O conceito dos SUV cupês pode não ser novo, mas tem ganhado espaço nos últimos anos, primeiro pelo segmento premium e, mais recentemente, pelas marcas generalistas. O Citroën Basalt é uma tentativa de democratizar ainda mais esta carroceria. Com o preço inicial de R$ 89.990, também faz com que seja o utilitário mais barato do Brasil, título que era do Fiat Pulse até então. Mas como é dirigir o Basalt?
À primeira vista o Citroën Basalt parece um pouco desproporcional, um efeito causado pelas rodas pequenas, de 16 polegadas. Talvez pareça melhor pelas fotos. Com o tempo, essa sensação passa e o SUV cupê começa a ficar mais agradável, só que é impossível negar que está muito mais ser um sedã mais altinho do que um SUV, da mesma forma como o Fastback não esconde ser o Cronos com uma traseira diferente.
Preços do Citroën Basalt 2025:
- Citroën Basalt Feel 1.0 – R$ 89.990
- Citroën Basalt Feel 1.0 Turbo 200 – R$ 96.990
- Citroën Basalt Shine 1.0 Turbo 200 – R$ 104.990
- Citroën Basalt First Edition – R$ 107.390
Isto não é uma surpresa. Desde que as primeiras informações sobre os planos da Citroën apareceram, falava-se sobre um dos carros ser um sedã compacto. E, olhando bem para ele, parece que os designers tentaram reinterpretar o conceito clássico dos três-volumes transformando-o em um SUV cupê com espaço de sedã.
O Basalt tem identidade muito próxima do que encontramos no C3 hatch e, principalmente, no C3 Aircross. Inclusive a frente é igualzinha a do SUV, com a diferença de a seção central do para-choque ser pintada na cor da carroceria.
A diferença está da porta traseira para trás, mexendo no recorte da porta para casar com o caimento do teto mais acentuado que o dos demais modelos. Na verdade, só não é maior por conta do spoiler na tampa do porta-malas. Uma das poucas peças exclusivas e que me agradou bastante é a lanterna, com duas linhas em direção às laterais que criam um relevo bem elegante.
Um dos melhores atributos do Citroën Basalt é o espaço interno. Seus 2,64 m de entre-eixos foram bem aproveitados e há muita folga nos bancos traseiros, ficando próximo do Aircross em conforto. Até o porta-malas se beneficiou, com capacidade para 490 litros, que só não são maiores por ter um balanço traseiro curto. O comprimento total é de 4,34 m de comprimento, 4 cm a mais que o Aircross.
Não esperava nada de diferente para a cabine e a Citroën não surpreendeu. Todos os elementos são iguais então o resto da linha C-Cubed e a única diferença visual está na versão topo de linha, que recebe o inédito ar-condicionado digital, que também é o único equipamento novo. Tirando isso, segue usando bastante plástico rígido por todos os lados, inclusive nas portas, disfarçando somente a parte central do painel com um plástico de textura melhor.
Como o seu posicionamento é acima do C3, o Basalt já vem mais equipado. De série, tem quadro de instrumentos digital de 7” com conta-giros, central multimídia de 10” com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, ar-condicionado, câmera de ré, vidros e travas elétricas, rodas de liga leve de 16 polegadas e quatro airbags. Felizmente, já conta com chave canivete em vez do formato de faca do C3 e do Aircross.
Por outro lado é difícil não se decepcionar ao saber que o Basalt vendido na Índia é mais equipado que o brasileiro. Por lá, as versões mais caras do SUV cupê têm seis airbags, saída traseira para o ar-condicionado, comandos dos vidros traseiros nas portas (ao invés de ficar atrás da alavanca do freio de estacionamento) e faróis de led. Nenhum deles é oferecido nem como opcional por aqui.
Como anda o Citroën Basalt
Nosso primeiro contato com Basalt obviamente foi na versão topo de linha, equipada com motor 1.0 turbo de 130 cv a 5.750 rpm e 20,4 kgfm de torque a 1.750 rpm, combinado ao câmbio CVT de sete marchas simuladas. Acostume-se com esta motorização, pois ela ficará cada vez mais comum nos carros da Stellantis.
O motor tem bastante fôlego e a transmissão CVT feita pela Aisin mostra estar muito bem casado, sem gritar demais nas acelerações e evitando trancos. Para quem quiser mais controle, a única opção é usar a alavanca para fazer as trocas manuais, o que não é realmente necessário. Conta com um modo Sport que mexe somente no comportamento do câmbio e do acelerador, atrasando as trocas de marcha.
Este primeiro test-drive foi de apenas 200 km no total. O pequeno trecho passando pelo trânsito caótico de São Paulo mostrou que o Basalt se comporta bem na cidade, mostrando ser bem macio ao rodar e com aquele ajuste de suspensão que lembra muito os carros da Fiat, filtrando a maior parte das irregularidades do asfalto. A altura em relação ao solo, de 18 cm, ajuda bastante a passar pelos buracos e lombadas
Na estrada, o comportamento é bom até chegar aos 120 km/h, quando a altura da carroceria e a distância do solo fazem com que passe a sensação de que estamos flutuando, movendo-se para cima e para baixo. Não chega a ser mole a ponto de preocupar, mas é inegável que há mais inclinação lateral do que deveria.
Após enfrentar um período de anda e para em São Paulo e duas estradas diferentes com limite de velocidade entre 100 km/h e 120 km/h, o consumo e o computador de bordo marcava 9,8 km/l com etanol. É uma boa média, considerando que a etiqueta do Inmetro divulga 9,3 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada.
A vida a bordo é bem simples, sem nenhum assistente de condução. O quadro de instrumentos digital tem quase tudo o que podemos pedir, até mesmo um conta-giros. Estreando no Basalt, o ar-condicionado digital é bem funcional, apesar da telinha bem simples.
Dois pontos realmente me incomodaram. O primeiro é o comando dos vidros traseiros posicionado atrás do freio de estacionamento, um local bem ruim e que deixa claro que foi uma forma de economizar alguns trocados. O segundo é a central multimídia, que funciona bem até que ela decide desconectar do Android Auto e simplesmente não volta a funcionar. Isto aconteceu com carros diferentes sendo guiados por mais de um grupo de jornalistas no evento, o que significa que a Citroën precisa ver o que está acontecendo.
Mesmo que o primeiro contato tenha sido curto, ficou a sensação de que a Citroën acertou na estratégia do Basalt. Tem um preço muito agressivo, partindo de R$ 89.990 na versão Feel com o 1.0 Firefly aspirado de 75 cv, o que faz com que seja o SUV mais barato do Brasil, superando o Fiat Pulse, vendido por R$ 105.990. Mesmo a variante Feel 1.0 turbo tem um bom preço, comercializada por R$ 96.990.
Isto faz com que seja um produto mais interessante e bem posicionado do que o C3 hatch, que perde valor ao entrar em uma faixa de preço onde seus rivais são mais equipados e a versão de entrada é básica demais. O Basalt já traz um pouco mais que o básico. Se este SUV cupê será um sucesso ou não vai depender da estratégia da empresa. Seu preço competitivo precisa ser mantido por tempo o suficiente para conquistar os clientes e mostrar que este pode ser o melhor produto da linha C-Cubed e uma alternativa aos sedãs convencionais.
Versões e equipamentos do Citroën Basalt:
Citroën Basalt Feel 1.0 – R$ 89.990
Itens de série: Painel digital colorido de 7” customizável, quatro airbags (dianteiros e lanterais), central multimídia Citroën Connect Touchscreen de 10” com Android Auto e Apple Carplay sem fio com comandos no volante, câmera de ré, três entradas USB, luzes de condução diurna (DRL) com leds, seis alto-falantes, ar-condicionado, banco do motorista e volante com regulagem de altura, vidros dianteiros e traseiros elétricos com função one touch, rodas de 16” de liga-leve com pneus 205/60, travas elétricas com acionamento por telecomando da chave canivete e alarme.
Citroën Basalt Feel 1.0 Turbo 200 – R$ 96.990
Itens de série: todos os itens da versão Feel. Recebe o motor 1.0 turbo de 130 cv e o câmbio automático CVT com três modos de condução.
Citroën Basalt Shine 1.0 Turbo 200 – R$ 104.990
Itens de série: Mesmos itens da versão Feel 1.0 Turbo, adicionando ar-condicionado digital, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga-leve de 16” diamantadas, faróis de neblina, limitador e controlador de velocidade, bancos e volante com revestimento premium, encostos de cabeça traseiros laterais com abas de apoio, skidplate dianteiro e traseiro.
Opcional: Pintura bitom com teto Perla Nera
Citroën Basalt First Edition – R$ 107.390
Itens de série: Todos os equipamentos da versão Shine. Traz um pacote visual exclusivo com logotipos First Edition, faixa preta entre as lanternas, pintura Branco Nacré Perolizada (exclusiva), rodas de liga-leve de 16” escurecidas, soleiras metalizadas, pedaleiras exclusivas, tapetes exclusivos e pintura bitom com teto Perla Nera.
Ficha Técnica – Citroën Basalt Shine T200
Motor: flex, diant., transv., 3 cil. em linha, turbo, 999 cm3; 12V, 130 cv a 5.750 rpm, 20,4 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: CVT, 7 marchas simuladas, tração dianteira
Direção: elétrica, 11 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 205/60 R16
Dimensões: comprimento, 434,3 cm; largura, 182,1 cm; altura, 158,5 cm; entre-eixos, 264,5 cm; peso, 1.191 kg; porta-malas, 490 litros; tanque, 47 litros; Altura livre do solo, 18 cm
Consumo do Citroën Basalt (PBEV):
Urbano: 11,9 km/l (gasolina) / 8,3 km/l (etanol)
Estrada: 13,7 km/l (gasolina) / 9,6 km/l (etanol)