Os dois sedãs aqui alinhados compartilham o mesmo motor: um quatro-cilindros 1.6 com turbo e injeção direta de gasolina de 156 cv. Uma pequena diferença no acerto da central eletrônica permite a entrega do torque máximo (25,5 mkgf em ambos) numa faixa ligeiramente menor no C 180 – a 1 200 rpm, ante 1 250 rpm no CLA. Mas o que faz a diferença em termos de powertrain é o câmbio.
O CLA, versão sedã do Classe A, utiliza uma transmissão automatizada de dupla embreagem batizada 7G DCT. No C 180, a Mercedes aplica uma caixa automática, a 7G-Tronic Plus, com conversor de torque e acionamento eletro- hidráulico. Os dois câmbios oferecem trocas sequenciais de suas sete velocidades por meio de borboletas no volante. Mas também está atrelada à transmissão uma das grandes diferenças entre os sedãs aqui reunidos: enquanto o CLA é puxado pelas rodas dianteiras, o C 180 é empurrado pelas traseiras. O CLA é um sedã, mas carrega um quê de cupê por causa do ângulo aberto das colunas A e C. A jovialidade também está nas rodas aro 18 com pneus de perfil superbaixo, 225/40. O C 180, mais clássico, roda com pneus 225/50 montados em rodas aro 17. Detalhes? De maneira alguma! O C 180 tem uma rodagem confortável, muito mais macia do que a do CLA. Neste, aliás, vale a máxima que descreve uma suspensão demasiadamente dura: “Se passar por cima de uma moeda, dá para dizer se é cara ou coroa”.
Essa distinção de personalidade entre as Classes CLA e C foi propositadamente acentuada pela Mercedes. Até o nascimento do CLA, na Alemanha, no início de 2013, os sedãs da Classe C representavam a porta de entrada da marca no mundo dos sedãs de luxo. A estratégia, então, passou a ser atuar em duas frentes: uma com ênfase no tradicionalismo (Classe C) e outra na esportividade (CLA). Na prática, isso tem muito mais a ver com o visual do que com o produto em si. Vale lembrar que, quando ainda rodava como protótipo na Europa, a nova geração da Classe C era chamada de Baby S, uma referência ao design que já remetia ao dos grandalhões sedãs da Classe S, topo de linha da Mercedes. Desde agosto deste ano, quando a nova Classe C desembarcou por aqui, vimos que os planos se concretizaram: a traseira lembra muito os Mercedes S.
O CLA mostrado nesta reportagem é um exemplar First Edition, uma série especial comemorativa dos primeiros lotes, produzidos em 2013, mas as informações tomam por base a versão de entrada, Urban, de R$ 127 900 – há ainda a Vision, de R$ 149 900, com teto solar, bancos elétricos e assistente de estacionamento. O C 180, por sua vez, tem duas versões vendidas a R$ 138 900, Avantgarde e Exclusive, que diferem por detalhes de acabamento. Tanto uma como a outra ficam, portanto, distantes R$ 11 000 dos dois CLA 200, para cima ou para baixo, em preço.
Na pista, o C 180 obteve números melhores que os do CLA 200 em quase todas as provas de desempenho e, ainda assim, se mostrou 11,6% mais econômico na cidade (12,5 ante 11,2 km/l) e 10,6% na estrada (17,8 frente 16,1 km/l). A superioridade do C 180 foi mantida nas provas de medição de ruído na cabine. Apuramos ainda um ponto que mostra que o C pertence a um nível superior: o custo de vida após a compra. Uma apólice de seguro, por exemplo, custa 23,2% mais. Apesar da base mecânica semelhante, os irmãos rivais têm custo de manutenção bem diferente. Contando os gastos com revisões até 60 000 km, o dono de um CLA gastará R$ 5 550 e o de um C 180, R$ 6 600, 18,9% a mais.
A cabine segue o tom da carroceria e é mais jovial no CLA (com difusores de ar que imitam uma turbina) e clássica no C (com console de layout sóbrio).
Com pneus mais adequados às nossas ruas, consumo moderado, dirigibilidade refinada e concepção mais moderna, o C 180 mostra que o CLA 200 não é, ao menos por enquanto, páreo para ele.
VEREDICTO
O CLA Urban é mais barato que o C 180, mas perde feio em conteúdo. Já o CLA Vision não justifica com equipamentos os R$ 11 000 que passa a custar a mais que o C. Mas isso não interessa: superior como produto, o C 180 é uma compra muito mais inteligente. Até para os mais jovens.
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