenas 7” e está posicionada no meio do console central, o que não facilita o uso. E o espelhamento com smartphones só acontece por cabo, sendo que a entrada USB fica na parte superior da tela, deixando o fio pendurado (o que dificulta o acesso ao console). E não há suporte para celular.

    C3
    Câmbio de cinco marchas tem engates precisos. Chave com telecomando, mas é simples demais. Central multimídia de 10” oferece conexão sem fio com celulares (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Na oferta de espaço, deu empate. Afinal, o entre-eixos do C3 é de 254 cm e do Stepway de 259 cm. Mas o espaço para pernas no Citroën é ligeiramente maior, com 97 cm na primeira fileira e 87 cm na segunda, contra, respectivamente, 96,5 cm e 85 cm, do Renault. Para compensar, o porta-malas do Stepway é ligeiramente maior, com 320 litros, e o do C3 tem 315 litros.

    De qualquer maneira, os dois modelos surpreendem por oferecer um bom espaço para passageiros e carga em um segmento que espaço é a principal deficiência. Quem procura espaço em um hatch compacto deve considerar esses dois.

    C3
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Equipamentos de série

    Mas, conforme já destacamos, o objetivo deste comparativo é eleger o compacto de entrada com o melhor custo/benefício. E, levando-se isso em conta, o C3 Feel 1.0 é o mais caro. Custa R$ 81.490. Mas consegue justificar a diferença de R$ 3.500 em relação ao Stepway (R$ 77.990), pois é mais bem equipado.

    Oferece rodas de liga leve, multimídia maior com conexão sem fio, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, monitoramento da pressão dos pneus e vidros elétricos e duas entradas USB para os passageiros traseiros.

    C3
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O Stepway traz apenas uma vantagem em conteúdo, que é oferecer quatro airbags (frontais e laterais), enquanto o C3 traz apenas os dois frontais obrigatórios.

    No conjunto da obra, o C3 ganha esse comparativo por ser mais equipado, ter motor com melhor desempenho e consumo, por oferecer uma vida a bordo mais agradável e conectada para todos os ocupantes e também pelo melhor conteúdo.

    Veredicto

    O Citroën C3 Feel 1.0 levou vantagem em praticamente todos os quesitos, em especial no consumo de combustível, conteúdo e dirigibilidade, segurança e vida a bordo.

    Ficha Técnica

    Citroën C3 Feel 1.0

    Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 6V, 999 cm³, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7/10 kgfm a 3.250 rpm
    Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
    Direção: elétrica
    Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
    Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
    Pneus: 195/65 R15
    Peso: 1.056 kg
    Dimensões: compr., 398,1 cm; larg., 173,3 cm; alt., 158,6 cm; entre-eixos, 254 cm; porta-malas, 315 l

    Renault Stepway 1.0

    Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 12V, 999 cm³, 82/79 cv a 6.300 rpm, 10,5/10,2 kgfm a 3.500 rpm
    Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
    Direção: elétrico-hidráulica
    Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
    Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
    Pneus: 185/65 R15
    Peso: 1.061 kg
    Dimensões: compr., 407 cm; larg., 173 cm; alt., 163; entre-eixos, 259 cm; porta-malas, 320 l

    Teste Comparativo Quatro Rodas

    Aceleração C3 Stepway
    0 a 100 km/h 16,4 s 17,2 s
    0 a 1.000 m 37,9 s – 132,9 km/h 38,2 s – 132,8 km/h
    Velocidade Máxima
    Retomadas
    3ª 40 a 80 km/h 9,4 s 9,8 s
    4ª 60 a 100 km/h 14,9 s 14,5 s
    5ª 80 a 120 km/h 39,3 s 30,5 s
    Frenagens
    60/80/120 km/h a 0 14/25,2/57,7 m 14,5/25,8/59,3 m
    Consumo
    Urbano 14,1 km/l 13,2 km/l
    Rodoviário 15,8 km/l 14,6 km/l
    Ruído Interno
    Neutro/RPM máx. 46,1/71,8 dBA 43,9/69,5 dBA
    80/120 km/h 69,9/73,6 dBA 65,9/72,1 dBA
    Aferição
    Velocidade real a 100 km/h 93 km/h 97 km/h
    Rotação do motor a 100 km/h em 5ª marcha 3.250 rpm
    Volante 3 voltas 2,7 voltas
    Seu bolso
    Preço R$ 81.490 R$ 77.990
    Concessionárias 122 295
    Garantia 3 anos 3 anos

    Condições de teste (c3/Stepway): altitude; 660 m; temperatura; 23,5 °C/24 °C; umidade relativa; 74%/76%; pressão atmosférica (kPA); 1.012,5 mmHg

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